O Barquinho Cultural

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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Olha que coisa mais linda

Um mês e pouco de aulas e já há um rebento de que se orgulhar. Aprendi a tocar uma das grandes músicas da bossa nova, a Garota de Ipanema. Claro que ainda sai capengando, os dedos não encontram às vezes a corda certa na casa correspondente, mas está lá, para aperfeiçoar. Quando vi a canção no final do livro pensei: Ih, vai levar tempo até chegar aqui. Mas foi a terceira música que nos foi desafiada, depois de A Paz, de Gil, e Meninos e Meninas, da Legião. A primeira eu toquei até sair sem muito vacilo; a segunda, não consegui. Mas depois de pegar com algum desembaraço os acordes de Garota, senti-me vingado do rock do Renato Russo. E olha que são acordes com bemóis, sustenidos, sétimas e nonas, coisa sofisticada. Mas muito simples mesmo. Claro que não se iguala a João Gilberto, mas dá para reconhecer a harmonia direitinho. Só falta agora ter a coragem de pegar o violão em alguma reunião e tascar meu belo repertório de duas músicas, mas o importante não é isso, mas o fato de que estou vendo que o esforço traz resultado. Eu andava meio esquecido disso, seja porque não tenho me esforçado muito em outras áreas, seja porque não esteja vendo resultado em outras. Assim, o curso tem valido, além de tudo, como uma terapia que se vê funcionar. Porque outra que frequento não estou vendo muita coisa não. Vai ver resolve aquilo a que você se dedica com vontade, e não orientado por outros.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os sonhos não envelhecem

Peço licença a Milton, Lô e Márcio para usar esse verso de Clube da Esquina 2 no título deste texto, mas não consigo pensar em frase mais adequada para o que vivi neste sábado, 12, em Três Pontas, Minas Gerais, durante o Festival Música do Mundo, evento que reuniu dezenas de artistas e várias atividades, tudo em prol de dois de seus filhos diletos, Milton Nascimento e Wagner Tiso. Foi realmente um sonho de muitos anos que estava lá sendo realizado, qual seja, ver juntos cantando tão perto e com tanta emoção artistas que aprendi a amar há tanto tempo, e que por circunstâncias da vida ainda não tinha tido a oportunidade de ver e ouvir ao vivo. Milton eu conheci tardiamente, assim como toda a galera do Clube da Esquina, já com 19 anos, por intermédio dos amigos de sempre Paulinho e suas irmãs Cristina e Neuza. As horas passadas na casa deles ouvindo os LPs no velho 3 em 1 habitam minha memória sempre. Nunca mais deixei de ouvir Milton. Comprava todas as fitas k7 que saíam, depois os vinis, mais tarde os CDs e hoje está no MP3 e no pen drive quase toda a coleção. Faltava ver o Bituca ao vivo. E foi uma graça divina, que eu acho mesmo, que a Isabela, agora minha namorada, cruzou o meu caminho e me fez saber desse festival, ao qual eu não podia faltar. E fui. E a jornada, para mim, começou na sexta, 11, quando em uma praça da cidade assistimos a apresentações de músicos parte das atividades do festival, que começara na véspera e foi até domingo, 13. Apresentaram-se lá, Pedrinho do Cavaco, com direito a canja de Milton, a dançarina Paula Duarte e Änïmä Minas, entre outros. De repente olho para o lado e está Wagner Tiso, assim, no meio da galera assistindo aos shows. Quando me viro, vejo o próprio Milton, sentado em uma cadeira no palanque montado para as autoridades. E o curioso é que ninguém os importunava; olhares curiosos, sim, mas nada de tietagem explícita. Maravilha. No sábado, o grande dia, que começou às 15, com show de Wilson Sideral, seguido de Lô Borges, Ark 2, Toninho Horta, Ricardo Herz e o violinista francês Didier Lockwood, Ivan Lins, Marco Lobo e galera, Wagner Tiso, Tom Zé, Lenine e a entidade Milton Nascimento, que entrou já com o relógio marcando mais de 3 da manhã. Músicas daqueles tempos e de todos os tempos, dando aos fãs o que eles (nós) queríamos e gostamos. Um sonho mesmo que mantém-se jovem e cristalino. Uma vontade de cantar junto a plenos pulmões. E que Milton, sensível, captou, oferecendo à platéia o microfone para cantar junto. Não sei se há palavras suficientes para descrever o momento e a pessoa desse artista tão especial, que essa cidade ama e respeita tanto. Aliás, como escrevi no post anterior, Três Pontas respira música e ama Milton. Ouvi pessoas de todas as idades cantarem de cor canções bem antigas, que só quem acompanha mesmo a carreira e o adora pode reconhecer. Esse ouvido musical da cidade talvez explique por que tem gerado tantos artistas, esses que conhecemos e tantos outros anônimos - por enquanto, a se considerar o talento deles logo serão conhecidos além dali. Esse festival mobilizou a cidade e reuniu por baixo umas 10 mil pessoas, parecendo em alguns pontos um verdadeiro Woodstock, com seus hippies sentados em seus sarongues - ou algo parecido - coloridos. E foi perfeito, não vi nada que pudesse suscitar má organização. Conheci pessoas maravilhosas nessa cidade e nesse evento, comi coisas incríveis, como o improvável, a nós paulistas, sanduíche de pernil no pão de queijo, o frango com coqueiro - uma espécie de palmito, o cheesburguer de filé do quiosque Sandubas. Enfim, uma cidade que me cativou e que me proporcionou, além do amor de minha adorada Isabela, esses momentos raros de boa música e simpatia singulares, de que, tenho certeza, sempre me lembrarei.