O Barquinho Cultural

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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Soam como trovões



Domingo, nuvens negras ameaçadoras no céu. A tarde prometia ser molhada, como têm sido esses últimos dias em Sampa. Mas isso não me preocupou. Fui determinado ao Parque da Independência, no Ipiranga, a assistir ao show de Dianne Reeves e Buddy Guy, promovido por uma operadora de telefonia. A cantora eu não tinha ouvido, ainda mas Buddy já é velho conhecido, inclusive estive em seu clube em Chicago, o Legend's, quando viajamos aos EUA com a turma do MBA, e tive direito a autógrafo no CD Damn Right I’ve Got The Blues, comprado lá mesmo, e foto - que simplesmente sumiu, alguém da turma do MBA clicou mas não achei quem foi (se é que tiraram a foto mesmo). Dianne me surpreendeu com seu repertório (recheado de temas brasileiros) e sua voz, de registro bem extenso. Veio com um guitarrista brasileiro, Romero Lubambo, excepcional. Ela começou com uma versão em inglês de Triste, de Jobim, e em seguida cantou diversas canções com tempero brazuca, inclusive com temas de candomblé, com um suíngue contagiante. A platéia delirou muito. Muita gente bastante nova, o que surpreende e anima (nem todos gostam apenas de micaretas, enfim). Cantava junto, aplaudia, sob o sol inclemente. Durou uma hora. Intervalo, troca de equipamento. E entra Buddy. Camisa branca de bolinhas pretas, boina branca, e a Fender Stratocaster cor creme pendurada no pescoço. Na hora e pouco que ele vai tocar, a guitarra passeia por seu corpo todo; ela a toca com a barriga, com os dentes, nas costas, com o braço direito debaixo dela, com uma mão só. E como toca! O público, se foi ao delírio com Dianne, com Buddy vai ao êxtase. Um mestre, que desce e toca no meio da multidão, que joga as palhetas ao público, que canta Feels Like Rain, única vez que toca com Dianne, meio que ironizando a chuva que cai grossa, meio que mostrando que isso (a chuva) nada importa. Ponto positivo na galera: alguns abriram os guarda-chuvas, tirando a visão de quem estava atrás. Mas, após protestos, fecharam, e todos tomaram a benfazeja chuva. Guy terminou com Hendrix e Cream. Demais. Espetacular. Quem não foi perdeu.