O Barquinho Cultural

O Barquinho Cultural
Agora, o Blog por Bloga e O Barquinho Cultural são parceiros. Compartilhamento de conteúdos, colaboração mútua, dicas e trocas de figurinhas serão as vantagens
dessa sintonia. Ganham todos: criadores, leitores/ouvintes, nós e vocês. É só clicar no barquinho aí em cima que te levamos para uma viagem para o mundo cultural

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Fim de semana no interior

Fim de semana num sítio em Bragança Paulista, com Isabela e casal de amigos. Coisa diferente: mato, galinhas, galos e pintinhos, vacas, árvores, tanque com peixes. Espaireci, inebriado com a doce hospitalidade e simpatia de nossos anfitriões, seu Roberto e dona Terezinha, pais de Martinho, marido de Marcela, o casal de amigos. A cidade de Bragança é bem bonitinha. Fomos a um bar, Trairagem, onde comemos o tal peixe em iscas fritas, muito gostoso. No dia seguinte, sábado, fomos a uma cidade vizinha, Pedra Bela, onde existe, segundo os caras lá, a maior tirolesa do mundo. Um cabo de aço de 1,9 mil metros de extensão e que no ponto mais alto atinge 1,4 mil metros. Você paga na base onde termina o passeio e uma van leva ao pé de morro, onde, depois de 309 degraus, atinge-se o pico de uma pedra, onde se encontra uma simpática igrejinha. De lá se desce, em um passeio emocionante que leva menos de dois minutos. Dá um frio na barriga e um medo danado de cair, mas depois do pavor inicial é curtir a paisagem lá de cima e torcer para demorar, mas logo acaba. Depois da tirolesa, nada melhor que uma cervejinha gelada. Aí a fome aperta. De volta ao sítio, um rango muito bem feito e recebido. Domingo foi dia de beliscar tilápias pescadas na hora nos tanques, sorvendo umas cervejotas - e uma cachacinha divina -, além de queijo e uma berinjela esplêndida. E assim se foi o domingo. Foi um fim de semana diferente, muito gostoso, com contatos com pessoas novas e num ambiente muito aconchegante. Único problema foi um susto que levamos na estrada, mas nada grave, apenas um susto.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Removendo o pó

Estou encaixotando minhas coisas para a mudança, que não sei quando será, mas será em breve, espero. O interessante é pôr as mãos de novo em tantos livros já lidos e outros que nunca li - alguns comprei ou ganhei na época da faculdade e estão ali, virgens, inéditos, esperando minha boa vontade. Há livros que nem sei como chegaram às minhas mãos. É bom fazer isso, pois coloco nas minhas metas lê-los um dia. O mesmo com os discos. Tantos CDs que faz tempo que não reouço, e outros que nunca ouvi, ou ouvi apenas uma vez. Sem contar as milhares de músicas que estão no computador que um dia vou transcrever para CD. Lá está cheio de músicas que baixei e nunca ouvi sequer uma única vez. É estranho isso. A gente se esforça para conseguir uma obra dessas e ela acaba na gaveta, ou no HD, porque deixamos para usufruir em outra oportunidade e acaba esquecendo. Penso qualquer dia fazer como fez o Kubrusly na rádio Excelsior, nos anos 80. Ele pegou todos os discos da emissora, catalogou em fichas e, em um arquivo, fazia o seguinte: a cada música executada, ele colocava a respectiva ficha no final do arquivo. Assim, tinha a certeza de que a mesma música não seria tocada novamente em um período curto de tempo, prática comum nas demais emissoras até hoje. É uma ideia. Cada dia ouvir um CD, colocá-lo no final da gaveta e ouvir o próximo. Assim, em algum tempo ouço todos os discos que tenho. O problema é que quando gosto de um disco tendo a ouvi-lo dezenas de vezes até cansar. Há também DVDs que comprei, ou gravei, que até hoje não assisti. Outra oportunidade de, em casa nova, reparar essa falha. Aqui ainda posso adicionar os amigos que há tempos não vejo, os emails que não escrevi, os telefonemas que não dei. Depois reclamo da solidão... É. Essa mudança de casa tem tudo para ser mais do que uma simples mudança de casa.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Boas risadas garantidas

Assisti ao filme "Quincas Berro d'Água", dirigido por Sérgio Machado, baseado no livro de Jorge Amado "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", obra que sempre quis ler mas nunca animei, o que agora creio ganhei um excelente estímulo. Não posso, portanto, analisar a fita à luz do texto que lhe serviu de inspiração, mas o filme é muito engraçado, com atuação esplêndida do grande Paulo José no papel-título. Estão todos bem, as interpretações são, em algumas partes, exageradas, como a de Flávio Bauraqui, como Pastinha, chorão e meio bobão - inteiramente bobão, aliás. Ele chora demais, de maneira escrachada, mas acho que até que ficou bem adequado ao nonsense da situação toda. Irandhir Santos, como Cabo Martim, está muito bem, e é um ator que está se revelando e logo será mais conhecido por aí, segundo dizem os especialistas, dos quais, claro, não faço parte. Mariana Ximenes, como sempre, perfeita, encarnando uma falsa pudica, a Vanda, filha de Quincas, ou, por outra, uma pudica que em certo momento abraça a causa do pai (rs). Marieta Severo, como Manuela, falsa argentina, é séria, dramática, e sua interpretação não nega a excelente atriz que é. Há ainda os outros dois amigos do morto, Pé de Vento (Luis Miranda) e Curió (Frank Menezes) perfeitos. Ponto nebuloso para Vladimir Brichta, como o marido de Vanda, Leonardo, meio canastrão demais, mas nada que comprometa. A história é, em resumo, assim. Quincas é um beberrão convicto, amigo da mais pura esbórnia, que no dia de seu aniversário morre. Os amigos não se conformam com o ocorrido e resolvem roubar o defunto para comemorar a passagem de anos como tinham planejado. E aí as situações, os quiprocós, são inusitados. Belas imagens da baixa Salvador à noite, com os bordéis, botequins, gafieiras, terreiros, delegacias, em um clima noir e lúgubre, de grande beleza. O conflito se dá com a polícia, acionada pela filha, em busca do morto, a perseguição, a fuga, corre-corre. E nesse meio vão desfilando os tipos mais estranhos do Pelourinho, cais, baía de Todos os Santos e outras localidades que não sei identificar. Não se ri o tempo todo, mas a narrativa vai construindo as situações de maneira que a gente não se dá conta do que pode acontecer, e o final, antecipado no começo, também é inesperado. O engraçado é que o narrador é o próprio morto, que vai destilando veneno a respeito do comportamento das pessoas em volta. É meio drama também, mas no sentido de que se procura poesia na amizade grande daqueles personagens em torno do Quincas, este uma pessoa adorada pelos amigos de copo e pelas amigas de corpo. Realmente, dá vontade de ler o livro de um fôlego só. É o que farei. Quanto ao filme, nem preciso recomendar, né?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vida nova

Está frio. Ontem entreguei documentação para a construtora. Songa monga me pediu um monte de papelada e quando fui entregar soube que não era necessário tudo aquilo, porque não vou financiar. Saco, até comprei multifuncional para dar conta de tantas coisas solicitadas. Agora mais um trambolho para transportar. Se tudo der certo (e há de dar) em no máximo dois meses tenho meu apartamento novo nas mãos. Aí é fazer o acabamento, limpar e mudar. É a sete minutos - a pé! - de meu trabalho. Nunca mais viajar 33 km todos os dias, pra ir e pra voltar; trânsito, sono, rodízio tudo isso pra trás. Que sonho! Fica bem longe da família, mas nada que uma boa viajada de carro ou condução não resolva. Filha também está longe, mas ao alcance de um voo curto. As distâncias às vezes assustam, mas vencê-las é um desafio que a vida nos coloca. A namorada Isabela também mora longe, e acabo de constatar que vivo cercado de longas distâncias das pessoas que importam. Ideal seria todos ficarem perto, mas numa cidade de dimensões continentais como essa que moramos é difícil, porque os empregos, pelo menos na minha área, não abundam. Portanto optei por morar perto do trabalho, após nove anos de sacrifícios, aos quais meu corpo e paciência não toleram mais. Será estranho voltar a morar na capital, onde vivi por um breve período nos anos 70; o restante foi todo no ABC, exatamente nas três cidades que formam a sigla: Santo André, São Bernardo e São Caetano. Não sei se me acostumarei, acho que essa opção de ficar perto do ganha-pão, apesar de melhorar a qualidade de vida, dá a sensação de que a prioridade é o trabalho. Mas não é só isso. Estarei também a poucos quilômetros dos bons cinemas, teatros, casas de espetáculos, bares, restaurantes, museus. Onde eu moro hoje não tem nada disso. É tudo longe e chega fim de semana dá uma preguiça só de imaginar pegar trânsito para ir a um mero cinema de qualidade. Ou se contentar com os blockbusters do Extra Anchieta ou do Shopping ABC. Não quero maldizer São Bernardo, mas não me empolgo em sair por lá. Agora estarei em condições de poder usufruir da intensa vida cultural da cidade de São Paulo. E espero que usufrua mesmo, sem preguiça.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A caminho dos cinquenta anos

Completei 49 anos sexta-feira, 14. Agora é contar os dias para os 50, idade enigmática, meia centena, meia idade.

Envelhecer é estranho. Não me sinto um homem velho, na acepção clássica do termo. Estou bem de saúde, com o espírito tranquilo, cheio de planos, perspectivas, achando que realmente a vida começou (recomeçou) aos 40.

Estou com a filha bem encaminhada, em um relacionamento bom, com uma pessoa especial,  devo mudar de residência em breve, o que pode mudar radicalmente minha qualidade de vida. Acho que as coisas para mim este ano estão caminhando bem.

Tive uma bela festa sábado, com família, namorada, amigos, um astral muito bom (na foto, sobrinhas Simone e Shirley, meu bem querer Isabela e amigos). Recebi cumprimentos e fiquei feliz. Foi uma semana de aniversário excelente. Agradeço a todos que demonstraram carinho comigo, o que me fez sentir especialmente amado por pessoas especiais.

E tenho certeza de que esse caminho aos 50 será igualmente perfeito, pois farei o que for possível para que a estrada seja retilínea, mas, se com obstáculos, que os possa transpor sem traumas.

Adoro essa sensação, é a superação de uma fase ruim, e o início de uma plena de alegrias. Estou otimista, e quero compartilhar essa sensação com todos que puder. Quero ser um cinquentão como fui nos outros anos todos, principalmente os dos melhores períodos de minha vida, quando pude realizar plenamente todas minhas potencialidades e cresci o suficiente para estar bem agora.

Os problemas existem, claro, como para todos. Mas posso contabilizar só ganhos este ano que se encerrou sexta-feira. Conheci pessoas maravilhosas, viajei para lugares incríveis, trabalhei todos os dias, à exceção de um ou outro que uma doença sem maiores consequências me impediu, vivi bons momentos... acho que tenho alguns privilégios nesse particular, então não tenho do que reclamar, mesmo.

Estou feliz, repito, e pronto para os demais anos que vêm por aí, com certeza de que serão também bacanas, pois, do que depender de mim, o serão. Quanto aos projetos, estou elaborando ainda, mas sinto que cresce dentro de mim um entusiamo que vai me levar para caminhos que me serão importantes, creio sinceramente que a vida vai continuar a me sorrir. E as pessoas especiais que me rodeiam têm grande responsabilidade nisso.

Dois filmes

Assisti a dois filmes este fim de semana: Alice no País das Maravilhas e As Melhores Coisas do Mundo. O primeiro achei meio enfadonho, se bem que a tecnologia 3D é de tirar o fôlego, e a sala Imax no Espaço Unibanco do Shopping Bourbon é excelente, apesar de caríssima a sessão lá (R$ 34 a inteira, meia para quem é cliente Unibanco ou Itaú). Confesso que prefiro o desenho da Disney.

O segundo é um filminho adolescente, meio não apropriado para o universo meu atual. Mas foi interessante por poder comparar minha adolescência com a atual, de enormes diferenças. O filme é cheio de histórias paralelas, o que cansa um pouco, mas o desfecho é para cima, alto astral, e a gente sai com a alma lavada, o que acho ser mesmo a intenção do filme.

Mas, entre os dois, acho que preferi mesmo o prazer de degustar um enorme hambúrguer do Burger King, com 1 litro de coca (rs). Estava precisando de cometer esse sacrilégio com meu corpo. Sem culpa, contudo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Emancipação

Este fim de semana fui conhecer o apartamento onde moram minha filha e a prima dela, que estudam longe de casa e ingressaram na vida autônoma. Que lindo, quanta emoção. Ela recebendo os pais em seu novo lar, todo arrumadinho, bonitinho, fazendo café. Guiou-nos pela desconhecida - para nós - cidade, andando de ônibus e táxi por todo canto, atrás de coisas necessárias para a casa. Foi muito legal ver minha filha naquele ambiente em que ela estará vivendo pelos próximos quatro anos - creio que no mínimo. Mostrou os textos que está estudando, contou das aulas, dos trabalhos, das expectativas. Ela está feliz, e isso me deixa feliz, apesar da saudade que a distância provoca. Já é uma mocinha, e responsável, independente, ciente de seus deveres e de seus direitos também. Mas a presença dos pais fez com que retornasse um pouco aos ares de menina que estávamos acostumados. E isso foi muito bom. Dia das mães, ela toda zelosa em agradar, triste com as flores que não chegaram a tempo. Vê-la em seu ambiente deixou-me com uma sensação de orgulho, a ver como está se virando e dando conta de tocar a própria vida. Pena que o tempo estava feio, em um lugar em que o sol teima em queimar, e impediu que ela nos recebesse com o churrasco com o qual desejava nos homenagear e aos seus parentes e amigos. Mas o domingo das mães foi passado na casa de um tio dela, onde várias mães - tias, primas - se encontraram para um almoço festivo, regado a muito carneiro e outras delícias. Aos 18, eu ainda vivia com meus pais, se bem que mais na rua do que em casa, o que deixava os velhos apreensivos. Mas essa independência passava longe de mim. Comecei a trabalhar, de forma constante, só aos 19 e aos 22 entrei na faculdade. Fui sair de casa paterna somente aos 31, quando me casei. Mas aí era vida a dois, com as responsabilidades divididas. E logo fomos pais, começando essa história que tem agora esse desenrolar. Acho que, depois do que vimos, só podemos acreditar que nossa filhinha vai longe. Espero que não tão longe de nós.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Futebol é um saco

Segunda-feira é um saco. As conversas normalmente versam sobre o mesmo assunto: os jogos de futebol do fim de semana. E eu sempre boiando, porque não assisto, eu quando assisto não entendo, e se tento entender acabo gostando menos ainda desse esporte bretão que mobiliza tanta gente no mundo todo. E este ano, de Copa, será prato farto. Mas do Mundial eu até gosto, porque a gente torce para o país, a seleção síntese de todas nossas agrugas, modelo de nosso bem ou mal-estar. Gosto das crônicas de Nelson Rodrigues sobre futebol. Ele conseguia fazer o assunto parecer palatável até para quem não está acostumado à linguagem do meio, geralmente tão indecifrável quanto a da economia para quem não é do ramo. E uma coisa que ele abominava era o tal complexo de vira-lata do brasileiro, de se sentir inferiorizado diante de seleções mais bem preparadas e de países em que as condições de vida são muito melhores que as nossas. Bem, isso ficou para trás. Hoje, nossos atletas são tão bem preparados e em alguns casos pagos como de qualquer nação de Primeiro Mundo, onde, aliás, muitos deles jogam. Mas o que me deixa chateado é que isso virou uma grande fonte de recursos, dinheiro que imagino rode, vide o investimento que se faz nesses campeonatos, sejam regionais, nacionais ou internacionais. Realmente, eu prefiro ficar de fora.