O Barquinho Cultural

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quinta-feira, 29 de julho de 2010

O bem escrachado

Assisti a O Bem Amado sábado, filme de Guel Arraes baseado na obra de Dias Gomes. Como na novela, que passou nos anos 1970 na TV Globo, o roteiro baseou-se em duas peças de Dias Gomes: Zeca Diabo e O Bem-Amado. Tenho uma simpatia antiga por José Alfredo de Dias Gomes, de quem montamos, nos tempos do Tupi, teatro amador de que participei, em Santo André, a peça A Invasão. Tenho um livro com várias peças dele, e penetrar em seu universo me abriu a mente para as mazelas deste país. O filme é bom, grandes atuações do elenco, mas para quem viu a novela é inevitável as comparações. Achei o Nanini meio caricato demais, bem distante da naturalidade de Paulo Gracindo. Aliás o filme todo parece que optou pelo escracho, pelo exagero, quase pantomima. Isso não é defeito, é escolha. Como disse para minha filha, quem não teve oportunidade de ver a novela ou a minissérie tem a vantagem de não fazer a comparação. Claro que as exibições antigas são outra coisa, não dá para comparar novela com filme, assim como não dá para fazer o mesmo entre peça e filme. Mas eu gostei do filme, apesar de achar um tanto arrastado às vezes, muito centrado no núcleo do Odorico e com poucas cenas paralelas. Acho que se se explorasse um pouco mais os outros núcleos o filme ganharia em agilidade. Por exemplo: o "romance" entre a filha de Odorico, Violeta, e Neco, interpretados por Maria Flor e Caio Blat, poderia ser mais abordado. Senti que ficou vazio, não gerou o conflito que seria de esperar. O personagem de Tonico Pereira, Vladimir, dono do jornal A Trombeta, ficou por demais caricato, o mesmo a dizer das irmãs Cajazeiras, muito bem levadas por Zezé Polessa, Drica Moraes e Andréa Beltrão, que na novela eram mais sutis. Dou o desconto de que, no curto espaço de um filme, fica difícil explorar melhor a complexidade de todos os personagens e que talvez o caricato foi opção para fazer um filme engraçado sem muito compromisso com as entrelinhas do texto de Dias Gomes. O filme ainda busca relacionar o enredo da trama com acontecimentos do país, como o golpe de 64 e depois a luta pelas Diretas, em 84. Ficou meio estranho, parece que só serviu para mostrar que o jornalista Neco (Blat) seguiu na profissão. O Dirceu Borboleta de Matheus Nachtergaele está impagável, mas bem distante do vivido na telinha por Emiliano Queiroz; só uma obervação importante: em nenhum momento ele é mostrado caçando suas borboletas, e sua consciência política é mais ressaltada no filme do que na novela, em que, ao que me lembro, ele é bem mais ingênuo e totalmente subserviente. O Zeca Diabo de José Wilker está irretocável, e é uma atuação que não lembra a de Lima Duarte, no que em minha opinião lhe rende muitos pontos em originalidade. Enfim, o filme, apesar de fiel na maior parte do tempo aos textos de Gomes, consegue se distanciar da novela, o que é muito bom. E, outro ponto a favor, mantém o tom político, sem proselitismo, que o autor imprimiu, atualizando e contextualizando, se bem que de uma forma ligeira sem aprofundamento, talvez para alcançar um público bem maior.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Paulistano

Estou na capital, depois de quase 50 anos no ABC, com curto período anterior em que morei no Ipiranga. Acho que não regressarei, pelo menos o que me motivou a ir morar em São Paulo prossegue. Nada é definitivo, claro, mas vir morar bem perto do trabalho foi uma decisão refletida, que veio da reclamação do corpo em se deslocar todos os dias úteis mais de 70 quilômetros. Agora estou alojado um pouco mais perto, mas ainda não no meu endereço definitivo aqui em Sampa, que este será resolvido em  poucos meses, espero. Estou perto do metrô, o que implica não precisar do carro para ir ao trabalho. Ainda não o utilizei, servindo-me do meu veículo mesmo, mas é minha intenção mudar de meio de transporte, porque o trânsito mesmo não anima. Se bem que no horário de pico a estação da Sé vira um formigueiro, mas, como é minha volta para casa, tudo bem esperar passar uns três ou quatro carros antes de embarcar. Ou encarar o aperto. Este próximo será meu primeiro final de semana que poderei curtir a capital. Pegar o metrô, descer na Paulista e curtir um cineminha, ver as novidades na Fnac, tomar um chopinho no Frevo, ou comer um bauru no Ponto Chic, quem saber ir finalmente ver as obras no Masp (vergonha, nunca fui). A cidade é bonita e sem a dependência do carro ela fica mais acessível. Pretendo usufruir. Quem quiser vir comigo ou convidar será bem-vindo.