O Barquinho Cultural

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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sinais de esperança

Acabei de ler Sinais de Esperança,  de Alejandro Bullón, uma obra adventista a mim dada pelo sobrinho de minha irmã (por parte do meu cunhado). É um livro que trata de provar que tudo o que vem acontecendo nos dias de hoje - intempéries, violência, problemas mentais, desamor - são sinais de que a vinda de Cristo está próxima. A cada capítulo ele termina com uma pergunta e a afirmação de que a resposta é somente sua. Claro, por tratar-se de uma obra ligada a uma igreja, é óbvio que a finalidade é evangelizadora. Não gostei do estilo, achei vagas as justificativas e não me responde a minha questão inicial: por que estamos aqui e por que temos que morrer - muitas vezes com sofrimento - para ter uma vida eterna de ventura. Por isso estou fazendo os estudos bíblicos com esse rapaz. Espero tê-las ou ao menos alguma luz em minhas dúvidas. Quem sabe a fé me leve a certo conforto com relação a isso. Vamos ver. Mas até o momento não decidi me converter, não é essa minha intenção. Acho as regras das igrejas meio castradoras.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Militância

Fui a um comício do PT sábado em Mauá. Fazia tempo não participava de um. Veio à lembrança, claro, meus tempos de militância, quando saía da faculdade e corria para o núcleo do partido de meu bairro, em Santo André, onde organizávamos a campanha. Isso foi em 1982, há muito tempo. Éramos, a maioria, estreantes na atividade política e muito românticos em nossa atuação. Nossos recursos eram escassos. Lembro que, para fazer santinhos, tínhamos uma espécie de carimbo com os  nomes dos candidatos. Carimbávamos folhas de papel e distribuíamos nas feiras e de casa em casa. Para pintar muros, a gente tinha o Hércules, rapaz de grande talento e excelente traço, que fazia cartazes e pinturas diferentes nos muros, todos com autorização dos donos. Lula concorria ao governo do Estado. Ficou em terceiro lugar, sendo eleito Franco Montoro, com Orestes Quércia de vice. Mas emplacamos o Fernando Galvanese como vereador, aliás, duas vezes, mas na segunda ele foi ser secretário de Saúde de Celso Daniel. Naquela eleição, o voto era vinculado, ou seja, o eleitor tinha que escolher todos os candidatos do mesmo partido, o que dificultava as coligações. Ainda não se votava para presidente nem para prefeito de capitais e outros municípios estratégicos. Ainda havia ditadura e a gente às vezes tinha que correr da polícia, porque atividades como panfletagem, pintura de muros, colagem de cartazes eras proibidas. Mesmo assim a gente dava um jeito, e fazíamos as atividades à noite. Por isso saía da faculdade e ia à luta. Fui a muitos outros comícios nessa minha militância. Mas este me surpreendeu pela qualidade do material. É, em 30 anos o partido cresceu, é governo há dois mandatos, governa inúmeras cidades e alguns Estados, e o dinheiro pelo jeito está farto. Um dos amigos da época da primeira campanha hoje é candidato a deputado estadual, o Carlos Grana, que, por uma dessas coisas do destino, fazia na peça A Invasão, que montamos com o grupo Tupi em 1981, o papel de um deputado, mas, na peça, um grande sacana aproveitador e corrupto. Grana não será como ele, sem dúvida. Foi bom ter ido ao comício, e até me dá vontade de militar novamente, entregar panfleto, falar com as pessoas. Vamos ver se me animo a fazer isso.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

De volta à carteira escolar

Resolvi voltar a estudar. Na verdade, essa decisão não é de agora. Tentei três vezes ser aceito como aluno especial no mestrado da USP, mas não consegui. Agora, me matriculei no curso O Pensamento Econômico: Conceitos e Evolução Histórica, na Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), ligada à Faculdade de Administração, Economia e Ciências Contábeis da mesma USP; é um curso rápido, de duas semanas, mas servirá para um melhor embasamento intelectual que me permitirá elaborar um bom projeto para nova tentativa no mestrado. Tenho interesse no jornalismo econômico, a base do noticiário onde trabalho. Estou motivado a fazer o mestrado, porque quero futuramente ingressar em uma carreira acadêmica, e acho que vou gostar e me dar  bem nessa atividade.

O jornalão deu hoje em manchete que o Serra acusou o PT de tentar intimidar e manipular a imprensa. Referia-se a seminários organizados pelo partido sobre comunicação e direitos humanos e por pontos inseridos no programa de Dilma que depois foram retirados, além de um projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo. A falação do candidato tucano foi feita em evento da Associação Nacional de Jornais. Não entendo por que isso deu manchete. Quer dizer, entendo perfeitamente. Mas me causa entranheza, pois a petista também estava no evento e não foi dada uma linha à sua participação. Claro, ouviram-na a respeito das falas do Serra. Entendo que, por tratar-se de algo que, em seu entender, o partido almeja, ou seja, o controle dos meios de comunicação, mas não exerce nem tem-se notícias de que queira implementar não valeria manchete. Até porque ele não falou nada de novo, esse assunto vem sendo explorado pela imprensa há meses. Então. por que tanto destaque? Para piorar o jornalão deu em  um quadro na mesma matéria que está sob censura há 300 e tantos dias. Quem não está ao par do assunto pode fazer a associação e imaginar que o governo censura o jornalão. Lamentável.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fim de semana tranquilo

Não fui ao Rio nem assisti a A Origem. Fui ao cinema, em São Paulo mesmo, mas vi Reflexões de Um Liquidificador, de André Klotzel, diretor do ótimo A Marvada Carne. Reflexões é um filme policial com tons de humor negro, em que o eletrodoméstico cria vida e passa a dialogar com a dona de casa Elvira, papel de Ana Lúcia Torre. A voz do liquidificador é de Selton Mello, que tece reflexões, como diz o título, a respeito da vida e dos homens e, apesar do absurdo, torna-se confidente da dona da casa, que o chama de caco velho, por ser um liquidificador bem antigo. Logo de cara reparei que minha mãe teve um daquele, há muito tempo. O filme é muito bom, se bem que meio arrastado às vezes. Antes, teve um curta sobre um repentista chamado Divino, que proclama seus versos velozmente e nem dá para entender tudo o que ele fala. O filme é o seguinte. Elvira vai na polícia dar queixa do desaparecimento do marido Onofre (Germano Haiut). Ela sai de lá como principal suspeita, sendo perseguida pelo investigador Fuinha (Aramis Trindade). O filme então se desenrola nas reflexões do liquidificador, seus diálogos com Elvira, a visita da vizinha (Fabiula Nascimento, de Estômago, e na investidas de Fuinha, crente de que ela assassinou o marido. Depois da ida à delegacia, o filme faz um flash back para mostrar os antecedentes do desaparecimento. O liquidificador, que seria vendido pelo marido, escapa da troca de lar e comete uma inconfidência: conta que viu o mar e, aí, nasce a dúvida na cabeça de Elvira, que estava estranhando o excesso de horas extras diurnas do marido vigia noturno. Ela descobre, então, que Onofre tem uma amante, a Gorete Milagres (aquela atriz que fazia Oh Coitado na televisão, no papel de uma empregada doméstica). O desfecho é surpreendente, mas não de todo imprevisível. É uma boa diversão, pena que está apenas em uma sala, no Espaço Unibanco da rua Augusta.

Falar em rua Augusta, este sábado resolvi fazer o que tinha resolvido: andar pela avenida Paulista. Desci do metrô na Brigadeiro e fui à Fnac, olhar livros. CDs e DVDs, um ótimo passatempo. Acabei não comprando nada, porque tenho muitos livros em casa sem  ler e quero pôr tudo em dia. Discos e filmes também não estou muito a fim de comprar não, apesar de ter me encantado por uma caixa com a série completa de O Poderoso Chefão, que eu gosto muito. Quem sabe um dia... Também me interessei por Meu Tempo É Agora, um documentário sobre o Paulinho da Viola, que não vi quando estava nos cinemas. Também posso resolver levar algum dia. Quanto a CDs, tirando a reedição dos Beatles, não vi nada que me interessasse.

Antes do cinema, desci até a lanchonete Estadão e comi uma ótima feijoada, nada melhor nesse frio que um prato bem gordo como esse. Estava uma delícia, tracei tudo, não sobrando nada. Fazia muito tempo que não comia no Estadão, que era onde fazia meu lanche quando trabalhava no Diário Popular, de 1989 a 1996. Depois do filme, fui para casa e passei o resto da noite embrulhado em edredon e vendo TV, tomando vinho e comendo queijos. No domingo, acordei tarde, às 14h. Fui depois para a casa de minha irmã mais velha, Vilma, e a acompanhei, junto com a mais nova, Sonia, à igreja adventista. Foi legal, é um ambiente onde a gente se sente muito bem e ouve uma pregação que faz refletir sobre as coisas da vida. Foi um fim de semana tranquilo, que faz com que a semana role na boa, é o que espero.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Cotidiano, que chatice

Tive um péssimo dia de sono anteontem. Fui dormir às 10h, mas às 13h perdi o sono e fui para a sala ver TV. Vi até Malhação e depois dormi, só acordando às 20h para desligar o despertador do rádio-relógio e voltar a dormir. Aí acordei mais de meia-noite, atrasado para o trabalho. Me vesti e penteei de qualquer jeito e fui para a agência. Tive sono durante o trabalho. Ontem foi diferente. Dormi das 10h às 23h30, com algumas interrupções (celular, perda de sono), mas passei a noite bem, com algum sono. Teve pizza pelo aniversário de Beto (explico, sempre que há aniversário de alguém da equipe, nos cotizamos e compramos pizza, é o pizzalelê).

Vocês viram: outro acidente com avião, desta vez um táxi aéreo que ia levar Xuxa para o Recife tem problemas e cai no mar perto do aeroporto Santos Dumont. Ainda bem que caiu na água, nenhum dos três ocupantes se feriu e a Xuxa não estava nele (ia ser pega no Galeão). É impressionante como tem havido acidentes de avião. Só este blog já relatou uns cinco, acho. É muito. Dá para ter medo de pegar um voo, mas eu por enquanto não estou com paranoia. Melhor. Mas fico com receio, sempre. Estou morando perto de Congonhas, e passa avião toda hora sobre minha cabeça. Fico sempre lembrando do acidente da TAM e de outros em plena cidade. A Globo está dando muita importância a essa queda do LearJet, talvez por ser o que ia transportar a Xuxa, ou então querem questionar a segurança do aeroporto.

Neste fim de semana devo ir assistir A Origem, que parece estar sendo muito bem recebido pela crítica. Vou porque meu terapeuta disse que vale a pena, tem uns questionamentos sobre a mente e sei lá, vamos ver. Depois conto como foi. Ou então vou ao Rio, onde terá chope com os leitores do blog Homem é Tudo Palhaço, de Roberta Carvalho, Ana Paula Mattos e Nara Franco, do Rio. As meninas escreveram um livro baseado no blog e estão bombando, já foram no Jô, na Ana Maria Braga e em várias publicações. Estão ficando conhecidas em nível nacional, o que me deixa feliz, porque elas merecem, o site é muito divertido. Sei lá, até o meio da tarde decido o que fazer,

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Uma noite em 67

O filme Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, que assisti neste sábado, tem a grata qualidade de trazer na íntegra a execução dos cinco primeiros colocados no Festival da Música Popular Brasileira, levado pela TV Record em 21 de outubro de 1967, além do destempero de Sérgio Ricardo, que arrebentou seu violão e o jogou para a plateia por não resistir às vaias ininterruptas que levou enquanto tentava defender sua canção. Eu vi essas apresentações inúmeras vezes desde o ano de sua aparição, mas nunca tinha visto todas em sua totalidade. O filme resgata essas apresentações, além de entrevistas da época e atuais. É muito interessante ver a sinceridade dos compositores e intérpretes ao puxar da memória o evento e até, em alguns casos, dar pouca importância a ele. As canções são, pela ordem crescente de classificação, Maria Carnaval e Cinzas, de Luiz Carlos Paraná, defendida por Roberto Carlos; Roda Viva, de Chico Buarque, com ele e MPB4; Alegria Alegria, de Caetano Veloso, por ele mesmo e Beat Boys; Domingo no Parque, de e com Gilberto Gil e Mutantes; e Ponteio, de Edu Lobo e Capinam, com Edu e Maria Medalha. Eu li muito sobre os festivais, e o filme veio adicionar, além das exibições na íntegra, os depoimentos de seus principais participantes que de certa forma tentam desmistificar a importância daquilo. Caramba: os festivais foram, em certa medida, uma tomada de posição, um grito em um tempo em que a ditadura estava brava, e viria a engrossar ainda mais menos de um ano depois. Havia canções ingênuas, sim, havia, mas ali certas posturas eram um claro confronto ao regime, mesmo que não fosse essa a intenção. Mas eu cresci considerando os festivais - e este em particular ficou mais explícito - uma baforada de oxigênio novo sobre o que existia, um divisor de águas, e isso se percebe na richa que houve entre os defensores de uma MPB pura (sem guitarras, ou seja, anti-ianque) e os que buscavam novas linguagens, uma reformulação na música brasileira, com a aglutinação do que havia lá fora e o nascimento de uma coisa diferente - o que o Tropicalismo, que ali nasceu, faria depois. De qualquer forma estava tudo ali. Eu gosto muito de Roda Viva, acho uma obra-prima do Chico, mas ganhou Ponteio, que não deixa de ser uma bela canção. É um excelente documentário que com certeza eu pretendo ter quando sair em DVD.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Despejo na favela

Hoje comemora-se o centenário de nascimento de Adoniram Barbosa, nome artístico de João Rubinato, que nasceu em Valinhos (SP) e morreu em 23 de novembro de 1982 em São Paulo. Tenho uma história singela com esse grande compositor e cronista da cidade de São Paulo. Em 1982, quando montamos a peça A Invasão, de Dias Gomes, precisávamos de uma música para tocar em um dos momentos chave da obra. Joãozinho sugeriu Súplica Cearense, mas não conseguimos encontrar o disco (naquele tempo o mp3 era coisa de filme futurista). Então o Tim, do grupo Forja (grupo de teatro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema), veio com Despejo na Favela, de Adoniram. Fui atrás e encontrei um LP homenagem, e a música era interpretada por ele e por Gonzaguinha (um de nossos ícones, qualquer dia falo do show que ele fez em São Bernardo contratado pela Associação de Compras Comunitárias do ABC). A canção ilustrou as cenas finais da peça, quando os invasores de um prédio do governo são expulsos pela polícia. Ela serviu direitinho. Melhor reproduzir a letra do que escrever qualquer coisa. Só digo que, se já gostava dele, fiquei mais vidrado depois de ouvir todas aquelas canções tão simples e tão complexas. Adoniram foi um grande poeta dos desvalidos, do amor puro, do cotidiano. Vai a letra:
Quando o oficial de Justiça chegou
Lá na favela
E contra o seu desejo
Entregou pra seu Narciso
Um aviso, uma ordem de despejo
Assinada "Seu Doutor"
Assim dizia a petição:
"Dentro de dez dias quero a favela vazia
E os barracos todos no chão"
É uma ordem superior
ô, ô, ô, ô, meu senhor
É uma ordem superior
Não tem nada não, seu doutor
Não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do trator
Pra mim não tem problema
Em qualquer canto eu me arrume
De qualquer jeito eu me ajeito
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trás
Mas essa gente aí
Como é que faz?
ô, ô, ô, ô, meu senhor
Essa gente aí
Como é que faz?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A inépcia do Inep

Erro dos mais grosseiros esse do vazamento dos dados de 12 milhões de estudantes que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos últimos três anos. Minha filha prestou o exame, e não gosto de pensar que dados dela andaram por aí nas mãos de sabe-se lá quem. O aplicador do teste, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), admitiu que o sistema tem fragilidades, corroborando sua inépcia para tratar do certame, que já deu trabalho no começo do ano ao vazar o gabarito das provas. Realmente, a educação não é levada a sério neste País.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os garotos de Liverpool

Vi no cine Reserva Cultural, onde assisti a A Flor do Deserto (post abaixo), trailer do filme O Garoto de Liverpool, uma cinebiografia de John Lennon, com estreia prevista aqui em 1º de outubro. Vou assistir, com certeza, mesmo que não se revele um bom filme. Desde Os Cinco Rapazes de Liverpool (Backbeat, 1994) e Imagine (idem, 1988) não via no cinema algo sobre os Fab Four, minha banda preferida e ponto final. Os Cinco trata dos primeiros anos dos Beatles, ainda sem Ringo, com Pete Best na batera e Stu Stucliff no baixo, e para exatamente quando o grupo experimenta o primeiro sucesso. Imagine é um filme em homenagem a Lennon. Tem bastante cenas históricas, mas se concentra na carreira solo dele e se encerra, claro, com seu assassinato. Espero que esse novo filme seja mais completo e dê mais informações sobre a carreira da banda. Eu estava com 19 anos quando Mark Chapman matou Lennon, conversava com a amiga Cristina no saguão da igreja de meu bairro quando não me lembro quem falou da morte dele. Naquela época, apesar de gostar dos Beatles - uma paixão cultivada já na infância -, estava meio assim com a música estrangeira, influência do padre antiamericano, e não tinha nada de Beatles nem de nenhum de seus membros. Mas o rádio tocava toda hora músicas do disco Double Fantasy, último de Lennon e o primeiro após autorreclusão de cinco anos. Eu gostei muito das principais músicas do álbum, em especial de Woman e (Just Like) Starting Over. Anos depois fui ver Imagine, já com todos os discos da banda comprados. O filme é muito bom, um documentário bem interessante. Mas o melhor mesmo é The Complete Beatles, que achava o  máximo até conhecer Anthology, uma coleção de três CDs duplos e oito fitas de vídeo (depois seis DVDs) que passou na Globo e aos quais eu gravei - depois comprei os DVDs, claro. Ali está um material realmente inédito, mas não completo, porque sempre haverá algo mais a ser lançado. Minha relação com os Beatles é de idolatria pura, sem nenhum ranço de crítica. Ouços as músicas deles o tempo todo, comprei dois exemplares da nova edição de seus discos oficiais (acho que vou comprar todos, sei lá). Leio e vejo o que posso sobre e fui ao show do Paul McCartney no Maracanã em 1990. Não sou um beatlemaníaco fanático, portanto não faço loucuras, mas acho que gosto da banda pela qualidade de seu trabalho, pela musicalidade e pela beleza das melodias. Espero que o filme faça justiça à grande pessoa que foi Lennon.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Flor do Deserto

Assisti ao filme Flor do Deserto (Desert Flower), de Sherry Horman, baseado em livro da somali Waris Dirie, e sobre sua trajetória e luta. Muito bem interpretado pela atriz e modelo de origem etíope Liya Kebede, o filme comove ao mostrar a vida e depois a batalha de Waris contra a mutilação genital de meninas, um traço da cultura de seu povo. Nisso reside boa parte do diferencial da fita, que não se resume a, à la Hollywood, contar a trajetória de uma africana pobre que conseguiu vencer na vida,  tornando-se top model.

Não. O livro (eu não o li, mas presumo baseado no filme) ela escreveu para denunciar essa atrocidade cometida contra as meninas de seu país, quer por cultura ou por religião, e acabou tornando-se embaixadora honorária da ONU para essa causa. O filme é muito bom e joga luzes a essa questão que a gente só ouve falar de vez em quando e atribui à ignorância de certos povos.

Segundo informa o site da Fundação Waris Dirie, cerca de 150 milhões de meninas sofrem esta mutilação no mundo, em todos os continentes. O importante é que o filme traz essa realidade a nós em um material de grande qualidade. A intérprete de Waris adulta, Liya, tem uma atuação perfeita, em todos os aspectos, e guarda alguma semelhança da somali (foto).

É importante destacar que a questão da mutilação genital é levantada pela própria Waris, que, em entrevista à Marie Claire londrina, diz que cansou de contar a história da retirante que saiu do deserto para as passarelas e capas da principais revistas. Não, ela quer falar da circuncisão que sofrem as meninas em seu país e a história, segundo o filme, comove a editora da revista. Pena que o filme termine aí, sem explorar a luta dela contra tal hábito. Mas não compromete a obra, que leva à vontade de conhecer melhor Waris. Pena que o livro está esgotado.

P.S. A propósito do tema, causa indignação também o caso da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento em seu país por ter cometido adultério. O meio, além de absurdo, é cruel. As mulheres são enterradas até o busto e homens atiram pedras pequenas, para que ela não morra logo e tenha seu sofrimento prolongado. Os homens são enterrados até a cintura e ficam com os braços livres para poderem se defender. Por que essa diferenciação? Casos da Somália e do Irã, além de muitos outros mais, mostram o quanto a mulher é desrespeitada e desvalorizada por esse mundo afora.

Assista ao filme: