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sábado, 24 de março de 2018

Alê Vianna faz crônicas da cidade em seu primeiro trabalho solo, “Graxa”


Músico apresenta disco neste sábado, 24, no Sesc Belenzinho, com participações de Zé Geraldo e Bruno Kayapy

Alê homenageia trabalhador da arte no primeiro disco; Foto: Felipe Cretella
O músico paulistano Alê Vianna, integrante da banda Mojito Experience, com 15 anos de estrada, resolveu entrar de cabeça na carreira individual e lança seu primeiro trabalho solo, “Graxa”, com o qual busca um caminho mais profissional. No disco, a ser lançado em breve nas plataformas digitais, Alê canta temas variados, em alguns momentos falando de amor, em outros de política, mas em essência trazendo crônicas da cidade de São Paulo, seus personagens, suas histórias. O título do disco refere-se ao trabalhador da arte. “É um trabalhador falando sobre diversos temas”, define.

O Mojito, conta, foi formado em 2002, quando estudava Publicidade e Propaganda no Mackenzie, no começo como uma brincadeira, “que foi ficando cada vez mais séria”. O primeiro EP da banda só veio em 2012, “Descendo a Augusta”, e desde então vem gravando um disco a cada dois anos – depois vieram “DemoRito” e “DemoRoll” e agora, no início do ano, “Vivo em Sampa”. Alê passou a trabalhar como técnico de som, atuando com vários músicos, e sempre compondo. “Como na banda somos cinco, sempre sobrava muito material, que resolvi juntar e lançar em um trabalho solo”, explica. Ele acrescenta que decidiu seguir em frente porque os companheiros de banda têm outras profissões e acabam não podendo se dedicar integralmente ao projeto.

O disco é totalmente independente, autoral, produzido com o apoio de muita gente. “Gravamos com a ajuda de outros técnicos, os músicos também cederam seu talento investindo no projeto, muitas vezes sem receber. Estamos fazendo o trabalho de uma maneira artesanal, eu mesmo fiz a parte de gráfica, de arte, fotografia, vídeo, edição, mixagem, masterização, sem apoio de gravadora, sem financiamento de projeto cultural, um disco independente mesmo”, define.

As 12 músicas do disco seguem o caminho do Mojito, “um trabalho pop-rock, sob influência das bandas dos anos 90, como O Rappa, Gabriel O Pensador; do rock nacional, como Paralamas, Titãs, e da galera da MPB, como Gilberto Gil, Novos Baianos…”, adianta. Entre as colaborações na produção de ”Graxa” ele destaca Flávio Decaroli, “um baita de um técnico, sócio do Mingau, do Utraje a Rigor, que também deu uma força, gravou o baixo, gravamos no estúdio deles; a bateria quem gravou foi o Mário Fabre, atual batera do Titãs, enfim, um time bem de peso, o disco tem uma roupagem bem rock and roll”. A direção musical é do Fernando Kabello, que também, colaborou nos arranjos.

Como cronista da cidade de São Paulo, ele vê a cidade como um fenômeno. “Por sua dimensão, ela proporciona muitos encontros, e desses encontros tiro a inspiração para fazer as minhas músicas, a gente vive numa cidade que é feita por pessoas que vieram de fora desde sempre e isso enriquece, não precisa ir para fora para ter contato com diversas culturas”, conta. “Nos anos 90, 2000, frequentei muito forró, tive contato com essa música, contato com diversas pessoas diferentes andando no metrô, diversas histórias, de casais, personagens, muitas músicas que falam de minha própria experiência. A cidade como esse porto: tem músicas como ‘Sinais’, parceira com Tadeu Renato, dramaturgo, feita para uma peça de teatro, em que falam sobre a construção da cidade de São Paulo. Ela tem uma cadência que lembra o fado, faz referência a outros ritmos, para dar um tempero e contar essas histórias.”

O cantor e compositor Zé Geraldo divide os vocais na faixa “Cumpadi” (assista ao make of abaixo), na qual ainda colaborou com um poema que fecha a canção. Alê conta que trabalha há seis anos com Zé Geraldo, como técnico de som, viajando pelo país, e acabaram criando laços e sendo amigos. “Durante muito tempo tive vergonha de mostras minhas músicas para ele e de um tempo para cá estreitamos os laços, mostrei as músicas para ele, que gostou, e surgiu a ideia de convidá-lo para cantar na música ‘Cumpadi’, que é uma música bem humorada, de amor, que achei que tinha a cara do Zé, é tipo um ‘Xote das Meninas’ (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) versão masculina: o cara não sabe o que está se passando com ele, fala com o compadre, que sugere que ele vá ao doutor, que diz que isso aí é amor”, afirma.




O guitarrista Bruno Kayapy, do Macaco Bong (banda de Cuiabá), toca na faixa “Bota Fogo”. “No ano passado, soube que a banda estava com um espaço em SP chamado Pico do Macaco, eles estavam organizando show cases, a gente inscrevia a banda por meio de uma planilha, escolhia a data, levava seu público, cobrava quanto quisesse, e marcamos um show do Mojito lá. Aí conheci o Bruno, começamos a trabalhar juntos, comecei a fazer a produção do Macaco Bong e convidei o Bruno para gravar  uma faixa, a ‘Bota Fogo’, que fiz durante as manifestações de 2013”, lembra.

“Um dia invadiram o Congresso em Brasília, e eu estava lá fazendo um show com o Zé na época da Copa da Confederações e lembro do Datena gritando quando tiveram as manifestações 'seus vagabundos' e fiz um refrão que diz 'prende o vagabundo, bota fogo no Congresso, sobe a audiência da TV' e o Bruno colocou a guitarra nesse som, que fala sobre o direito de se manifestar, de todo mundo falar o que pensa… Ela também é um apelo para a gente olhar um pouco mais o meio ambiente, a natureza, o ser humano conviver melhor entre eles, talvez a música mais política do disco”, acrescenta.

A respeito do momento politico atual, Alê enxerga “um cenário muito triste”. “A classe política pensa só nos próprios interesses, a gente sofreu um golpe muito duro, tirar uma presidente que foi eleita pelo voto, por um Congresso que a cada dia que passa demonstra que os interesses são sempre ligados ao capital, aos interesses individuais, das empresas, nunca os do povo. A gente agora vai ter uma eleição, mas acho que existe um controle da narrativa, acho a situação bem delicada, muito difícil ser artista neste momento”, lamenta, citando o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, no dia 14 de março, no Rio. “”ue tristeza, aonde a gente está chegando? Iindependentemente de ideologia política, uma representante eleita pelo povo sendo assassinada, uma coisa sem sentido, parece que a gente estava indo para um caminho e agora parece que estamos voltando para a idade média, é uma coisa assustadora.”

Show

Para o show deste sábado, 24 de março, no Sesc Belenzinho, Alê estará acompanhado de Fernando Kabello, que assina a direção e também estará no palco tocando guitarra, violão e bandolim; CarneiroSândalo (bateria) e Hamilton Attan Rodrigues (baixo), além de Zé Geraldo e Bruno em participações especiais. No show também serão apresentadas músicas marcantes do Mojito Experience, como “Hortelã” e “Horário Eleitoral”. A apresentação será às 21h na Comedoria, com ingressos a R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 6 (credencial plena). O Sesc Belenzinho fica na rua Padre Adelino, 1.000, em São Paulo.



Alê Vianna nas redes sociais:

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Twitter: @AleVianna