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sexta-feira, 4 de abril de 2025

Caco Velho

Nasci em 1961: Esta série de publicações apresenta músicas lançadas ou que tiveram destaque no ano de meu nascimento.

O porto-alegrense Mateus Nunes, o Caco Velho (1920-1971), conhecido como "o sambista infernal", foi um dos principais nomes das casas de show nas décadas de 1950 e 1960 no país, além de levar a cultura brasileira para países como França e Estados Unidos.

Contemporâneo de Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e Túlio Piva (1915-1993), começou a carreira em 1932 tocando nas rádios gaúchas e logo se mudou para São Paulo.

O apelido foi-lhe dado por sempre cantar a canção "Caco Velho", de Ary Barroso (1903-1964) em suas apresentações.

Em São Paulo, tocou no Cassino OK. Em 1941, compôs com Mutt (Péricles Simões Pires, 1912-1954) o samba "Olá Como Vai o Senhor", gravado pelo grupo Os Pinguins na Odeon.

Em 1943, sua toada "Mãe Preta", dele e Antônio Amábile, o Piratini (1906-1953), foi gravada pelo Conjunto Tocantins na Continental.

Essa música acabou indo parar na Europa, sendo gravada em meados dos anos 1950 pelas portuguesas Maria da Conceição - com letra censurada, diz-se devido à censura da ditadura salazarista (1933-1974) - e Amália Rodrigues (1920-1999), com a letra e o título modificados, para "Barco Negro", de autoria de David Mourão-Ferreira (1927-1996), falando da separação de dois amantes, em vez de narrar o sofrimento de uma mãe escrava original.

A versão entrou no filme francês “Les Amants du Tâge” ('Os Amantes do Tejo'), de Henri Verneuil, lançado em 1955. De qualquer maneira, o crédito não lhe foi atribuído, levando-o a tomar satisfações e um acordo foi feito, chegando o gaúcho até a se apresentar posteriormente com a fadista em Portugal.

Em 1959, outra vez a música era-lhe roubada: o músico britânico George Melachrino (1909-1965) gravou uma versão instrumental de "Mãe Preta", com o nome "Barco Negro", no LP "Lisbon at Twilight", pela RCA, sem também lhe dar o crédito.

Em 1975, em seu primeiro LP solo, "Água do Céu - Pássaro", Ney Matogrosso grava a música, porém com a letra do português. (Resenha na coluna à direita.)

Em 1944, Caco Velho estreou em disco pela Odeon com os sambas "Briga de Gato", de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins (1904-1980), e "Maria Caiu do Céu", de sua parceria com Nilo Silva (1910-1990).

Gravou nos anos seguintes diversos discos e, em 1955, foi com a orquestra de Georges Henri (1919-2017) para Paris, onde permaneceu até 1957 no cabaré La Macumba.

Quando retornou ao Brasil, abriu sua própria casa de shows em São Paulo, a Brazilian’s.

Em 1961, formou seu próprio conjunto e com ele gravou os sambas "Tem Que Ter Mulata" e "A Voz do Sangue", do compositor gaúcho Túlio Piva, pela Copacabana.

Por volta de 1966, foi para São Francisco (EUA), com o conjunto Brazilian's Bar, onde ficou até 1968, quando seguiu para Lisboa, apresentando-se em teatros, rádios e televisão.

De volta a São Paulo em 1970, abriu a casa noturna "Sem Nome Drink's".

O músico morreu aos 52 anos, em 1971, vítima de câncer no intestino. No mesmo ano, foi homenageado por Elis Regina (1945-1982) no programa Som Livre Exportação, da TV Globo. (Fontes: Nonada, Dicionário Cravo Albin da MPB, IMMuB, Jornal do Comércio.)



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