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sábado, 13 de setembro de 2025

Os muitos Hermetos Pascoais

Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo


Inconformado que Hermeto Pascoal tenha morrido! Estava programado o alarme para comprar o ingresso para a próxima apresentação dele no Sesc... Do disco em homenagem à sua companheira, Ilza, show este que perdi as outras datas por razões diversas.

Eu o vi no palco há muitos anos, num circo no Anhembi, ou sei lá onde... faz tempo. O que não esqueci é que o show acabou e ele convidou a plateia a sair da tenda e continuar o show na calçada, na rua. Inspirado em sua incrível habilidade em extrair sons de qualquer objeto, comecei a batucar o sabugo da espiga de milho cozido recém debuvorada.

Nunca me esqueço de sua apresentação no Festival Abertura, da TV Globo, em 1975, tocando "O Porco na Festa", laureada como melhor arranjo no certame.

Em 1983, comprei meu primeiro LP dele, "Hermeto Pascoal & Grupo", pela Editora e Produtora Fonográfica Som da Gente, no qual o time é para deixar qualquer Ancelotti babando: Heraldo do Monte, Carlos Malta, Jovino Santos, Itiberê Zwarg, Márcio Bahia, Pernambuco...

"O músico é um cara mágico, com energia diferente, que se comunica com as pessoas através da música. Quando ele consegue passar essa energia, e da mesma forma receber, ele consegue o maior êxito." Está escrito lá na contracapa do disco. Não sei se foi Hermeto quem escreveu, mas é algo que entendo que ele sentia.

Mais recentemente, comprei o CD "Zabumbê-bum-á", disco de 1979 relançado pela Livraria Cultura, em 2011, sob licença da Warner. No disco, Hermeto é acompanhado por Nenê, Itiberê, Zabelê, Cacau, Jovino, Pernambuco, seu pai, Pascoal José da Costa, e sua mãe, Divina Eulália de Oliveira, além de Antonio Celso, Alexandre, Marcelo, Paulo, Cecília e Ruy.

1979 foi também o ano em que Hermeto recebeu o título de "um dos maiores músicos do mundo ", durante sua apresentação no Festival de Jazz de Montreux, Suíça. Apresentação esta em que toca com Elis Regina três músicas ("Asa branca", "Corcovado" e "Garota de Ipanema") em que o público vem abaixo...

Hermeto era múltiplo. Não porque tocava múltiplos intrumentos e não-instrumentos. Ou porque transitava em quaisquer vertentes musicais. Era múltiplo porque não tinha fronteiras, nem amarras, nem arreios. Era livre, e por ser livre não cabia em nenhuma classificação, em nenhum escaninho. Em nenhum padrão. Era Hermeto!

Não vai dar para vê-lo no Sesc nem agora, nem nunca mais.

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