Festival CCBB de Música Urbana mistura músicos remanescentes dos anos 80 e uma galera mais atual
Por Carlos Mercuri
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Clemente, Bonfá e Chuck estão na programação (Reprodução/Youtube) |
No começo dos anos 1980, o rock brazuca reapareceu no cenário com
nova roupagem, absorvendo as experiências que vinham se observando mundo
fora. Depois de escandalizar os puristas da MPB nos anos 60, com as
guitarras elétricas dos Mutantes; de flertar com o progressivo nos 70 e
misturar tudo com Raul na virada da década, o novo rock que surgia nos
80 buscava uma nova identidade.
O clima de contestação que o país vivia, que culminaria nas manifestações pelas Diretas Já em 1984, somado ao grito contra o e
stablishment que o punk vomitava na Europa, fez a cabeça de vários garotos na capital federal.
“Brasília, famosa pelo tédio que acompanha seu cotidiano e pelas
maquinações engenhosas do totalitarismo versão tupiniquim, produz uma
música surpreendente. Guerrilha sonora no planalto central? Nada disso,
Brasília ainda é o cenário ideal para a ficção científica: o cerrado
contra-ataca”,
escreveu o jornalista Hermano Vianna, em 1983, para a revista carioca “Mixtura Moderna”.
O rock, ou punk rock, ou seja lá a denominação que se queira dar ao
som feito pela garotada brasiliense 30 anos atrás, será homenageado – ou
revisto, ou resgatado… – em festival que o Centro Cultural Banco do
Brasil (CCBB) de São Paulo promove neste fim de semana na capital
paulista.
O palco será o Vale do Anhangabaú, o mesmo que recebeu mais de 1,5
milhão de pessoas em abril de 1984 exigindo o direito de poder votar
para presidente da República, direito esse extirpado pelo regime militar
em 1964.
As bandas que se apresentam no
Festival CCBB de Música Urbana -
a entrada é grátis – mesclam remanescentes do “movimento” com galeras
de outras cenas roqueiras brazucas da época e um pessoal mais atual. A
abertura, sábado (10), às 15h, será com as
Vespas Mandarinas, grupo paulista formado em 2009.
Às 17h, toca
Panamericana,
banda composta por Dado Villa-Lobos (ex-Legião), Charles Gavin (ex-RPM,
Ira! e Titãs), De Palmeira (ex-Barão Vermelho) e Toni Platão
(ex-Hojerizah). Em seguida, às 19h, entram os também paulistas do
Ultraje a Rigor. A discotecagem fica a cargo de
Tatá Aeroplano.
No domingo (11), a festa recomeça, às 15h, com
Plebe Rude, uma das bandas brasilienses que surgiram nos 80, agora com Clemente, ex-Inocentes, nos vocais.
Marcelo Bonfá,
que conduzia as baquetas no Legião, depois de passar por vários outros
grupos de Brasília na época, toca às 17h, acompanhado do ex-RPM
Paulo Ricardo
e de Carlos Trilha, que produziu os dois discos solo de Renato Russo,
entre outros trabalhos. O festival termina às 19h com a apresentação do
também ex-Titã
Nando Reis e sua banda Os Infernais. Nas picapes, Mauricio Valladares.
No vídeo promocional abaixo, chamada para o festival:
(Texto publicado no SPressoSP em 08/05/2014)