O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Bodas de Ouro: "Slade Alive", Slade


No começo de 1972, com a boa repercussão de três singles da banda no Reino Unido, o empresário Chas Chandler (ex-baixista do The Animals que descobriu e empresariou Jimi Hendrix) resolve lançar o primeiro álbum ao vivo do Slade.

O grupo vinha dos bons frutos colhidos do LP "Coz I Luv You" - sim, a grafia errada era uma de suas "marcas registradas" -, uma compilação de músicas de seus dois LPs e singles anteriores, lançado apenas na Alemanha, Holanda, Noruega, Suécia, Austrália e Argentina, de onde foram extraídos os três singles.

O material de "Slade Alive" foi retirado de suas três apresentações no Command Theatre Studio (Londres) em 19, 20 e 21 de outubro de 1971, com uma audiência de cerca de 300 pessoas por noite.

Em 24 de março de 1972 o disco sai e logo alcança o 2º lugar nas paradas britânicas, lá permanecendo por 58 semanas. Nos EUA, entrou nas 200 Mais da Billboard na 158ª colocação.

A banda integrada por Noddy Holder (vocal líder, guitarra rítmica), Dave Hill (guitarra principal e backing vocals), Jim Lea (baixo e backing vocals) e Don Powell (bateria) apresenta no LP três composições próprias - "In Like a Shot From My Gun", "Know Who You Are" e "Keep on Rocking" - e covers de Ten Years After ("Hear Me Calling", de Alvin Lee), The Lovin' Spoonful ("Darling Be Home Soon", de John Sebastian), Bobby Marchan ("Get Down With It") e Steppenwolf ("Born To Be Wild", de Mars Bonfire).

É considerado por muitos o melhor álbum ao vivo de rock de todos os tempos, classificado como hard rock tocado por uma banda muito glam rock dos 70's.

Ao ouvir esse LP, trazido pelo namorado de minha irmã mais velha Vilma Mercuri Caetano, que viria se tornar meu cunhado, Wanderley Caetano, eu nunca mais fui o mesmo. Para o bem ou para o mal... Para ouvir no último volume!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Bodas de Ouro: "O Bofe", de Roberto e Erasmo Carlos


A trilha nacional de "O Bofe", novela de Bráulio Pedroso (depois Lauro César Muniz), dirigida por Lima Duarte, Daniel Filho e Wálter Campos, que a TV Globo exibiu entre junho de 1972 e janeiro de 1973 no horário das 22h, é a única que os compositores Roberto e Erasmo Carlos fizeram para um folhetim televiso. Era comum, na época, os produtores encomendarem as trilhas nacionais a uma dupla de compositores, para dar mais "unidade" aos temas.

Segundo conta Erasmo, deram-lhes 15 dias para compor as 12 faixas, que eles cumpriram aproveitando algumas composições inéditas então, apenas adaptando aos personagens aos quais se referiam. Mas os intérpretes foram diversos outros, e não os ex-ídolos da Jovem Guarda.

Ali temos então cantores do pequeno cast da Som Livre (como Renata e Flávia, Djalma Dias, Sandra e Betinho); a já consagrada Elza Soares; Osmar Milito, um pianista de jazz de presença constante em especiais musicais da emissora, que comparece em duas faixas, uma acompanhando Luna e Suza (da Som Livre) e a outra com o Quarteto Forma, do qual fazia parte Eduardo Lage, que em 1977 se tornaria maestro de Roberto; Os Vips, dupla da Jovem Guarda formadas pelos irmãos Ronaldo Luís e Márcio Augusto Antonucci; Claudio Faissal, que cantava na banda de Ronnie Von e depois seguiu carreira solo interpretando canções em italiano, Jacks Wu, também intérprete em vários outras trilhas de novela da época (pai da roqueira de Salvador Shalin Way Attemporais)

O disco tem também uma faixa cantada por Eustáquio Sena, produtor do LP junto com Waltel Branco nos arranjos, e outra por Nelson Motta, que gravou a faixa "Madame Sabe Tudo", da personagem Stanislava Grotoviska, interpretada por Ziembinski (primeiro personagem travestido da TV, dizem), após Marilia Pêra não ter gostado de seu trabalho.

A novela era um escracho ao desejo de ascensão na sociedade e ao próprio formato de telenovelas. A audiência era pífia e Bráulio acabou substituído por César Muniz, mas mesmo assim não decolou. Bem como o disco, que passou batido e é considerado até por Motta um trabalho mediano da dupla Carlos.

Uma única música da trilha, "Moço", agora interpretada por Erasmo, teve sobrevida e acabou entrando em outra novela, "A Idade da Loba", de Alcione Araújo, direção de Jayme Monjardim e Marcos Schechtmann, exibida de julho de 1995 a janeiro de 1996 na TV Bandeirantes e que o Tremendão regravou no EP "Quem disse que não faço samba", de 2019.

A gente tinha esse LP em casa ou na loja de discos de meu pai, mas não me lembro de tê-lo escutado. Só me recordo de ficar com medo da personagem de Ziembinski, que enchia a cara de xarope e sonhava com o galã Jardel Filho, um dos bofes (à época, sujeito grosseiro, sem educação) da trama, junto de Cláudio Marzo.

"Moço
Vê se larga o osso
Com a vida no bolso
Procure um amor
Não tem"

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Bodas de ouro: "Cicatrizes", MPB-4

2022: Ano em que muitos discos essenciais completam 50 anos de lançamento. Eu, com 60, me lembro de muitos deles. E vou relembrar alguns que foram importantes - pelo menos para mim.

Começo com esse do MPB-4, "Cicatrizes", lançado pela Philips/Phonogram, com produção de Mazzola/Roberto Menescal. Magro, Ruy, Miltinho e Aquiles Rique Reis cantam aqui gente de alto quilate, como os hoje esquecidos Tom e Dito ('Agiborê'), Sidney Miller ('O Navegante'), o já clássico "San Vicente", de Fernando Brant e Milton Nascimento, lançado em Clube da Esquina, outro cinquentão que logo será aqui resenhado; Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho ('Desalento'); Murilo Antunes, outro expoente do pessoal da esquina de Minas, com Sirlan ('Viva Zapátria'); a faixa título, do mestre Paulo César Pinheiro em parceira com Miltinho; Chico Buarque, que comparece com "Partido Alto" - esta a que me marcou profundamente na época, que me lembro de ouvi-la comendo uma boa feijoada no boteco da esquina da Silva Bueno, onde o pai tinha papelaria que vendia discos; Jorge Ben (ante do sufixo Jor), com "Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite"; a angustiante (e, incrivelmente, ignorada pela censura) "Pesadelo", de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós; tem ainda Caymmi ('Canto de Nanã'); mais PC Pinheiro com Baden Powell ('Última Forma'); uma dos portelenses Cabana e Norival Reis, "Ilu Ayê (Terra da Vida)", e novamente PC Pinheiro com Tapajós, "Faz Tempo". Um disco de grande qualidade, de um tempo de um Brasil que se julgava enterrado e esquecido teima em voltar...

"E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí..."