O Barquinho Cultural

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

A VIDA NÃO É BELA


FUI ao cinema sexta-feira passada. Assisti a Era Uma Vez, de Breno Silveira (que está aí na foto entre Rocco Pitanga e Thiago Martins). Não vou dizer que o filme me emocionou ou chocou. Não. Achei um filme sensível, sim, com uma história eu diria previsível, se se pensar que a fonte foi Romeu e Julieta, de Shakespeare. A temática, afinal, é constante nos folhetins televisivos: a riquinha que se apaixona pelo pobretão. Agora, o que eu achei mesmo desproporcional foi a interpretação, uma ou duas oitavas acima do que seria natural. A direção de atores exagerou mesmo, talvez propositadamente. Mas a produção, quem sabe para não chatear os patrocinadores, pintou uma favela até bonita, com vista para o mar, se bem que em determinadas cenas o Atlântico visto da varanda dos barracos esteja envolto em névoa, em contraste ao brilho da praia que os endinheirados de Ipanema vêem. Mas é uma favela bonita, digna de receber a patricinha que cai de amores pelo vendedor de cachorro-quente. Mas, sabe, a vida não é bela, mesmo que o seja a favela. E a realidade se faz presente nas horas menos queridas cobrando seu tributo. E o amor bonito, acima de todos os preconceitos e convenções e barreiras, é atacado, e os preconceitos, convenções e barreiras vêm se impor. Donde se pode concluir que o problema não é amar um pobretão, mas se envolver com um pobretão de uma favela, ainda por cima carioca. Bem, gostei do filme, mas deveria ter baixado um pouco o tom e ser mais verossímil.