O Barquinho Cultural

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domingo, 26 de março de 2023

Shake it up, baby! Os 60 anos de 'Please Please Me'

Em 22 de março de 1963, "The Beatles" lançavam na Inglaterra seu primeiro Long Playing (LP), "Please Please Me". Eu, nem dois anos de idade completados, pirei com aquele som. No colo de mamãe Hirde, dando aquela mamada matinal, ouvi estupefato: "One, two, three, four... Well, she was just seventeen / You know what I mean"... Não entendi nada, claro, mas aquela voz que mais tarde soube ser de Sir James Paul McCartney causou um colapso em minha pueril mente que, de pronto, me fez largar o bico do peito maternal e balançar as ainda frágeis e arqueadas ancas.

"Misery" veio arrebatar meus ouvidos ao conhecer um dueto em perfeita harmonia. Mas "Anna" me mostrou que Lennon tinha uma dor no peito que só muitos anos depois, ao conhecer sua história, pude vislumbrar entender.

"Chains" me apresenta a voz miúda e os dedos ágeis de George, que se tornaria algum tempo depois meu Beatle favorito. Aí vem Ringo com "Boys", o narigudo da batera que, muitos anos depois, é celebrado ligeiramente em um episódio da série "Outlander".

"Ask me why" encantou meus ouvidos com aqueles "ai, ai, ai" pronunciados por John e emoldurados pelo coro de Paul e George...

Aí vem a faixa-título, já lançada anteriormente em single (no meu tempo, compacto simples): "come on, come on, come on..." Aquele eu bebê nunca mais quis saber de leite depois disso...Por favor, me agrade... com algo mais... Rs...

Papai Chico vira o disco e vem "Love me Do"... Esse o primeiro sucesso dos Fab4. Eu me lembro! Já ficava fascinado com a voz aveludada de Macca, que muitos anos após minha pequena Iracema também apreciaria. Aquela gaita (harmônica) de John pontuando tudo.

"P.S. I Love You" tem um ritmo quente, mostrando que Ringo sabia das coisas. E a harmonização das vozes? Uma criança não podia ficar indiferente. Eu não fiquei. Quis pouco depois imitar aquilo com minhas irmãs, Vilma e Sônia, sem sucesso.

Aí vem "sha-lá-lá"... "Baby, It's You", mostrando o puta cantor que Lennon é.. E dizem ainda que o cara estava com um baita resfriado! Volta George, meio fanho, com "Do You Want to Know a Secret", com um balanço que me acompanharia pouco tempo depois nos bailinhos em que eu mais gostava de ouvir do que de dançar...

Aquele gosto de mel, com Paul, me soava estranho ("A Taste of Honey")... Muito Macca anos 1970 para meu gosto (quando John o chamou de compositor de 'tolas canções de amor'). Mas tem uns momentos legais...

"There's a Place" é animada, fazia o bebê aproveitar e liberar aquele xixi básico só pra se livrar da fralda chata e a mamãe passar o talquinho fresquinho...

Para fechar a obra, "Twist and Shout". Nossa! Quando John, na frente da rainha Bete, mandou a ricaiada balançar as joias, e quando, tempos depois, Matthew Broderick fez aquele cover em "Curtindo a Vida Adoidado", firmou essa canção como o arquétipo de Beatles de sua época. Eu ao ouvir isso bebê me tornou um menino, jovem, homem e ancião feliz.

P.S. I love you, Beatles...