Músico apresenta disco neste sábado, 24, no
Sesc Belenzinho, com participações de Zé Geraldo e Bruno Kayapy
Alê homenageia trabalhador da arte no primeiro disco; Foto: Felipe Cretella |
O músico paulistano Alê Vianna, integrante
da banda Mojito Experience, com 15 anos de estrada, resolveu entrar de cabeça
na carreira individual e lança seu primeiro trabalho solo, “Graxa”, com o qual busca
um caminho mais profissional. No disco, a ser lançado em breve nas plataformas
digitais, Alê canta temas variados, em alguns momentos falando de amor, em
outros de política, mas em essência trazendo crônicas da cidade de São Paulo,
seus personagens, suas histórias. O título do disco refere-se ao trabalhador da
arte. “É um trabalhador falando sobre diversos temas”, define.
O Mojito, conta, foi formado em 2002, quando
estudava Publicidade e Propaganda no Mackenzie, no começo como uma brincadeira,
“que foi ficando cada vez mais séria”. O primeiro EP da banda só veio em 2012, “Descendo
a Augusta”, e desde então vem gravando um disco a cada dois anos – depois
vieram “DemoRito” e “DemoRoll” e agora, no início do ano, “Vivo em Sampa”. Alê
passou a trabalhar como técnico de som, atuando com vários músicos, e sempre
compondo. “Como na banda somos cinco, sempre sobrava muito material, que resolvi
juntar e lançar em um trabalho solo”, explica. Ele acrescenta que decidiu
seguir em frente porque os companheiros de banda têm outras profissões e acabam
não podendo se dedicar integralmente ao projeto.
O disco é totalmente independente, autoral,
produzido com o apoio de muita gente. “Gravamos com a ajuda de outros técnicos,
os músicos também cederam seu talento investindo no projeto, muitas vezes sem
receber. Estamos fazendo o trabalho de uma maneira artesanal, eu mesmo fiz a
parte de gráfica, de arte, fotografia, vídeo, edição, mixagem, masterização, sem
apoio de gravadora, sem financiamento de projeto cultural, um disco
independente mesmo”, define.
As 12 músicas do disco seguem o caminho do
Mojito, “um trabalho pop-rock, sob influência das bandas dos anos 90, como O Rappa,
Gabriel O Pensador; do rock nacional, como Paralamas, Titãs, e da galera da
MPB, como Gilberto Gil, Novos Baianos…”, adianta. Entre as colaborações na
produção de ”Graxa” ele destaca Flávio Decaroli, “um baita de um técnico, sócio
do Mingau,
do Utraje a Rigor, que também
deu uma força, gravou o baixo, gravamos no estúdio deles; a bateria quem gravou
foi o Mário Fabre,
atual batera do Titãs, enfim,
um time bem de peso, o disco tem uma roupagem bem rock and roll”. A direção
musical é do Fernando Kabello, que também, colaborou nos arranjos.
Como cronista da cidade de São Paulo, ele
vê a cidade como um fenômeno. “Por sua dimensão, ela proporciona muitos
encontros, e desses encontros tiro a inspiração para fazer as minhas músicas, a
gente vive numa cidade que é feita por pessoas que vieram de fora desde sempre
e isso enriquece, não precisa ir para fora para ter contato com diversas
culturas”, conta. “Nos anos 90, 2000, frequentei muito forró, tive contato com
essa música, contato com diversas pessoas diferentes andando no metrô, diversas
histórias, de casais, personagens, muitas músicas que falam de minha própria
experiência. A cidade como esse porto: tem músicas como ‘Sinais’, parceira com
Tadeu Renato, dramaturgo, feita para
uma peça de teatro, em que falam sobre a construção da cidade de São Paulo. Ela
tem uma cadência que lembra o fado, faz referência a outros ritmos, para dar um
tempero e contar essas histórias.”
O cantor e compositor Zé Geraldo divide os
vocais na faixa “Cumpadi” (assista ao make of abaixo), na qual ainda colaborou com um poema que fecha a
canção. Alê conta que trabalha há seis anos com Zé Geraldo, como técnico de
som, viajando pelo país, e acabaram criando laços e sendo amigos. “Durante
muito tempo tive vergonha de mostras minhas músicas para ele e de um tempo para
cá estreitamos os laços, mostrei as músicas para ele, que gostou, e surgiu a
ideia de convidá-lo para cantar na música ‘Cumpadi’, que é uma música bem
humorada, de amor, que achei que tinha a cara do Zé, é tipo um ‘Xote das
Meninas’ (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) versão masculina: o cara não sabe o que
está se passando com ele, fala com o compadre, que sugere que ele vá ao doutor,
que diz que isso aí é amor”, afirma.
O guitarrista Bruno Kayapy, do Macaco Bong (banda de Cuiabá), toca
na faixa “Bota Fogo”. “No ano passado, soube que a
banda estava com um espaço em SP chamado Pico do Macaco, eles estavam
organizando show cases, a gente inscrevia a banda por meio de uma planilha,
escolhia a data, levava seu público, cobrava quanto quisesse, e marcamos um
show do Mojito lá. Aí conheci o Bruno, começamos a trabalhar juntos, comecei a fazer
a produção do Macaco Bong e convidei o Bruno para gravar uma faixa, a ‘Bota Fogo’, que fiz durante as
manifestações de 2013”, lembra.
“Um dia invadiram o Congresso em Brasília,
e eu estava lá fazendo um show com o Zé na época da Copa da Confederações e
lembro do Datena gritando quando tiveram as manifestações 'seus vagabundos' e fiz
um refrão que diz 'prende o vagabundo, bota fogo no Congresso, sobe a audiência
da TV' e o Bruno colocou a guitarra nesse som, que fala sobre o direito de se
manifestar, de todo mundo falar o que pensa… Ela também é um apelo para a gente
olhar um pouco mais o meio ambiente, a natureza, o ser humano conviver melhor
entre eles, talvez a música mais política do disco”, acrescenta.
A respeito do momento politico atual, Alê enxerga
“um cenário muito triste”. “A classe política pensa só nos próprios interesses,
a gente sofreu um golpe muito duro, tirar uma presidente que foi eleita pelo
voto, por um Congresso que a cada dia que passa demonstra que os interesses são
sempre ligados ao capital, aos interesses individuais, das empresas, nunca os do
povo. A gente agora vai ter uma eleição, mas acho que existe um controle da
narrativa, acho a situação bem delicada, muito difícil ser artista neste
momento”, lamenta, citando o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco,
no dia 14 de março, no Rio. “”ue tristeza, aonde a gente está chegando? Iindependentemente
de ideologia política, uma representante eleita pelo povo sendo assassinada,
uma coisa sem sentido, parece que a gente estava indo para um caminho e agora
parece que estamos voltando para a idade média, é uma coisa assustadora.”
Show
Para o show deste sábado, 24 de março, no
Sesc Belenzinho, Alê estará acompanhado de Fernando Kabello, que assina a
direção e também estará no palco tocando guitarra, violão e bandolim; CarneiroSândalo (bateria) e Hamilton Attan Rodrigues (baixo), além de Zé Geraldo e
Bruno em participações especiais. No show também serão apresentadas músicas
marcantes do Mojito Experience, como “Hortelã” e “Horário Eleitoral”. A
apresentação será às 21h na Comedoria, com ingressos a R$ 20 (inteira), R$ 10
(meia) e R$ 6 (credencial plena). O Sesc Belenzinho fica na rua Padre Adelino,
1.000, em São Paulo.
Alê Vianna nas redes sociais:
Instagram: @aleviannasolo
Facebook: Alê Vianna
Youtube: Alê Vianna
Twitter: @AleVianna
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