O Barquinho Cultural

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quinta-feira, 11 de março de 2010

Tempos de estudante

Caramba, aqui na redação está um calor de 26,4 graus (sei porque tem um termômetro bem à minha frente). Não sei por que desligam o ar-condicionado bem na hora que estamos trabalhando. Falei com minha filha três vezes esta semana e ela está muito contente em sua nova vida. Já está às voltas com livros, xerox de partes dos mesmos, seminários, aquilo tudo que um universitário enfrenta e está achando um barato. O que é ótimo. Quer dizer, até o momento só curtição: cuidar de casa, pegar ônibus pra facu, conhecer gente nova... claro, lembrar-me de quando estava nesse tempo é inevitável. O curioso é ela entrar na faculdade (de jornalismo) no mesmo ano que minha turma completa 25 anos de formatura (eu só fui me formar três anos depois, por conta de reprovações em algumas matérias, mas sou da turma e vou comemorar também, ora!). O bom é que muitos dessa turma estão perto, alguns até trabalhando no mesmo grupo que eu. Agora parece que universidade que cursamos se interessou pela nossa festa e andou fazendo umas perguntas... quem sabe o que pode rolar, um patrocínio? Um livro? Espero que algo saia. Quando a faculdade de Comunicação de lá completou 30 anos houve festa e foi editado um livro, com depoimentos de ex-alunos. Uma boa idéia. Afinal, fomos de uma época boa, a da redemocratização, e a faculdade fervilhava. Foi a primeira eleição da qual Lula participou, como candidato a governador, em 1982, vencida por Franco Montoro. Lembro que houve debates entre os candidatos no salão nobre da instituição. O espírito da época era contestador, fazíamos muita agitação, greve, conseguimos até substituir o reitor, depois da ocupação da reitoria por vários dias, o que suscitou até mesmo envolvimento da polícia. Eu participava daquilo tudo, mas na manha (como se dizia na época), quer dizer, eu não era do diretório acadêmico, nem de nenhum tipo de movimento estudantil organizado, legal ou ilegal. Nesse período ainda estava nos estertores do grupo de teatro Tupi e começávamos a fazer campanha política, pois militávamos em um núcleo do PT em meu bairro e nosso esforço era para eleger os candidatos de uma chapa ampla, que ia de vereador a governador. Emplacamos apenas o vereador, pelo que me lembro. Mas o agito estudantil foi importante, acabamos criando uma cumplicidade entre a turma e outras de outros cursos na instituição e as turmas de 1982 com certeza têm um registro nos anais da universidade. Brigávamos por tudo: reclamamos do diretor da faculdade de Comunicação, queixamo-nos do valor da mensalidade, protestávamos contra a proibição do filme "Je Vous Salue, Marie", de Godard, que foi exibido em uma das salas da faculdade, à revelia (acho que foi esse, mas pode ter sido outro, não me lembro mais), o que provocou uma grande celeuma, pois a instituição é ligada a uma igreja - ah, tô evitando dizer, mas é besteira, é a Metodista, ora, todo mundo sabe onde fiz faculdade. Ah, relatar aqui tudo o que vivi nos tempos de estudante de jornalismo é trabalho para vários posts. Não sei como são os estudantes hoje, mas conhecendo minha filha sei que logo ela estará em alguma aí, pois é pessoa que não se cala ante alguma injustiça ou coisa errada.

2 comentários:

isabela disse...

acho que na época em que você estudava tudo era muito mais difícil, né... mas no que depender de mim, vou lutar mesmo, como você, contra as injustiças que acontecem!! saudades pai

Carlos Mercuri disse...

ERa sim, filha, tudo mais complicado, mas isso deixava a gente mais afoito para brigar. Tenho certeza de que vc não deixará nada barato mesmo. Também estou com saudade, mas logo nos veremos. Grande beijo.