O Barquinho Cultural

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Arraiá no Pontalete

Fim de semana com festa junina no Pontalete, distrito de Três Pontas, Minas Gerais. Fazia tempo não participava de uma festa tão autêntica. Aliás, fazia tempo que não participava de um festejo junino nenhum. Acho que desde os anos 80, quando dançava quadrilha na paróquia de Vila Palmares, em Santo André. Foi muito interessante, com direito a todos os itens alusivos à data, véspera de Santo Antônio. Teve casamento caipira - quadrilha -, fogueira, pratos típicos e regionais, como o delicioso cigarrete, quentão, vinho quente, bandeirolas enfeitando o arraiá. E figuras da região que tornaram o evento bem peculiar. Eu fui à caráter, obra de dona Ana e Isabela (ao meu lado na foto, junto de Leisinho, Márcia e Gustavo). Dancei um pouco, o que minha pouca familiaridade com os passos permitiram, mas não dei vexame, até porque parece que o gozado é dançar errado mesmo. Foi um fim de semana em um lugar bem gostoso, às margens da represa de Furnas, cercado de fazendas de café. Aliás, antes da quermesse, comemos um belo bife com salada na roça do Leisinho, simpático e atencioso como sempre. Apanhei laranja no pé e pisei na terra, coisa meio rara nas cidadonas em que vivo e trabalho. Como sempre a impressão de que viver no interior tem outro sabor, outro ritmo. Não sei se me adaptaria, criado no asfalto que fui. Mas tive na infância grandes vivências com esse clima. O Grande ABC, nos anos 60, era quase interior, tanto que quando fui morar na capital parecia outro mundo, com suas coca-colas, hambúrgueres, sorvetes Kibon e carros para todo lado. Apaixonei-me por automóveis na época. Vivia olhando os estacionados, decorando as marcas, a velocidade máxima que atingiam, os detalhes internos. Pai, na época, teve sempre fuscas, e, fora os poucos modelos antigões que viviam nas ruas de minha São Caetano, não conhecia muitos outros. Também fiquei fascinado por ônibus, coisa esquistia... Brincava de dirigir um em um sofá velho que tinha em casa, ou fazia trajetos com tijolos na areia na obra da casa de meu pai em Santo André. Mas, claro, não segui essa carreira. Era fantasia mesmo. Achava a profissão de motorista de ônibus algo meio mágico, uma responsabilidade grande dirigir um monstro daqueles, cheio de gente, pelas artérias da cidade e dos bairros. Mas além de morar em cidades que ainda guardavam algum aspecto de interior, ainda ia sempre a chácaras e sítios de parentes e adorava ver as árvores, os bichos, provar as comidas feitas na lenha, comer frutas no pé, nadar nas lagoas. Tive, por assim dizer, uma infância quase rural, com quintal com plantas, flores, árvores frutíferas, galinhas, até um porco e um cavalo chegaram a habitar o terreno, proeza de meu tio, já que naquele terreno que até hoje mantemos viviam quatro famílias. Bem diferente da realidade da garotada das cidades de hoje. Ir a um lugar desses me remete a esse tempo e à infância, e me permito uma certa nostalgia, mas nada que me motive a mudar de ares, porque, como disse, não sei se me adaptaria a uma vida no campo, apesar de hoje a zona rural estar tão desenvolvida e com acesso à tecnologia mais moderna como toda área urbana. Celular, internet, TV a cabo são comuns. Mas sei lá... na semana passada estivemos em Bragança Paulista no sítio de amigos de Isabela e confesso que o galo cantando desde a 1 da manhã não foi agradável, apesar de que o barulho dos caminhões-cegonha de meu bairro o tempo todo também não sejam bons sons para se ouvir dormindo. Mas olhar aquele verde todo e conviver com pessoas simples, que têm uma visão tão diferente do mundo é gratificante e um tônus para a alma, que volta bem mais leve para a selva do asfalto e seus bichos bem mais perigosos.

3 comentários:

Unknown disse...

Ai que inveja, eu conheço toda esta região tb já até morei por ai em Eloi Mendes, qdo tiver oportunidade da uma passadinha lá pra conhecer a cidade é lindinha.

Carlos Mercuri disse...

Ah, conheço sim. Já fomos em um belo restaurante lá, mas fica na rodovia. Vamos ver quando rola de dar uma passada melhor por Elói Mendes então. Beijos

Fernanda disse...

Que experiência única aproveitar uma festa junina em um ambiente assim... Eu simplesmente AMO cidadezinhas do interior... como Elis canta lindamente a música de Zé Rodrix: "Eu quero uma casa no campo... onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais...", eu adoraria viver em um lugar como esse! Considere-se um privilegiado!!!