O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 4 de junho de 2010

É tempo de Copa

Na próxima semana, como o mundo sabe, começa a Copa do Mundo de Futebol na África do Sul. Não sou o sujeito mais qualificado para falar de futebol ou de qualquer outro esporte, mas sinto necessidade de tecer algumas linhas a respeito desse evento que mobilizará boa parte da população do planeta Terra durante 30 dias. A preocupação - e torcida - é se o Brasil fará bonito e trará o caneco, em sua sexta vitória neste campeonato. Aí o clima é de ufanismo exacerbado. O verde e o amarelo redundam nas janelas das casas, nas antenas dos carros e em todos, ou quase todos, comerciais da mídia. Não entro nesse clima. Assisto à Copa, torço, vibro, afinal, o espírito coletivo ajuda, e não vou dar uma de carrancudo e do-contra. Lembro-me que no tetra, em 1994, fiquei até sem voz de tanto que gritei. Isabela era uma menininha de 2 anos e vibrou tanto quanto a gente. Fomos à rua de carro para comemorar e a festa era geral. Mas perigosa, com muita gente encachaçada fazendo estripulias. A de 1970 eu me lembro bem. Dei nenhuma bola a ela, fiquei aprendendo a empinar - e perder - uma pipa. Mas depois papai nos levou ao centro de São Caetano, onde a galera lotou as ruas e até divertiu-se no espelho d'água da prefeitura, então ainda na avenida Goiás. Em 2002, não me lembro de quase nada, curiosamente. Só me recordo que assisti aos jogos no salão de festas da casa de minha filha, com uma turma bem animada. Então é assim: curto ver os jogos do Brasil, sofro, roo as unhas, mas não consigo me ufanar, porque isso não resolve os problemas do país, apenas enche os bolsos de uma parcela significativa de pessoas. Aliás, todo mundo resolve aproveitar o momento para faturar algum e é interessante como se vê "criatividade" por aí. Qualquer comercial, de qualquer coisa, bota o espírito da Copa no meio, mesmo que não tenha nada a ver com o negócio, caso de uma propaganda de uma marca coreana de veículos. O comercial dela relativo ao campeonato é tão desproposital que não se atina para seu objetivo. Será que comprar um carro da montadora significa estar em dia com a obrigação civil de torcer? Concordo que anunciar televisores é coerente, mas forçar a barra até queima o filme do produto. Mas o que realmente me deixa indignado é ver as emissoras de TV - aparentemente todas - venderem um clima de festa que realmente não acho que precisa. Assisti ao jogo amistoso entre a seleção do Dunga e a do Zimbábue, anteontem, mas vi a imagem na TV e o áudio de uma rádio. É incrível: o locutor não narrava um minuto de jogo sem outros dois ou três de anúncios. É de dar raiva. Na TV não é diferente: é comercial toda hora, seja declamado pelo narrador seja nas placas por todo o estádio e as inscrições nos uniformes de todos. De onde se conclui o óbvio: Copa é um grande negócio, e é por essas e outras que meu espírito não se enche de orgulho com esse evento tão popular e tão rico.

3 comentários:

isabela disse...

é verdade pai.. ja na ditadura usaram esse espírito pra que o povo se esquecesse do que acontecia de verdade no pais, né? acho muito engraçado o pessoal que só fala mal do Brasil, adora ir pro exterior vir agora cheio de bandeiras pra todo lado.. patriotismo tem que existir sempre, não só na copa!

isabela disse...

é verdade pai.. ja na ditadura usaram esse espírito pra que o povo se esquecesse do que acontecia de verdade no pais, né? acho muito engraçado o pessoal que só fala mal do Brasil, adora ir pro exterior vir agora cheio de bandeiras pra todo lado.. patriotismo tem que existir sempre, não só na copa!

Carlos Mercuri disse...

É verdade filha... Lembro que na Copa de 70, do Tri, os tanques do Exército viviam nas ruas e os presos mofavam nos porões, e o povo torcia. Veja o filme Pra Frente Brasil, lá mostra bem isso. Beijos e bons trabalhos.