O Barquinho Cultural

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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Um domingo

Acordo cedo, compromisso logo de manhã. Vou de ônibus, porque andar de carro está cada vez mais complicado. Espero longos quarenta minutos pelo coletivo – afinal, é domingo, frota e horários reduzidos. No meio do caminho, a avenida por onde o ônibus tem que passar estava fechada – não sei por que, talvez alguma maratona, como aconteceu outro dia. Motorista reclama, não foi avisado, não houve divulgação do bloqueio. Muda o itinerário, prejudicando os que contavam com a condução naquela rota. Preocupa-me o atraso ao compromisso por causa do desvio.

Entra na avenida Paulista. Ela toda com uma faixa da pista bloqueada para uso exclusivo de bicicletas. Ao longo desta ciclofaixa, cones com a bandeira de uma seguradora delimitando o espaço para os ciclistas, e a cada esquina, um trabalhador, uniformizado com roupas das cores da tal empresa, com uma bandeirola, na ponta de um cano, que ele descia quando fechava o semáforo, para alertar o usuário de que ele deve esperar o sinal verde. Nenhum ciclista circulando por essa faixa. As pistas remanescentes ficam um tanto lentas, apesar de ser um domingo por volta de sete horas da manhã.

Chego ao meu compromisso faltando cinco minutos para o horário marcado. Tenso, em um momento em que precisava demais de tranquilidade. Pouco depois, ouço, vindo da rua, o falatório sem nexo de uma mulher, aparentemente com problemas mentais. Fala alto, para ninguém, parece-me. Incômodo. Difícil manter a concentração.

Após intermináveis trinta minutos, ela some. Aí, o alarme de algum carro começa a disparar sem dó. O som explode por alguns minutos, depois para, em seguida volta a soar, para, volta... um ritmo que não passa despercebido pela mente, que só quer algum silêncio para raciocinar.

Depois que o alarme finalmente deixa de soar, um sujeito ao meu lado abre um pacote de salgadinho, ou sei lá o que, e começa a comer, fazendo um barulho insuportável de embalagem metálica sendo amassada. Outro começa a tossir sem cessar. Difícil manter a concentração, mas consigo. Acho.

Está difícil viver em sociedade...


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