O Barquinho Cultural

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terça-feira, 5 de novembro de 2013

A jequice da Veja e o exemplo de Machado

     O fato de Veja ter ridicularizado, em seu suplemento SP, o tal "rei dos camarotes" me leva à seguinte reflexão: será que essa revista está querendo mostrar que só respeita os ricos da gema, quatrocentões e refinados? A "jequice" dos novos-ricos, emergentes ela não tolera, então? Quem sabe, então, essa revista perca leitores nessa classe, o que seria muito bom. Afinal, a meu ver, “jequice” é ler esse semanário.

     Há muito tempo deixei de ler essa publicação, da qual fui até assinante tempos atrás. Mas não é possível ignorá-la, uma vez que correm sempre nas redes sociais comentários pouco louváveis a seu trabalho. Revista criada nos anos 60 por Mino Carta, teve em seus primórdios um papel importante, assim como tantas outras publicações que acabaram caindo no limbo do mau jornalismo e da atividade panfletária de pouca responsabilidade.

     Não aprovo o comportamento desse empresário retratado pela Vejinha, é claro, tampouco deixo de reconhecer que o assunto é notícia. O que lamento é o tratamento que a revista deu ao sujeito, tornando-o alvo de chacotas na internet. Como a demonstrar que, para os mandões da publicação da editora Abril, não basta ser muito abonado para merecer aceitação e respeito na "high society".

     É fato, porém, que atitudes como essas da tal Veja parecem menos o reconhecimento de seu posicionamento editorial e político do que tentativa de chamar a atenção e manter-se no mercado. O que também identifico no abrigo de certos colunistas de declarado condão conservador em jornais de reputação. Destacar-se nesses tempos de turbilhão de informações por toda parte não é fácil.

     Na semana que passou, os textos de alguns desses colunistas - antes mesmo, o simples fato de eles terem sido contratados - suscitaram reações coléricas de toda parte, o que, imagino, deve ter satisfeito sobremaneira o ego desses articulistas, pois conseguiram que personalidades de melhor e maior lustre acusassem o golpe.


     No fim do século passado XIX, o crítico literário Sílvio Romero polemizava com o escritor Machado de Assis, de uma maneira pouco elegante, ressaltando aspectos como sua gagueira e epilepsia e a cor de sua pele para atacá-lo. O que fez Machado? Nada, jamais respondeu a uma das críticas de Romero, ignorando-o totalmente. A história está aí para mostrar quem venceu a parada.

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