O fato de Veja
ter ridicularizado, em seu suplemento SP, o tal "rei dos camarotes" me leva à seguinte
reflexão: será que essa revista está querendo mostrar que só respeita os ricos
da gema, quatrocentões e refinados? A "jequice" dos novos-ricos,
emergentes ela não tolera, então? Quem sabe, então, essa revista perca leitores
nessa classe, o que seria muito bom. Afinal, a meu ver, “jequice” é ler esse
semanário.
Há muito tempo
deixei de ler essa publicação, da qual fui até assinante tempos atrás. Mas não
é possível ignorá-la, uma vez que correm sempre nas redes sociais comentários
pouco louváveis a seu trabalho. Revista criada nos anos 60 por Mino Carta, teve
em seus primórdios um papel importante, assim como tantas outras publicações
que acabaram caindo no limbo do mau jornalismo e da atividade panfletária de
pouca responsabilidade.
Não aprovo o comportamento desse empresário retratado pela Vejinha, é claro, tampouco deixo de reconhecer que o assunto é notícia. O que lamento é o tratamento que a revista deu ao sujeito, tornando-o alvo de chacotas na internet. Como a demonstrar que, para os mandões da publicação da editora Abril, não basta ser muito abonado para merecer aceitação e respeito na "high society".
É fato, porém, que
atitudes como essas da tal Veja parecem menos o reconhecimento de seu
posicionamento editorial e político do que tentativa de chamar a atenção e
manter-se no mercado. O que também identifico no abrigo de certos colunistas de
declarado condão conservador em jornais de reputação. Destacar-se nesses tempos
de turbilhão de informações por toda parte não é fácil.
Na semana que passou, os textos de alguns desses colunistas - antes mesmo, o simples fato de eles terem sido contratados - suscitaram reações coléricas de toda parte, o que, imagino, deve ter satisfeito sobremaneira o ego desses articulistas, pois conseguiram que personalidades de melhor e maior lustre acusassem o golpe.
No fim do século
passado XIX, o crítico literário Sílvio Romero polemizava com o escritor
Machado de Assis, de uma maneira pouco elegante, ressaltando aspectos como sua
gagueira e epilepsia e a cor de sua pele para atacá-lo. O que fez Machado?
Nada, jamais respondeu a uma das críticas de Romero, ignorando-o totalmente. A
história está aí para mostrar quem venceu a parada.
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