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sábado, 10 de junho de 2017

Gui Moscardini canta a diversidade paulistana em seu primeiro disco

Cantor e compositor lança “Coisa Boa a Gente Espalha” dia 14/06 em show no Teatro Viradalata


Guilherme Moscardini busca transmitir boas energias em seu primeiro trabalho. (Foto: Gabriel Arruda)
Guilherme Moscardini tem 24 anos, nasceu no bairro da Liberdade e vive no Butantã. Quando garoto, sonhava em ser cineasta, mas, ao ouvir o amigo Ari Oliveira tocar violão, ficou encantado e quis aprender. Não tanto pelo tocar, diz o artista em entrevista ao Blog por Bloga, mas mais pelo fato de o amigo estar tocando uma música própria. “Eu sempre tinha coisa pra falar e não sabia como fazer isso e foi na música que consegui”, conta. Ele tinha 8 anos e o pai “exigiu” que fosse estudar violão erudito – “para aprender direito”.

“Foi uma experiência que me assustou um pouco; não esperava aquilo, queria aprender três acordes e sair tocando. Era muito distinto do repertório que eu conhecia, mas fui gostar muito tempo depois, porque é difícil você falar que não gosta de Debussy [o compositor francês Claude Debussy – 1862-1918], sendo que Debussy é cinema; o cinema foi feito por esses compositores e esses compositores foram feitos pelo cinema”, explica, citando a sua primeira paixão.

Gui conta que logo que começou os estudos do instrumento já saiu compondo suas letras e, em pouco tempo, a criar músicas. Aos 13, 14 anos, já gostando do que fazia, começou a mostrar suas composições. “Meu principal professor foi a composição, a coisa de tentar, errar, buscar as coisas no violão”, define. O disco, diz, tem músicas que ele compôs aos 16 anos, meio sem saber o que estava fazendo, mas com uma complexidade que ele se deu conta  assim que passou a entender melhor de música.

Filho de pai fotógrafo e mãe artesã, sempre escutou muita música em casa. A mãe, carioca, cresceu e aprendeu a sambar na Escola de Samba Salgueiro e, por isso, sempre ouviu muito samba e MPB em casa. O pai também era fascinado por música, só que ele também ouvia Beatles, jazz. O irmão, Felipe, produtor executivo do disco, o apresentou ao forró, ritmo pelo qual acabou se apaixonando. “Tanto que hoje meu mestre, que eu tenho como mentor, é Dominguinhos, o cara que eu mais venero musicalmente”, acrescenta. No ambiente doméstico, ainda, havia a presença de André Busic, que ele chama de “tio de consideração”. Busic foi trompetista da Traditional Jazz Band e é pai dos garotos da banda de rock Dr Sin, Andria e Ivan Busic.

À diversidade rítmica que recebia em casa ele adicionou a multiplicidade de estilos que a cidade de São Paulo oferece e que lhe inspira em suas criações. O disco mistura à música popular brasileira ritmos africanos, bolero, samba, salsa, frevo e outros gêneros. “Quando garoto, ouvia muito rock e um dia escutei o Lenine cantando o ‘Jack Sou Brasileiro’ e aí me deu a sensação de que dá pra juntar… E desde então comecei a procurar coisas semelhantes”, lembra. “Essa coisa de colocar ritmos latino-americanos, africanos veio de dentro de casa também, por minha mãe frequentar várias religiões.”

Sobre a influência da cidade em que nasceu e vive, Gui explica: “Muito dessa variedade do disco, dessa diversidade, é por conta da cidade em que vivo. São Paulo é muito tradicional às vezes, mas, se você prestar atenção, acha muita coisa. Aqui tem muita festa, tem a do Boi na Raposo Tavares, no Morro do Querosene, tem o Maracatu na Heitor Penteado… Tem de tudo aqui, muita riqueza”.

Guilherme tem se apresentado em bares, hotéis, hostels, tocando suas composições e a de outros músicos. Como Marcos Valle, João Nogueira, Gilberto Gil, João Bosco, Chico Buarque, entre outros. É formado em produção musical pela Universidade Anhembi Morumbi e estuda canto popular na Emesp Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo) e ministra aulas de violão na Associação Atlética Banco do Brasil.

Participou em 2012 do programa Sr. Brasil, da TV Cultura, comandado por Rolando Boldrin, de show com Nailor Proveta no Auditório Ibirapuera e do Circuito Municipal de Cultura com o show GilJoão&Chico. Criou a trilha sonora do documentário “Toda Reza”, do Coletivo Urucum, exibido em 2015 no Itaú Cultural, compôs e arranjou canções e trilha sonora da peça musicada “Branca de Neve e Zangado”, dirigida por Mira Haar e com direção musical de Renato Bellini, participação na peça musicada “Livro de Ouro”, com direção de Geraldo Rodrigues, e atuou no espetáculo musical “Miranda por Miranda”, de Stella Miranda e Tim Rescala.



Sobre essas atuações no cinema e no teatro, ele diz: “Compor pra mim é um desafio. Fazer as canções da peça musicada foi uma experiência incrível, nunca imaginei que iria cair em musicais; depois de atuar na peça da Stella Miranda caí mais ainda no backstage fazendo as músicas do ‘Branca de Neve…’. Foi um desafio e uma diversão”.

Ele também participou de festivais de música com abrangência nacional apresentando as canções de sua autoria “Coisa de Garoto” e “Coisa Boa a Gente Espalha”, entre os quais o Festival de Canção de Andradas (MG), Festival Internacional de Cantautores de São Luiz de Paraitinga (SP), Festival da Canção de Mogi das Cruzes (SP), CPV Music Festival (SP), Evento Impulso Apresenta (SP), Sofar Sounds (SP), Palco Museu da Imigração (SP), Auditório Ibirapuera (SP).

A respeito do mercado e espaço para o músico independente, ele vê a necessidade de as pessoas se unirem, como crê que seja no universo sertanejo. “A galera do sertanejo deu muito certo porque eles são muito unidos, é o que me parece, eles se ajudam muito. Acho isso muito legal e no tipo de música que eu faço acho que a galera está começando a criar um pouco de consciência nisso e mesmo no independente a galera está conseguindo trabalhar”, afirma.

“O que eu vejo para o mercado é que acho que tinha que ter espaço para todo mundo. Sertanejo, funk, tem que estar aí, mas tem que ter espaço para todo tipo de música. Infelizmente, ao que me parece, as grandes mídias não estão tão interessadas em divulgar isso ainda, mas acho que, se a própria galera da música se juntar e entender que não é uma rivalidade, que o negócio é de fato se um trabalhar vai ter trabalho para o outro, em algum momento vai acontecer”, acredita.

Nesse sentido, ele demonstra que não se prende às exigências do mercado, seguindo com sua criação independente do que o mundo “mainstream” exige. “Se for falar de algo que não é verdade para mim, ou eu saio da música ou vou fazer outro tipo de trabalho, tipo backstage, que não apareça tanto. Se fosse só pelo dinheiro, então não teria por que aparecer, mas também respeito todo mundo que faz, é trabalho, se a pessoa escolheu aquilo, é a verdade dela, eu acho digno, mas não é a minha verdade. Eu adoraria lotar um estádio, mas eu sei onde estou, no começo.”

E seu trabalho, define, já se revela pelo próprio nome do primeiro disco, “Coisa Boa a Gente Espalha”. “Fiquei bem preocupado quando escolhi porque as pessoas poderiam achar que eu estava querendo dizer que meu som é bom, mas depois vi que fazia todo o sentido essa frase, porque quando mentalizo algo, eu eu mentalizo pelo outro, porque eu sei que quando você estiver bem eu vou estar bem; quando eu tiver pensamentos positivos, eu vou atrair coisas positivas”, crê.

O disco, acrescenta, fala de amor de diversas maneiras, e não propriamente o amor de um casal. “Falo do amor que tenho pela minha mãe, e pode ser o amor que você tem pela sua mãe, e falo de sorrir e o amor já está implícito ali, a própria música que eu fiz pra minha parceira, a Jhessica, ‘Plano Contínuo’, é uma música de projeções, é aquela coisa de você estar ali com seu parceiro mas você não sabe o que vai ser amanhã, mas projeta coisas com aquela pessoa, almeja, e tem o lance da compreensão, de sair de minha visão para poder entender o que o outro está enxergando para a gente entrar em um consenso, aquela coisa que o Gil fala: a curva generosa da compreensão.”

Disco tem colaboração de 23 músicas e participações muito especiais


“Coisa Boa a Gente Espalha”

O trabalho de estreia de Gui Moscardini conta com participações especiais da cantora Assucena Assucena, da banda As Bahias e a Cozinha Mineira; Renato Braz e Maíra da Rosa. O disco tem 12 faixas, sendo dez delas compostas e arranjadas por Gui Moscardini (‘Quando Entrar’ é assinada por Adriano Girelli e ‘Do Alto do Morro’ é de Raphael Cortezi).

Além das participações vocais, “Coisa Boa a Gente Espalha” teve colaboração de 23 músicos. O baixista Sizão Machado colabora na faixa “Sonho”. Os arranjos foram assinados por Raphael Cortezi e Gui executa o violão em todas as faixas. A dupla também assina produção de todo o disco.

O show de lançamento será no dia 14 de junho, quarta-feira, às 21h, no Teatro Viradalata (Rua Apinajés, 1387 – Perdizes). O show terá a participação de Barbara Rodrix. Os ingressos estão à venda a partir de R$ 20 no site do Ingresso Rápido.

O disco digital está disponível gratuitamente nas principais plataformas de música, como Spotify, Deezer, Apple Music, ITunes Store e YouTube. O disco físico também estará disponível na Livraria Cultura e pela Amazon.

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