"Vitória" (Andrucha Waddington), no GloboPlay, e "A Baleia" (Darren Aronofsky), na Netflix, a que assisti neste feriado, são, à primeira vista, filmes distintos. Mas, para mim, o que os conecta é que tratam de pessoas solitárias, às voltas com seus fantasmas e traumas com relação à sua descendência.
No primeiro, Fernanda Montenegro, do alto de seus 95 anos, dá um show de interpretação, como não podia ser diferente, vivendo a história real de uma mulher que se arriscou para fazer as autoridades cumprirem seu dever.
No segundo, o galã Brendan Fraser, vencedor do Oscar® de melhor ator em 2023 por essa atuação, sentindo a proximidade da morte, busca se redimir de erros do passado, e, nesse processo, conclui que "as pessoas são incríveis" (talvez até ele...).
Apesar de o personagem Charlie pesar mais de 300 quilos, a Baleia do título não se refere à sua obesidade mórbida, mas ao clássico da literatura norte-americana "Moby Dick", de Herman Melville (1851) - e a revelação disso é um dos pontos altos do filme.
São filmes que abordam a solidão, a procura pelo sossego de estar bem consigo mesmo, mas que a necessidade de mexer algo no tabuleiro social e existencial leva a mudanças radicais e imprevistas.
Também revi "Tubarão" (Steven Spielberg), no Telecine, para comemorar os 50 anos de seu lançamento.
Um filme que impactou significativamente o conceito de cinema para multidões, inovou a linguagem e a arquitetura do suspense.
Nele, temos um tubarão-branco solitário que surge na fictícia cidade balneária de Amity Island, na costa de Nova York.
Após devorar a primeira banhista, acende o alerta no xerife Brody (Roy Scheider), um sujeito da cidade grande que não gosta de água nem de barco...
Mas que acaba sucumbindo à pressão do prefeito Vaughn (Murray Hamilton), temeroso da perda de receita do turismo com a interdição da praia por segurança.
Após mais uma morte, desta vez de uma criança, a comunidade se une no afã de capturar o bicho e receber a recompensa de 3 mil dólares.
O xerife, solitário em suas apreensões, chama um especialista, Hooper (Richard Dreyfuss), que consegue convencer todos de que a missão não será moleza.
Aí é que entra o pescador, ou melhor, caçador de tubarões Quint (Robert Shaw), que, por 10 mil dólares, uma caixa de conhaque e uma TV em cores (não é piada!) promete trazer o monstro esticado como sardinha...
Só que o veterano quer enfrentar a fera sozinho, no que é desencorajado pelo delegado e pelo acadêmico.
E lá vão os 3 mar adentro, a bordo do Orca (baleia predadora natural dos tubarões... olha a cetáceo aí de novo), exterminar a ameaçadora criatura de dentes e mandíbula (daí a opção do diretor por 'Jaws' no título em vez de 'Shark').
Enfim: 3 filmes em princípio tão díspares, mas que trazem em suas entrelinhas a comovente e divina comédia humana, onde nada é eterno.
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