O Barquinho Cultural

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domingo, 15 de fevereiro de 2009

O tempo, o inexorável tempo

São 18h50 no horário normal, depois de encerrada mais uma temporada de horário de verão que tanto transtorno me causa no trabalho. Agora as coisas se ajeitam, finalmente. Bem, falar em tempo, neste fim de semana tive duas oportunidades de refletir sobre ele, e me dar conta de que ele, o tempo, o carrego nas costas como qualquer um, mas é em ocasiões específicas que a gente se dá conta de como ele passa... Estive na festa de aniversário de um amigo deputado estadual sexta-feira, cá em Santo André, e reencontrei alguns amigos de tempos passados. Conversando, nos demos conta de que nossa amizade vai completar 30 anos! Estranho, conversando ali com os caras, nos abraçando, nos comportando como naquela época, apesar da maturidade que trazemos hoje e que não permite certas atitudes, senti-me como aos 19, 20 anos ainda, e foi só um deles falar dessas três décadas que separam o momento em que iniciamos nossa amizade e hoje para cair a magia e vermos como estamos longe daquele período, como mudamos, desenvolvemos outros interesses, caminhamos por caminhos que nem sonhávamos àquela época que trilharíamos. E aquele jovem que fingíamos ser nesse reencontro por um instante desapareceu, uma ligeira sombra passou pelo rosto e um turbilhão de memórias veio à mente, um pouco revendo o que se fez, lamentando o que não se fez, e um tanto gostando de ainda poder ser tão irradiante como naquele tempo. E voltou logo ao semblante a alegria de sempre e as conversas continuaram amistosas e felizes, principalmente por se ver que o tempo não impediu que o carinho que sentimos uns pelos outros permaneça forte e intenso.

O outro evento deste fim de semana que levou à constatação de que o tempo é inexorável foi um programa que fiz no sábado. Fui ao que hoje se chama balada, mas que quando eu era adolescente nominávamos discoteca, danceteria, salão, sei lá. Puxa, eu me senti um verdadeiro dinossauro ali, não pela distância etária entre eu e a média dos frequentadores, mas por não ver a menor graça naquilo, no tipo de música que toca, no comportamento da moçada, no conceito de diversão que isso quer encerrar. Não é porque não gosto de dançar - até gosto, se bem que meus passos são os mesmo qualquer que seja a música que toque. O problema é que não é possível uma interação um pouco mais profunda em um ambiente desse. As pessoas estão lá para "azarar", beijar o máximo que puder, relações efêmeras, ser uma pessoa superficial, um ser suante e dançante que não articula duas frases com algum sentido. Decididamente, isso não é diversão para mim. Aos meus 16, 17 anos o era, mas, não sei não, acho que era diferente, talvez menos superficial, pelo menos a gente se arranjava namorada lá ficava com ela um tempo. Sei não.

Bem, a conclusão é que não me sinto velho por isso; ora, aos 47 não posso me julgar idoso, mas penso que devo me eximir de experimentar certas coisas que sei que não me cairão bem. Não adianta querer fazer programas para os quais não tenho afinidades, apenas para estar em dia com a modernidade. Não vejo necessidade de ser moderno, mas é importante saber experimentar daquilo que a experiência indica que haverá qualidade e se extrairá algo de melhor do que apenas diversão. Afinal, o tempo é precioso demais para se gastar com coisas que não dão frutos.

Um comentário:

Vivi disse...

Querido, a gente vai envelhecendo e começa a pensar na vida. Sei exatamente como você se sente. A gente reavalia tudo. Bom é conseguir analisar a vida da gente sem lamentações. Somos felizes porque, podemos ter feito tudo que planejamos, mas fizemos sempre o melhor que somos capazes. Estou linkando você no meu blog, ok?
beijos mil e saudades.