O Barquinho Cultural

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Imagina, 30 anos sem Lennon

Ontem, 8/12, completaram-se 30 anos que um maluco de nome Mark Chapman, sem motivo aparente, disparou quatro vezes contra o ex-beatle John Lennon, que contava com meros 40 anos e um currículo respeitoso na área musical e comportamental.

Morria uma lenda, um músico que formou simplesmente o mais influente grupo de rock de todos os tempos, ultrapassando inclusive as fronteiras do rock.

Como muitos, eu me lembro muito bem o que estava fazendo e onde estava quando soube da notícia. Ouvi em casa e corri para a rua.

Encontrei Cristina na frente da igreja do bairro e ficamos a falar sobre o que acontecera. O mundo era outro, sem internet, Google, orkut, ainda nos informávamos pelos meios tradicionais: rádio, TV, jornal.

Não me lembro em qual desses veículos soube da notícia. Mas me lembro dos noticiários noturnos da TV, mostrando o choque mundial que tinha sido sua morte. Os rádios tocavam sem parar músicas antigas dele e do disco recém-lançado, Double Fantasy, como (Just Like ) Starting Over, Woman, Beautiful Boy, Watching the Wheels - minhas preferidas.

Esse álbum era seu primeiro desde 1975, quando se deu um tempo para curtir o filho que tivera com Yoko, Sean (hoje um músico que adora os Mutantes, rs), tentando reparar o erro que cometeu com o primeiro filho, Julian, com Cynthia, que praticamente não viu crescer dada a febril rotina de superstar.

Foi um momento de grande tristeza, como se tivesse perdido um ente querido, sentimento compartilhado por milhões mundo afora, tenho certeza. Acabava-se, ali, a esperança de os Beatles tocarem juntos novamente, desejo alimentado nos últimos dez anos, desde a separação do grupo.

Eu aprendi a gostar dos Beatles exatamente no ano que eles se separaram. Claro que quando pequeno ouvia as músicas, principalmente pelos serviços de alto-falantes dos parques de diversão, e pelo rádio que minha mãe mantinha o tempo todo ligado enquanto cuidava dos afazeres domésticos. Mas em 1970 tive um contato maior, quando meu pai comprou uma loja que vendia discos.

Na época, começaram a sair os compactos simples de cada um deles, todos com a maçã verde no selo Apple, o que me fez identificar de pronto que se tratavam de singles dos ex-integrantes do grupo. Eram eles Mother, de Lennon; Another Day, de McCartney; My Sweet Lord, de Harrison; e Photograph, de Starr (ou It Don't Come Easy, não me lembro muito bem).

O disco Abbey Road, o último deles a ser gravado (mas lançado antes de Let It Be, gravado antes mas lançado depois), me impressionou muito. Primeiro pela capa, aqueles quatro cabeludos atravessando uma faixa de pedrestes da rua que dá nome ao álbum. Desde então quis ter cabelos compridos, o que fiz por vários anos.

Depois as músicas, belíssimas, surpreendentes, diferentes de tudo que eu ouvira, a começar por Come Together, com aquele som surdo no início, cantada por Lennon. Impacto semelhante eu teria ao ouvir Sgt. Pepper's e por aí vai. Incrível a genialidade da dupla Lennon & McCartney.

Poucos anos depois, saíram duas coletâneas, o álbum azul e o álbum vermelho, com as músicas que só tinham saído em compactos, quando então pude conhecer mais sobre a obra do quarteto. Na verdade, só passei a comprar os discos nos anos 90, quando completei a coleção.

E depois os póstumos Past Masters, Live at BBC e  os três volumes de Anthology, depois os DVDs e os shows de Paul. Enfim, contam-se aí 40 anos de admiração a essa grande banda, que, depois da morte de Lennon, ainda viria a perder, em 2001, o guitarrista George Harrison.

É estranho a gente ver um ídolo morrer. Não vivi a época em que foram-se embora Jimy Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin, Brian Jones, ( os 4 J do rock), mas imagino que o gosto que a geração deles sentiu foi a mesma que a minha, uma sensação de amargor, como se o mundo deixasse um pouco de ser colorido.

P.S: Olha que coincidência, meu post anterior foi sobre Paul McCartney, e agora John Lennon. Mas, como dizem, nada é por acaso, não é?

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