A sergipana Héloa volta a SP para produzir seu primeiro CD |
Em 2013, ela lançou o EP “Solta”, e meus ouvidos e cérebro
ficaram extasiados com a sonoridade pulsante, as referências, os matizes, a
força e o calor que emanam daquelas canções. Agora, ela prepara o primeiro CD.
Veio de Aracaju em agosto e fica em São Paulo até dezembro, período
em que pretende finalizar a gravação do disco. Volta à
capital sergipana para dar continuidade ao material do disco - para o qual deve abrir um financiamento coletivo (crowdfunding) - e retorna a São Paulo pouco depois do Carnaval para lançá-lo – e estabelece-se em definitivo em Sampa. Sorte nossa!
Héloa é uma artista múltipla. Licenciada em artes visuais,
atua em teatro desde adolescente, e a música foi um percurso natural, filha que
é do músico e folclorista Jorge Ducci,
mas ainda natural de uma terra rica em sonoridades as mais variadas.
Além disso, é bailarina e uma contadora de histórias,
animando as tardes de sábado nas lojas da livraria Saraiva. E, ainda, mantém um
curso chamado Teatro Funcional, no qual utiliza as técnicas teatrais para
treinar pessoas que precisam se “soltar” para lidar com o público.
Contação de estórias a crianças é outra de suas atividades |
Em São Paulo, além da produção do CD, está fazendo o curso de cinco meses de preparação de atores em cinema no Studio Fátima Toledo. Quer aprender as técnicas utilizadas pelos atores no telão para aprimorar o seu
treinamento do Teatro Funcional e se inserir no mercado como atriz de cinema. Não é, contudo, a primeira vez que tem contato
com o cinema. Atuou no longa “A Pelada”, de Damien Chemin (2014), do qual também respondeu pela trilha sonora.
O CD, diz Héloa, ao contrário do EP, todo autoral, terá
duas canções dela e as demais – no total de dez – serão de compositores com os
quais se identifica. Nordestinos, a maioria. Mas pode acontecer de algum ou
alguns de outras regiões entrarem na seleção.
A produção será do cearense Daniel Groove,
do estúdio Cambuci Roots, que também deve assinar umas três composições. Groove
ela já conhecia pela obra – seu primeiro CD, “Giramundo”, teve ótima
repercussão e ele lança agora, dia 19/09, na choperia do Sesc Pompéia, o
segundo trabalho, “Romance pra Depois”.
“Eu o escolhi para produzir meu disco, a quem eu conhecia
apenas o trabalho, porque ao conhecê-lo vi a pessoa humana que ele é, emotiva,
verborrágica, que abre o coração, e me identifiquei com suas referências e pela sua forma de compor”, enuncia Héloa. Groove a encorajou a vir a
São Paulo e isso casou com sua necessidade de se amadurecer como artista. “Quis
sair de minha zona de conforto”, explica.
Em busca de inspiração... |
Com ele, tem ouvido muitas músicas, para inspirar seu
caminho. Fagner, Amelinha, Gal Costa, Tropicália, mergulhado na vida cultural
paulistana, conhecido os músicos nordestinos que estão aqui – “e que me
acolheram muito bem”. “Será um disco mais ‘solar’, ao contrário do EP, que foi
mais denso, autobiográfico, que falava de experiências de vida”, adianta.
Se, no EP, ela compunha de uma forma mais
roteirizada, mais teatral, escrevendo canções como quem conta uma estória
(inevitável diante de seu outro talento), neste, ela se permite compor com outras pessoas, absorvendo as poéticas diversas..
O disco, além das composições dela, de Daniel Groove, uma
de seu pai e outra de Allen Alencar, terá canções de outros compositores e ela estendeu convites para seus conterrâneos Alex Sant’Anna,
Elvis Boamorte e pode ser que disso saiam novas canções.
A ideia, diz, é fazer o lançamento do CD em São Paulo, com
shows para os quais formará uma banda na cidade, e depois em Aracaju com
músicos de lá – para a logística ficar mais adequada. Na banda tocarão seu
companheiro Vinicius Bigjohn,
da Couttorchestra, e outros músicos com os quais está tendo
contato.
O disco terá, claro, ritmos norte-nordestinos, como afoxé, carimbó,
entre outros, e, conforme sua definição, será “bastante vibrante, sorridente,
mais leve, falará de romance, de amor, mas sem sofrimento, algo mais ingênuo,
colorido; estou escolhendo composições que tenham a ver com minha vivência, que
me tocam”.
... tem ouvido muita música |
Para alcançar esse calor no novo trabalho, torná-lo mais “ensolarado”,
a vinda a São Paulo, o curso de preparação de atores, seu mergulho na metrópole
agem como “um processo de imersão, de liberação de toxinas, de libertação”.
E o resultado serão canções que contam histórias. E, a
julgar pela sua performance na contação de estórias para crianças (o que ela
também está fazendo nas unidades da Saraiva em Sampa), só podemos imaginar que
vem coisa muito boa aí.
Abaixo, clip de "Barquinho", do EP "Solta"
#Leia mais sobre Héloa na primeira entrevista dela ao Blog por Bloga.
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