A cantora, descoberta por Billy Blanco, está concorrendo ao Grammy Latino 2016 em quatro categorias por seu primeiro CD, "História de Amor à Arte", produzido por Luiz Caldas. A cantora vai se apresentar nos dias 22 e 29 de junho na Varanda do Teatro Sesi Rio Vermelho (rua Borges dos Reis, 9), em Salvador, acompanhada de Fernando Vergasta ao violão. Os shows serão às 20h e os ingressos custam R$ 20, com classificação livre
Mariane fecha agenda de shows na Europa |
É a coroação e reconhecimento de um ano de trabalho de divulgação do CD nas
rádios online, que fez com que o disco fosse conhecido e aceito em várias
partes do mundo. Gravado em 2001, “História de Amor à Arte” e sua intérprete
foram conquistando espaço na Bahia. Mas faltava, como Mariane diz, alguém “sério”
para dar ao trabalho o devido direcionamento.
“Faltava uma pessoa como o selo CMA para direcionar o disco para a coisa
certa. Aqui já era conhecido, mas
precisava da visibilidade dele mais até que nacional para que ele acontecesse,
para que as pessoas começassem a acreditar nele”, diz a cantora. O selo colocou
o CD em todas as plataformas existentes – YouTube, Spotify, Rhapsody, Deezer,
Google Play etc -, o que o fez visível no mundo todo.
“O pessoal do selo CMA me disse que o disco merecia divulgação em nível
mundial porque é um disco de MPB e tem que ser ouvido nas rádios online no
mundo inteiro. E, de fato, a Europa aceita a MPB até mais do que a gente. O pessoal
da MPB é batalhador, porque cava seu próprio espaço e onde é a terra da MPB não
há espaço para ela”, lembra Mariane. Depois, então, da indicação ao Grammy
Latino, as coisas mudaram, diz. “O que faz sucesso lá fora as pessoas querem
ouvir aqui. Estou sentindo isso.”
O trabalho daqui para a frente será o lançamento do disco. Mariane já
está recebendo vários convites para apresentações na Europa, e pretende fechar
uma agenda de shows lá fora. Até lá, tem agendadas apresentações na Varanda do Teatro Sesi do Rio Vermelho, em Salvador, nos dias 22 e 29 de junho, acompanhada de FernandoVergasta ao violão.
Sobre a “inversão” de estratégia – lançar o disco primeiro nas rádios
online e depois apresentar o CD em shows -, Mariane afirma que é próprio do
tipo de trabalho que desenvolve: MPB tradicional, um espetáculo mais intimista.
“Porque se é um axé, um forró universitário, é diferente, porque o público hoje
no Brasil é voltado para esse tipo de show. O intimista não, ele tem que ser
intimista em tudo: tem que sentir o mercado para lançar o produto, é o inverso
hoje. A gente tem sentido isso”, esclarece.
E a concepção do show já está montada. “O cenário é composto por quadros
de artistas brasileiros, vou recitar Fernando Pessoa, Castro Alves... O disco se
chama ‘História de Amor à Arte’ exatamente por isso: para resgatar a nossa arte,
a nossa música, os escritores, poetas. Um disco feito com muito amor, com
grandes compositores, que está num selo incrível, que preza muito a MPB e a
música instrumental.”
O show de lançamento de "História de Amor à Arte" será após as festividades de São João, em julho, e terá a presença dos seguintes músicos: Nikolas Hatz - guitarrista e violonista, que também toca com Tatau (Araketu) e Chica Fé; Nivaldo Cerqueira - saxofonista e flautista, que toca com Claudia Leitte; Felipe Ferreira - baixista; Denizard Fonseca - tecladista; Sergio Luis Ferreira (Serginho) - baterista. A produção artística do espetáculo é da vocal coach e produtora Hulda Lago.
Trajetória
Brown co-assina uma das faixas do CD (foto: Arquivo Pessoal) |
Aos 15 anos de idade, Beto Montenegro, irmão de Oswaldo Montenegro, foi ao colégio Objetivo, de Brasília, onde ela estudava, para fazer uma pré-seleção para um espetáculo e Mariane foi escolhida. “O espetáculo não aconteceu, mas estive com o Beto na concepção toda do espetáculo”, lembra Mariane.
Mais tarde, aos 21 anos, Milton Blanco, sobrinho de Billy Blanco [compositor paraense, radicado desde os anos
1950 no Rio, onde morreu em julho de 2011], a conheceu cantando nos
Encontros de Poetas de Brasília, promovido por senadores. “Fui fazer uma
apresentação para o senador Áureo de Melo [senador
pelo Amazonas entre 1987 e 1995, morto em 21/01/2015], em seu aniversário.
Milton me viu cantando e me indicou ao tio Billy, que fui conhecer no Rio, onde
ele estava fazendo show com De Athayde, neto de Austregésilo de Athayde [ex-presidente da Academia Brasileira de
Letras – ABL, morto em 13/09/1993]”.
Fascinado com sua voz, Billy lhe disse que estava indo para Brasília
para se apresentar no Clube do Choro, na Academia de Tênis, em 1999, e
perguntou se ela topava ir com ele. Sem titubear, Mariane foi, fizeram três
shows e Billy lhe disse que ela não pararia mais, que precisava gravar um disco.
“Aí fui para o Rio, mas lá fui assaltada três vezes em uma semana e
desisti de ficar. Disse isso ao Billy, que me indicou a Bahia; era a época em
que a Ivete Sangalo estava estourando e o mercado estava todo voltado para lá.
Só que eu não cantava axé, e ele me disse que lá ia conhecer o Luiz Caldas, que
é o pai do axé e um excelente instrumentista e toca tudo”, recorda a cantora.
Já em Salvador, Mariane entra em contato com um amigo que tocava com
Luiz Caldas, com quem fez um teste vocal. “Ele, sabendo que eu tinha cantado com
Billy, quis que eu cantasse com ele também. Começamos e ele me propôs a
gravação de um disco”. Assim nasce “História de Amor à Arte”.
O disco tem direção musical de Luiz Caldas, que ainda contribui com seis
das onze faixas. As demais são compostas por outras feras: Billy Blanco,
Carlinhos Brown, Edil Pacheco e Raimundo Sodré. “É um disco bem eclético, tem MPB
romântica, chorinho, samba de roda, bossa nova... Não é um CD monótono”,
define.
“Isso foi em 2001. De lá para cá, fizemos uma série de shows, mas
precisava lançar o CD no mercado, mas os artistas e produtores na época só
queriam axé, e, apesar de gostarem do disco, produtores, empresários, investem
mais em discos comerciais, que são bons também, e acha que eles estão certos,
tem que pensar em seu bolso”, relembra.
“Após correr com o disco em todos os lugares, as pessoas foram gostando
e dizendo que precisava colocá-lo nas rádios. Começou a tocar na rádio
Educadora, e as pessoas foram descobrindo, mas faltava uma pessoa como o selo
CMA”, frisa a cantora.
Com o incentivo do CMA, a história agora começa a mudar para essa
guerreira, de voz suave, indiscutível bom gosto para repertório e que o mundo –
Brasil incluído – passa agora a conhecer mais de perto. “Então tem que ser
isso: se você tem um trabalho bom, insista, estude, acredite, porque tudo tem a
sua hora”, diz.
E, paralelo ao trabalho com esse primeiro CD, Mariane já tem em mente um
segundo trabalho, este mesclando MPB clássica com música lírica. Ela estuda
canto lírico com a coach Hulda Lago – também produtora do show de “História...”
–, a quem conheceu no ano passado, quando fazia apresentações com a banda
oficial de Cláudia Leitte, que participava do projeto Jazz na Concha. “Sempre
estudei. Além de cantar MPB, quis ampliar para o lírico.”
Ou seja: vem música
de qualidade por aí. É ficar de ouvidos abertos e esperar...
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