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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Bodas de Ouro: "O Bofe", de Roberto e Erasmo Carlos


A trilha nacional de "O Bofe", novela de Bráulio Pedroso (depois Lauro César Muniz), dirigida por Lima Duarte, Daniel Filho e Wálter Campos, que a TV Globo exibiu entre junho de 1972 e janeiro de 1973 no horário das 22h, é a única que os compositores Roberto e Erasmo Carlos fizeram para um folhetim televiso. Era comum, na época, os produtores encomendarem as trilhas nacionais a uma dupla de compositores, para dar mais "unidade" aos temas.

Segundo conta Erasmo, deram-lhes 15 dias para compor as 12 faixas, que eles cumpriram aproveitando algumas composições inéditas então, apenas adaptando aos personagens aos quais se referiam. Mas os intérpretes foram diversos outros, e não os ex-ídolos da Jovem Guarda.

Ali temos então cantores do pequeno cast da Som Livre (como Renata e Flávia, Djalma Dias, Sandra e Betinho); a já consagrada Elza Soares; Osmar Milito, um pianista de jazz de presença constante em especiais musicais da emissora, que comparece em duas faixas, uma acompanhando Luna e Suza (da Som Livre) e a outra com o Quarteto Forma, do qual fazia parte Eduardo Lage, que em 1977 se tornaria maestro de Roberto; Os Vips, dupla da Jovem Guarda formadas pelos irmãos Ronaldo Luís e Márcio Augusto Antonucci; Claudio Faissal, que cantava na banda de Ronnie Von e depois seguiu carreira solo interpretando canções em italiano, Jacks Wu, também intérprete em vários outras trilhas de novela da época (pai da roqueira de Salvador Shalin Way Attemporais)

O disco tem também uma faixa cantada por Eustáquio Sena, produtor do LP junto com Waltel Branco nos arranjos, e outra por Nelson Motta, que gravou a faixa "Madame Sabe Tudo", da personagem Stanislava Grotoviska, interpretada por Ziembinski (primeiro personagem travestido da TV, dizem), após Marilia Pêra não ter gostado de seu trabalho.

A novela era um escracho ao desejo de ascensão na sociedade e ao próprio formato de telenovelas. A audiência era pífia e Bráulio acabou substituído por César Muniz, mas mesmo assim não decolou. Bem como o disco, que passou batido e é considerado até por Motta um trabalho mediano da dupla Carlos.

Uma única música da trilha, "Moço", agora interpretada por Erasmo, teve sobrevida e acabou entrando em outra novela, "A Idade da Loba", de Alcione Araújo, direção de Jayme Monjardim e Marcos Schechtmann, exibida de julho de 1995 a janeiro de 1996 na TV Bandeirantes e que o Tremendão regravou no EP "Quem disse que não faço samba", de 2019.

A gente tinha esse LP em casa ou na loja de discos de meu pai, mas não me lembro de tê-lo escutado. Só me recordo de ficar com medo da personagem de Ziembinski, que enchia a cara de xarope e sonhava com o galã Jardel Filho, um dos bofes (à época, sujeito grosseiro, sem educação) da trama, junto de Cláudio Marzo.

"Moço
Vê se larga o osso
Com a vida no bolso
Procure um amor
Não tem"

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