O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 6 de março de 2009

Cultura da não fruição

Comprei recentemente um novo aparelho celular, não de último modelo, mas bem moderno, desses com câmera fotográfica e filmadora, internet, e-mail, bluetooth, rádio, tocador de mp3 e mais um monte de recurso que ainda preciso ler no manual para entender para que serve e como operar. Ah, serve para telefonar e mandar torpedo também, meus usos mais frequentes. Imagino vez em quando como um aparelho desses me fez falta 25 anos atrás, quando tantas vezes estava atrasado para um compromisso, preso no tráfego dentro de um ônibus, e uma ligação avisando que chegaria mais tarde seria uma boa livração da cara. Incrível, mas hoje há o recurso mas não a necessidade, parece que, embora o trânsito tenha piorado muito mais, consigo me programar melhor e não chegar atrasado a nada. Ou então quantas vezes vi cenas impressionantes na rua que pensava se tivesse uma câmera iria eternizar o momento. Hoje tenho, mas parece que o olhar está menos atento. Não sei, mas me parece que a necessidade torna as pessoas mais sensíveis ao que lhes ocorre ao redor. Hoje temos tudo à mão e muitas vezes nem sabemos para que precisamos. Troca-se de celular a cada seis meses apenas para ter o mais recente modelo. Há tempos venho adiando a compra de um gravador de DVD. Penso: com ele, faria a coleção de filmes que eu comecei ainda na época do videocassete e abandonei. Gravei centenas de filmes. A quantos eu assisti? Poucos, muito poucos. Comprei vários DVDs também e estão lá, dormindo na estante. Então, para que comprar o gravador se não conseguirei assistir a tudo que gravar. Também baixei um monte de músicas em mp3 no computador. Tem mais de 5 mil lá. E a disposição de ouvi-las? E assim as coisas vão. Livros que comprei ainda nos anos de faculdade que igualmente não foram lidos... É a cultura da acumulação, ou da facilidade. Porque quando o acesso era difícil, consumia-se avidamente o que se conseguia. Claro, a culpa não é da tecnologia, penso que é a gente que não sabe lidar bem com isso: quer-se tudo para nada usufruir, da mesma forma que a garotada hoje tem diversos casos (ou ficadas) e nenhum romance.

Um comentário:

Sandra Evangelista disse...

Oi Carlos, concordo com você.
Engraçado.........
Alguns dias atrás, fiz os mesmos comentários com uma amiga.
Senti que estava relendo seu texto.
Adorei seu blog!
A foto e seu comentário sobre a Toca do Raul me deu uma saudade danada.
Bjo