O Barquinho Cultural

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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Viajar é preciso

"Vai, Carlos, ser gauche na vida." Esse verso do poema de Drummond não me foi dito por nenhum anjo torto, mas por meu médico. O que ele quis dizer? Ele diz isso quando conto-lhe minhas aventuras por esse país, andando de norte a sul com meu peugeotizinho, conhecendo pessoas, me aventurando, sem limites muito definidos. Eu gosto de sair do certo quando me dá na telha, eu gosto de experimentar minhas capacidades. Eu faço, porém, coisas que não são perigosas. É que em boa parte de minha vida fui delimitado, com medo de sair do conforto do conhecido, e sempre orientado a não sair do cabresto me imposto. A busca de novos horizontes é uma forma de quebrar essas correntes, de desbravar, de crescer. Sei que muitas vezes é de uma forma meio destrambelhada, como quando dirigi 18 horas sem parar de Cascavel, no Paraná, a Rondonópolis, no Mato Grosso. Foi uma loucura. Mas eu queria, de alguma forma, testar meu limite. É errado, eu sei, mas eu estava afetado por acontecimentos que me deixaram abalado, e a forma de não pensar muito nisso foi essa sandice. O problema é que adoro dirigir. Quando pequenino, brincava de motorista de ônibus. E não sei como não segui nessa profissão, tamanho era o gosto que eu tinha nesse brinquedo. Adorava carrinhos, jipinhos, triciclos, tudo que pudesse rodar comigo em cima ou dentro. Curiosamente, só fui tirar carteira de habilitação com mais de 20 anos. Além de gostar de andar de carro, gosto de viajar, quero conhecer o Brasil todo, não me importo muito em conhecer o exterior por enquanto, quero ir para o Sul e para o Norte, que ainda não conheço. Então quando é possível eu pego a estrada e vou conhecer novas paisagens, novas pessoas, novas comidas, hábitos, músicas, novas culturas, enfim. Mas o que mais me admira e me deixa encantado são os sotaques que vou conhecendo. Como é rica a diversidade de meu país. Estou agora frequentando mais o sul de Minas por conta de minha namorada Isabela, que mora em Três Pontas. E aquele sotaque mineiro meio cantado é lindo, como gosto de ouvir o povo de lá falando. É uma verdadeira fruição. Ir semanalmente para lá, apesar de cansativo, é estimulante, pois sempre há uma localidade diferente para ir, novas cachoeiras para ver, fazendas. Recentemente estivemos em São Thomé das Letras, um lugar dado como místico, envolto em uma aura esotérica. Confesso que não senti nenhuma energia especial ali, mas o lugar é deslumbrante, com todas aquelas pedras, tão exploradas industrial e comercialmente, e cachoeiras de acesso difícil. São novas visões que superam a melancolia da retina, de sempre ver as mesmas coisas. Então o fato de eu desbravar esses rincões não pode ser considerado irresponsabilidade. Acho que é antes de qualquer coisa fome e sede de conhecimento, porque viajar é conhecer, é crescer. Claro que há maneiras digamos mais seguras de o fazer e eu costumo escolher umas um pouco mais arriscadas. Mas permitem conhecer muito mais e dão bem mais liberdade de fazer o que quero, no momento que desejo. Afinal, como canta o Walter Franco, "o mundo fica imóvel sem você".

2 comentários:

Isabela disse...

É ótimo viajar, mesmo. Mas eu me preocupo também com essas loucuras suas.. Você deveria tomar mais cuidado, mas é muito legal essa vontade de conhecer o nosso país, que realmente é riquíssimo em variedades! Gostaria de viajar mais com você! E essa música do final me lembrou quando você colocava o cd pra dormir.. 'não deixe puro e óbvio seu viver...' haha, que saudades!

Carlos Mercuri disse...

VAmos ainda viajar muito, vc vai ver. E que legal vc lembrar dessa música.. Adorei. Te amo, filha