O Barquinho Cultural

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

She's leaving home

Minha filha vai estudar em outro Estado. Um bem longe. São vários os sentimentos que me invadem, vários contraditórios. O principal deles, contudo, é a sensação de que ela cresceu, criou asas, pode andar com as próprias pernas e todos os chavões do gênero.

Isso é bom, mas dói também, porque os pais nunca admitem serem menos importantes para seus filhos que o mundo que os cerca. Quer dizer, ela cresceu faz tempo, mas agora, com essa sua decisão, a ficha cai mais pesada e desnorteia.

Apesar de eu e a mãe e muitas outras pessoas apoiarem, um gosto de tristeza e um amargo na boca são inevitáveis. A gente quer ter por perto sempre, porque quer poder proteger, quer cuidar, quer tomar conta. Não terá mais a comida pronta, casa e roupas limpas. Isso será responsabilidade delas (vai morar com a prima-irmã-melhor-amiga).

Claro que isso é importante para o crescimento, para sua formação para a vida que terá de enfrentar. A gente sabe de tudo isso, mas isso é razão, o emocional não pensa, ele sente. E o sentimento é de que ela vai ganhar o mundo, e espero que a tenhamos preparado o bastante para esse desabrochar. E que o mundo não seja muito cruel com ela.

Fiquei já com essa sensação ao buscar os documentos de inscrição de uma faculdade dela. Ela já às voltas com uma das piores coisas desse mundo injusto, que é a horrenda burocracia. Ela debutando nesse mundo que não dá moleza para ninguém. A sensação de que a gente não a poderá proteger de tudo nesse mundo é angustiante.

Por mais que tenhamos dado a ela todas as condições de enfrentar as agruras que há, no fundo queríamos sempre mantê-la na redoma indevassável, imune à selvageria que há lá fora. Mas sabemos que é necessário esse crescimento, esse enfrentamento para que aprenda a viver. E, claro, sempre estaremos por perto e a postos para qualquer necessidade mais difícil, ensinando a pescar (outro chavão inevitável).

Mas eu tenho certeza de que essa sua experiência fará dela uma cidadã mais consciente ainda do que é, que agregará conhecimentos, fortalecerá seu espírito, endurecerá o couro, ganhará muito mais do que aquilo que poderíamos dar, porque os pais nunca podem dar tudo. Damos as oportunidades, agora cabe a ela agarrá-las e fazer o melhor que puder. Nunca esquecendo de ser justa com todos, de ser honesta, de ser amável, tudo isso que ela já é e que vai saber dosar para que não seja ludibriada pelas más intenções que imperam por aí.

A gente cresce sempre às próprias custas, mas o aprendizado é sempre melhor quando há quem acredite na gente e não há empecilhos. Nesse ponto, julgo que estamos, eu e a mãe, agindo certo: jogando-a no mundo sem rede de proteção, mas com a certeza de lhe ter dado musculatura e equilíbrio suficientes para agarrar o trapézio e dar seu show, pois o aplauso é  garantido. Boa sorte meu bebê.

Um comentário:

isabela disse...

paai.. não sei nem o que dizer, vai ser muito difícil essa nova fase, mas sei que vocês estarão sempre aqui quando eu precisar! nunca vou deixar de ser o 'pupu' de ^vocês, mesmo na faculdade, pós, mestrado, ou sei la o que mais.. amo muito voceS!!!!