O Barquinho Cultural

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Em busca da felicidade

Assisti ao novo filme do Arnaldo Jabor, A Suprema Felicidade, seu oitavo longa-metragem após quase 25 anos de ausência na direção. É um filme nostálgico, que relembra um Rio que não existe mais - aliás, bela reconstituição cênica - e emoções que ainda persistem. Eu não posso dizer que gostei, mas também não digo que detestei. Digamos que tolerei, principalmente pela excepcional atuação do grande Marco Nannini, sem falar de Emiliano Queiroz e o sempre bom João Miguel. Devo destacar ainda Elke Maravilha, com uma interpretação correta e longe da fanfarronice que a acompanha.

Meu senão ao filme é pelo fato de ele não dizer bem a que veio, eu realmente não consegui detectar qual a mensagem que Jabor quis passar. Seria a de que a felicidade não existe, o que corresponderia ao seu conhecido sarcasmo? Porque o título não se justifica nas cenas, protagonizadas pelo menino Paulo, apontado em três fases de sua vida: menino de 8 anos, adolescente e aos 19 anos. Por meio de sua vida, vão desfilando os demais personagens: seus pais, seus avós, amigos, padres do colégio, prostitutas...

O mote é a busca da felicidade, mas são poucos os momentos em que ela se manifesta. Creio eu que a ideia é esta mesma, a de que a felicidade, seja suprema ou não, é uma ilusão, como o carnaval que irrompe sem muita explicação. Aliás, essa cena remete também à nostalgia, de um tempo em que o carnaval era essencialmente na rua, coisa que os blocos de hoje parecem querer reviver. Mostra ainda uma Lapa romântica, com Noel Rosa dando o tom, cabarés feéricos e ruas azuladas habitadas por seres há muito extintos, como o comprador de jornais e revistas velhas (será que existiram?) e o pipoqueiro desbocado.

Um filme, sim, bonito, com lindas imagens desse Rio dos anos 40 a 60, mas a sensação ao sair da sala é a de que alguma coisa não está bem  explicada. E que o longa foi longo demais.

Simplesmente Beth - Na sexta, 12, fui ver Simplesmente eu, Clarice Lispector, peça escrita, interpretada e dirigida por Beth Goulart, simplesmente esplêndida em sua atuação, com uma caracterização leve e muita força dramática.

O texto baseia-se em obras, entrevistas, correspondências e depoimentos da escritora e traz suas reflexões sobre os mais variados assuntos, com palavras fortes, que causam bastante impacto. Eu nunca li nada dela, apenas vi o filme A Hora da Estrela, que me causou grande impacto (vi também uma montagem teatral dela), mas o espetáculo incita a vontade de mergulhar em sua obra, objetivo confessado por Beth - o de fazer as pessoas lerem, e não apenas livros de Clarice.

A peça tem uma carpintaria engenhosa, apesar do cenário espartano, mas com forte trabalho de luzes e sonoplastia, além de efeitos visuais em um telão. Beth interpreta a escritora e alguns dos personagens de seus livros e demonstra segurança de arrepiar na interpretação. A força está mesmo no texto, que mostra uma mulher questionadora e que busca o conhecimento e o autoconhecimento e, quem sabe, a felicidade.

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