O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 16 de março de 2012

Meu primeiro Chico


Dois de março de 2012, uma sexta-feira, eu e Isabela fomos assistir ao show de Chico Buarque no HSBC. “Hoje é o dia da graça”. Primeira vez em nossas vidas vendo esse ícone ao vivo em um palco. Emoção. Alegria. “Abro meus braços pra você”. Momento raro. Vejo em seu site que este foi o sexto espetáculo que ele apresentou em 36 anos. Não podia perder.

Tinha visto Chico uma vez no Rio, acho que em 1996, em uma partida de futebol entre seu time, o Polytheama, e uma seleção de barrigudos do PT. Após a partida (esqueci quem ganhou), ele, arisco, safou-se do batalhão de jornalistas que o queriam bombardear de perguntas como quem se livra de um ataque de abelhas. “E a gente vai ficando pra trás”. Não respondeu à minha pergunta (nem me lembro mais qual foi). Na verdade, respondeu a uma ou duas e sumiu, atravessando perigosamente a avenida Brasil rumo a sei lá onde, correndo o risco de “morrer na contramão atrapalhando o tráfego”.

Outra vez, em 1997, o vi no lançamento do projeto “Terra”, com livro contendo fotos de Sebastião Salgado, texto de José Saramago e um CD com quatro músicas dele. Mas também inacessível.

Desta vez não, estava lá no palco, roupas escuras, cenário com reproduções de telas de Portinari e desenho Niemeyer e um desenho geométrico, iluminação quente. “Eu não queria jogar confete, mas tenho de dizer, ‘cê’ tá de lascar, ‘cê’ tá de doer.” Uma turnê longa, iniciada em novembro em Belo Horizonte e que aqui, em São Paulo, está estendida até abril.

Começou com O Velho Francisco. Entremeou canções do último disco, “Chico”, que não conheço, com outras de várias fases de seus 45 anos de carreira. Algumas de que consigo me lembrar: Desalento, Bastidores, Teresinha, Ana de Amsterdam, Anos Dourados, Sob Medida,Tereza da Praia (que dividiu os vocais com o baterista Wilson das Neves, de quem ficou com o chapéu da foto), Cálice (homenageando o rapper Criolo) e, surpresa, Geni e o Zeppelin!

Esta merece um destaque: foi a música que me fez prestar atenção nele, lá nos meus 16, 17 anos. Claro que sabia de sua existência pelos festivais, dos quais eu era espectador interessado pela TV. Conhecia A Banda e  Sabiá, mas nesta época, 78, 79, meu gosto musical era duvidoso, sem muito critério, “à toa na vida”.

E essa música, por causa do verso “joga bosta na Geni”, chamou minha atenção – e a de todo o país, imagino -, pois vivíamos um regime militar que censurava tudo e tornava a vida muito careta, “tanta mentira, tanta força bruta”. Pouco tempo depois, em 1980/81, já participando do movimento de jovens da paróquia de meu bairro, virei seu fã incondicional e de tantos outros bambas da dita MPB.  

Eu montaria outro repertório para o show. Eliminaria muitas das músicas novas, que não me empolgaram (o penúltimo disco dele, “Carioca”, comprei e ouvi apenas uma vez), e acrescentaria muitas mais antigas e  conhecidas. Difícil escolher. “Tem samba de sobra pra gente sambar.” Mas valeu assim mesmo. Um espetáculo que fez brotar emoções “à flor da pele”. “Deus lhe pague”, Chico.

3 comentários:

Emily disse...

Eu já imaginava que o show teria sido espetacular, mas você intensificou a beleza do espetáculo! Adorei e senti vontade de estar lá. rs

Isabela disse...

Foi lindo! O Chico é demais... poxa, amei o CD novo, já baixei várias músicas... :) Ele é sem comparação!

Carlos Mercuri disse...

Priminha, foi mesmo um espetáculo, mas acho que meu texto não soube dimensionar o suficiente... Filhinha, ouvi o Carioca de novo e achei mesmo bom, poético. Vou ouvir o último, depois falo. Bjs às duas.