O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 2 de março de 2012

A razão da idade

Não me incomodo quando me chamam de velho. Primeiro, porque quem o faz em tom pejorativo revela preconceito, e para a opinião de pessoas preconceituosas não dou o menor valor. Segundo porque pessoas com mais idade têm, sim, lugar no mundo, são os guardiões de nossa história e podem ser a lanterna na popa e na proa (lembrando livro do economista Roberto Campos) para os que têm a curiosidade necessária de ouvi-los para entender um pouco as coisas. Terceiro porque o passar dos anos nos dá de presente o ensinamento, a experiência, coisas que ninguém pode tirar de nós e que podemos passar de graça a quem se interessar; portanto, antes de tentar ofender alguém chamando de velho, é melhor refletir um pouco sobre o significado da vida e como a idade é algo relativo.

Conheci esta semana uma pessoa de quase 100 anos, senhor Pedro, de uma lucidez incrível. Um homem gentil, educado, interessado, a quem ouvir é um prazer inigualável. Muitas vezes a gente bate a cabeça por aí, errando, hesitando, perdido sobre o que fazer, e esquece que o que podemos estar vivendo neste momento tem um peso que podemos estar exagerando em sua dimensão. Ouça alguém mais experiente, vai ver que isso já foi vivido por essa pessoa e que pode ter muito menos importância do que parece.

Convivi com pessoas que sofriam demasiadamente por causa dos problemas que vêm lhe atormentar, e chegaram ao cúmulo de achar que não têm mais lugar neste mundo, tamanha a carga de agruras por que acham que passam. Ora, problemas sempre os teremos, a diferença está em sabermos encará-los com tranqüilidade e coragem, não os deixar crescer demais, porque aí sim eles nos engolem.

A juventude é uma delícia, claro, o vigor, a capacidade quase ilimitada de realizar as coisas, o descobrir. Mas cada fase da vida tem seu encanto, e quem tem filho sabe bem disso. Penso que não é legal a gente se vangloriar por ser jovem, bem disposto e com muito mais competência para certas atividades que os mais idosos. Quando eu era adolescente, sofria muito pela dificuldade de compreender muitas coisas, e clamava pela experiência que agora tenho. Mas nem por isso deixei de viver cada ano de minha vida com a plenitude que pude...  e nunca maltratei ou humilhei ninguém de qualquer idade.

Novo ciclo – Estou percebendo que uma etapa nova se inicia em minha vida. Meio que por acaso, as coisas foram acontecendo e, ao me dar conta, vi que a vida nos reserva sempre surpresas – boas e ruins. Nada foi planejado, as decisões foram ao sabor das oportunidades, dos desejos que surgiam. O importante é que tive a destreza de perceber a mudança e a coragem de abraçar o novo sem medo de ousar. Eis aí mais uma importância da experiência: antes o novo me assustava e me deixava hesitante, pé no chão por demasia que sou. Agora, vamos encarar, e seja o que Deus quiser.

Deixo para trás dissabores que quase me fizeram perder a razão, e o faço sem ressentimento, pois isso só entorpece os sentidos e diminui nosso valor. A tendência, após ter vivido experiências tenebrosas, é ficar batendo a cabeça se perguntando como pude ser tão burro, ingênuo. Ora, ninguém está imune a se enganar, nem toda experiência do mundo nos livra de cair em armadilhas da vida, afinal, a gente tem boa fé e isso por vezes impede que sejamos desconfiados o suficiente para evitar que o mal nos atinja.

Como disse recentemente a uma pessoa, o fato de ter sido ludibriado em várias ocasiões não significa que todos são ruins e que vou me ferrar novamente. Se fosse assim, não poderia mais sair de casa, conhecer pessoas, experimentar novas sensações. Ainda tenho fé nas pessoas de bem, que há em abundância por aí. E continuo acreditando que  viver vale a pena e o importante é seguir em frente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que a idade pode ser a melhor ou a pior coisa do mundo, tudo depende de como você a utiliza! ;D
te amo papi, voce nao é velho!
;**
isa