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O Barquinho Cultural
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Outubro já começa com muita música e diversão, para agitar o domingo de qualquer ser enlouquecido por música independente de qualidade, em um show épico e incrível no Hangar 110, em São Paulo.
As bandas Depois do Fim, Canal XIII, BloodBuzz e a cantora Amanda Yamashiro sobem ao palco para fazer a festa e mostrar um pouco de seus trabalhos autorais, com muito rock, pop e punk. A abertura do show fica por conta do humorista Gabe Cielici, vencedor do prêmio Multishow de humor.
Depois do Fim: rock'n'girls em alta (fotos: Divulgação)
A Depois do Fim traz seu pop/punk, com letras cheias de mensagens de amor, relacionamentos e cotidiano, com as garotas arrasando nos vocais e mostrando que o Rock'n'Girls está mais em alta do que as pessoas imaginam.
BloodBuzz canta a nossa rotina
Distinta do grupo DDF, a banda BloodBuzz traz em seu vocal uma voz feminina e uma equipe de peso e afinada, em plena harmonia, com letras que refletem a rotina de qualquer habitante pensante e estressante de uma megalópole
Canal XIII: rock alternativo
Já o Canal XIII traz seu rock alternativo, com canções que falam do cotidiano dos seres humanos e como eles interagem com o mundo ao seu redor, buscando suas metas e objetivos e superando as decepções da vida, sempre regadas com muita poesia.
Amanda Yamashiro em solo
E, por fim, a ex-vocalista da Banda Cassie Amanda Yamashiro traz sua voz rouca e sua potencialidade musical, em sua nova empreitada como cantora solo.
Gabe Cielici: humor e música
Não se esquecendo da abertura, que fica por conta do músico e humorista Gabe Cielici, que, além de contar piadas pelas ruas de São Paulo, também é músico e lançou um álbum em homenagem a suas ex-namoradas, com muito humor e diversão, que até mesmo quem não o conhece irá se identificar com algum(a) ex-namorado(a) que se foi para nunca mais voltar.
Esse show também marca a despedida da guitarrista da DDF, a Gabih. Que deixa o grupo depois de nove anos nas guitarras da Depois do Fim, para alcançar novos voos em sua carreira. Será uma grande festa de despedida e alegria, para os amantes do rock alternativo paulista.
Serviço:
Depois do Fim, Canal XIII, Bloodbuzz e Amanda Yamashiro
Despedida da Gabih
Data: 4 de outubro de 2015
Horário: 17h30 às 22h
Local: Hangar 110
End: Rua Rodolfo Miranda 110, São Paulo/ SP.
Ingressos:
Antecipado - R$ 20
Na porta - R$ 30
Locais de venda de ingressos:
Pelo site: hangar110.com.br
Ou na loja 255 Galeria do Rock:
End: Avenida São João, 439 1° andar. Loja 255. São Paulo.
Tel.: (11) 3361-6951
Por: Patrícia Visconti, de O Barquinho Cultural As três meninas nascidas em Belo Horizonte, mas que vivem em São Paulo, dão uma visão bem sofisticada ao autêntico forró pé-de-serra. No dia 9 de outubro, elas se apresentam no Centro de Tradições Nordestinas (CTN) - Rua Jacofer, 615 - Bairro do Limão - São Paulo - com ingressos a R$ 20 (antecipados) e R$ 30 (no dia).
As mineiras mesclam o ritmo nordestino a outros gêneros populares (Divulgação)
Não é muito comum vermos bandas femininas de forró, ainda mais que, além de tocar e cantar, ainda compõem suas letras. Porém, três meninas de Belo Horizonte apaixonadas pelo estilo se reuniram para cantar o autêntico forró pé-de-serra.
O Trio Sinhá Flor, formado por Carol Bahiense (triângulo, sanfona e voz), Cimara Fróis (sanfona e voz) e Talita del Collado (zabumba, violão, flautas, percussão e voz), residentes em São Paulo, levam a rica e tradicional cultura nordestina aos setes cantos do país, propondo uma nova formação do gênero, mostrando que zabumba, sanfona e triângulo também são instrumentos para as mulheres.
Além do forró, o trio mescla outros estilos e arranjos a suas composições, dando uma cara própria ao grupo, em um repertório que vai de Luiz Gonzaga à MPB moderna, além de buscar inspiração em grupos vocais e expoentes de outros gêneros, como Quatro Ases e Um Coringa, Demônios da Garoa, Trio Esperança e Quarteto em Cy, apresentando um forró com uma roupagem mais contemporânea, flertando com o jazz até.
As meninas dão nova roupagem ao forró tradicional (Divulgação)
As artistas têm uma performance única e peculiar no palco, nascida das experiências e conhecimentos pessoais de cada integrante, contribuindo para que cada apresentação seja única e especial, não apenas para dançar, mas também ao assistir.
As meninas têm três projetos realizados: “Uma Homenagem ao Rei do Baião”, “Histórias Cantadas do Sertão Brasileiro” e “Forró Floreado”, todos enfatizando a cultura nordestina, colocando todos os ouvintes para sair arrastando as sandálias pelo salão, denotando a visão feminina num gênero ainda tão masculino quão o forró.
Em 2014, o trio lançou seu primeiro álbum, homônimo, que pode ser baixado no iTunes ou ouvido gratuitamente no Soundcloud.
Confira as garotas cantando uma versão muito peculiar de “A Vida de Viajante”, do rei do baião Luiz Gonzaga:
Para conhecer mais sobre o Trio Sinhá Flor acesse:
Quartabê: Ana Karina Sebastião, Mariá Portugal, Maria Beraldo Bastos, Joana Queiroz e Chicão (esq. p/ dir)
O jovem quinteto Quartabê faz nesta quinta-feira, 17
de setembro, show de lançamento do CD Lição #1: Moacir. Será no Centro Cultural São Paulo - rua Vergueiro, 1.000, às 20h30, com entrada
franca. O disco traz releituras da obra do mestre Moacir Santos, importante
instrumentista, compositor e arranjador brasileiro, morto nos EUA (para onde se
mudou em 1967) em 2006.
O Quartabê (nome que faz
alusão à quarta série do ensino fundamental, época em que se aprende brincando,
ou vice-versa) é: Ana Karina Sebastião (baixo), Joana Queiroz, (sax, clarinete e
clarone), Maria Beraldo Bastos (clarinete e clarone), Mariá Portugal (bateria) e Rafael Montorfano, o Chicão (piano e teclados). O grupo foi montado por convite da flautista Andrea Ernst Dias para
a segunda edição do Festival Moacir Santos, ano passado, no Rio.
Andrea – a Deda – é a idealizadora
do festival, e vem pesquisando e divulgando há anos a obra de Moacir, sobre
quem escreveu, a partir de sua tese de doutorado em Interpretação Musical na
Universidade Federal da Bahia, a biografia do músico - “Moacir Santos — Ou os
caminhos de um músico brasileiro” (Folha Seca). Ela também integra o Trio 3-63,
com o percussionista Marcos Suzano e o pianista Paulo Braga.
Em busca de um grupo com uma
pegada mais moderna para se apresentar no festival, Deda assistiu a uma
apresentação do espetáculo “Claras e Crocodilos”, de Arrigo Barnabé e banda, no Áudio Rebel, no
Rio. Na apresentação, Arrigo dava nova roupagem ao clássico “Clara Crocodilo”,
álbum de 1980 e era acompanhado pelas quatro meninas do Quartabê, mais Mario
Manga na guitarra e Paulo Braga no piano. O projeto nasceu de um convite para
um festival no Chile, 2013.
Encontrando o que buscava no
vigor, energia e alegria que as meninas emanavam tocando com Arrigo, Deda “encomendou”
a elas uma banda para tocar Moacir no festival. “Ela queria um grupo mais
irreverente, mais pop, feminino, jovem”, explica Joana. Elas então chamaram
Chicão e o Quartabê estava formado.
A apresentação no festival, que
elas esperavam que ia ficar por ali, rendeu a ideia de seguir adiante com o
projeto. Inscreveram-no no Programa de Ação Cultural (ProAC), por meio do qual
a Secretaria de Cultura do governo do Estado de São Paulo procura promover e
incentivar a produção artística. Os recursos foram para a produção do CD e a
realização de workshops para músicos e não músicos sobre o trabalho de Moacir.
Não foi, contudo, a primeira
vez que as meninas do Quartabê tiveram contato com Arrigo. Três delas (menos
Joana) integram com o músico paranaense, mais a guitarrista Anna Tréa,
o grupo Neurótico e as Histéricas,
formado em 2013 para o espetáculo “Pô, Amar é Importante”, com composições de
Hermelino Neder, um dos
expoentes da chamada Vanguarda Paulistana surgida no início dos anos 1980.
Agora, o trabalho integra o
resgate da obra de Moacir Santos, iniciada com o lançamento do projeto “Ouro Negro”, em 2001, idealizado pelo maestro
Mario Adnet e o saxofonista Zé
Nogueira. O projeto, do qual Moacir fez parte, rendeu um CD duplo, em 2001, e
um DVD, de 2005. O Trio 3-63, de Deda, Marcos Suzano e Paulo Braga, gravou dois
CDs com a obra do mestre e, desde então, diversos eventos buscam mostrar às
novas (e velhas gerações) o trabalho e a importância de Moacir.
Moacir Santos
Considerado, nas palavras
das meninas do Quartabê, “um dos compositores que ajudou a formar o que a gente
chama de música instrumental brasileira”, o pernambucano Moacir Santos causou
espanto já em seu primeiro trabalho autoral, o LP “Coisas”, lançado em 1965.
Citado no “Samba da Bênção”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell (“A benção,
maestro Moacir Santos, que não és um só, és tantos, tantos como meu Brasil de
todos os santos”), o mestre partiu para os Estados Unidos em 1967, onde gravou
quatro álbuns e estabeleceu uma carreira sólida, convivendo e tocando com os
grandes nomes do jazz americano.
Abaixo, a íntegra do álbum “Coisas”, de Moacir Santos (1965):
Antes, ainda no Brasil, após
uma infância e adolescência pontuada de grandes privações e descobertas,
aprimorou o inato talento musical, despertado ao ter contato com bandas no
interior de Pernambuco e circos pelo Nordeste afora, onde aprendeu a tocar
vários instrumentos. Estudou com o maestro Guerra-Peixe e, mais tarde, com o
maestro alemão Hans-Joachim Koellreuter.
No começo dos anos 1960,
dedicou-se a dar aulas. Entre seus discípulos, Nara Leão, João Donato, Paulo
Moura, Baden Powell, Roberto Menescal, Oscar Castro Neves, Dom Um Romão, Flora
Purim, Airto Moreira, Maurício Einhorn, Raul de Souza e Sergio Mendes – a fina
flor da bossa-nova. Compôs trilhas para filmes de Cacá Diegues, Ruy Guerra, Sacha
Gordine, Flávio Tambellini e Alberto D’Aversa.
Sobre a importância dele
para a música brasileira, diz Joana: “Ele tem uma concepção que é muito
sofisticada harmonicamente e, ao mesmo tempo, muito brasileira. Ele teve muita
influência de compositores que estavam trazendo uma concepção harmônica muito
arrojada, tanto do pessoal mais erudito como do jazz, e fez uma grande mistura,
mas sendo muito brasileiro, trazendo coisas afro-brasileiras, muita percussão,
e tem uma escrita que é muito especial, cheia de contrapontos, e ao mesmo tempo
as melodias são muito fortes, elas parecem simples, muito comunicativas, mas
são sempre diferentes, especiais, sofisticadas, sem parecerem difíceis”.
Agenda
Além da apresentação desta
quinta no Centro Cultural Vergueiro, o Quartabê se apresenta dia 29 de
setembro, à meia-noite, no Mundo Pensante,
após um workshop sobre contrabaixo com o camaronês Richard Bona, idealizado pela revista Cover Baixo, com entrada franca (para o show).
Em 30 de setembro, eles
tocam no Sesc Santos, às 20h, também com entrada franca e, em 18 de outubro, se
apresentam no festival Ilhabela In Jazz, às 21h, igualmente com entrada gratuita. Ainda
está em produção em videoclipe, que estará no ar em breve.
O primeiro single do CD “Lição #1: Moacir”, a faixa “Oduduá”, está abaixo:
Para saber mais a respeito
de Moacir, além do livro de Deda, sugiro a leitura desses dois artigos de
Marcelo Pinheiro que saíram na revista “Brasileiros”: aqui e aqui.
O áudio da entrevista com as meninas do Quartabê (Chicão chegou depois) está abaixo:
A sergipana Héloa volta a SP para produzir seu primeiro CD
Em 2013, ela lançou o EP “Solta”, e meus ouvidos e cérebro
ficaram extasiados com a sonoridade pulsante, as referências, os matizes, a
força e o calor que emanam daquelas canções. Agora, ela prepara o primeiro CD.
Veio de Aracaju em agosto e fica em São Paulo até dezembro, período
em que pretende finalizar a gravação do disco. Volta à
capital sergipana para dar continuidade ao material do disco - para o qual deve abrir um financiamento coletivo (crowdfunding) - e retorna a São Paulo pouco depois do Carnaval para lançá-lo – e estabelece-se em definitivo em Sampa. Sorte nossa!
Héloa é uma artista múltipla. Licenciada em artes visuais,
atua em teatro desde adolescente, e a música foi um percurso natural, filha que
é do músico e folclorista Jorge Ducci,
mas ainda natural de uma terra rica em sonoridades as mais variadas.
Além disso, é bailarina e uma contadora de histórias,
animando as tardes de sábado nas lojas da livraria Saraiva. E, ainda, mantém um
curso chamado Teatro Funcional, no qual utiliza as técnicas teatrais para
treinar pessoas que precisam se “soltar” para lidar com o público.
Contação de estórias a crianças é outra de suas atividades
Em São Paulo, além da produção do CD, está fazendo o curso de cinco meses de preparação de atores em cinema no Studio Fátima Toledo. Quer aprender as técnicas utilizadas pelos atores no telão para aprimorar o seu
treinamento do Teatro Funcional e se inserir no mercado como atriz de cinema. Não é, contudo, a primeira vez que tem contato
com o cinema. Atuou no longa “A Pelada”, de Damien Chemin (2014), do qual também respondeu pela trilha sonora.
O CD, diz Héloa, ao contrário do EP, todo autoral, terá
duas canções dela e as demais – no total de dez – serão de compositores com os
quais se identifica. Nordestinos, a maioria. Mas pode acontecer de algum ou
alguns de outras regiões entrarem na seleção.
A produção será do cearense Daniel Groove,
do estúdio Cambuci Roots, que também deve assinar umas três composições. Groove
ela já conhecia pela obra – seu primeiro CD, “Giramundo”, teve ótima
repercussão e ele lança agora, dia 19/09, na choperia do Sesc Pompéia, o
segundo trabalho, “Romance pra Depois”.
“Eu o escolhi para produzir meu disco, a quem eu conhecia
apenas o trabalho, porque ao conhecê-lo vi a pessoa humana que ele é, emotiva,
verborrágica, que abre o coração, e me identifiquei com suas referências e pela sua forma de compor”, enuncia Héloa. Groove a encorajou a vir a
São Paulo e isso casou com sua necessidade de se amadurecer como artista. “Quis
sair de minha zona de conforto”, explica.
Em busca de inspiração...
Com ele, tem ouvido muitas músicas, para inspirar seu
caminho. Fagner, Amelinha, Gal Costa, Tropicália, mergulhado na vida cultural
paulistana, conhecido os músicos nordestinos que estão aqui – “e que me
acolheram muito bem”. “Será um disco mais ‘solar’, ao contrário do EP, que foi
mais denso, autobiográfico, que falava de experiências de vida”, adianta.
Se, no EP, ela compunha de uma forma mais
roteirizada, mais teatral, escrevendo canções como quem conta uma estória
(inevitável diante de seu outro talento), neste, ela se permite compor com outras pessoas, absorvendo as poéticas diversas..
O disco, além das composições dela, de Daniel Groove, uma
de seu pai e outra de Allen Alencar, terá canções de outros compositores e ela estendeu convites para seus conterrâneos Alex Sant’Anna,
Elvis Boamorte e pode ser que disso saiam novas canções.
A ideia, diz, é fazer o lançamento do CD em São Paulo, com
shows para os quais formará uma banda na cidade, e depois em Aracaju com
músicos de lá – para a logística ficar mais adequada. Na banda tocarão seu
companheiro Vinicius Bigjohn,
da Couttorchestra, e outros músicos com os quais está tendo
contato.
O disco terá, claro, ritmos norte-nordestinos, como afoxé, carimbó,
entre outros, e, conforme sua definição, será “bastante vibrante, sorridente,
mais leve, falará de romance, de amor, mas sem sofrimento, algo mais ingênuo,
colorido; estou escolhendo composições que tenham a ver com minha vivência, que
me tocam”.
... tem ouvido muita música
Para alcançar esse calor no novo trabalho, torná-lo mais “ensolarado”,
a vinda a São Paulo, o curso de preparação de atores, seu mergulho na metrópole
agem como “um processo de imersão, de liberação de toxinas, de libertação”.
E o resultado serão canções que contam histórias. E, a
julgar pela sua performance na contação de estórias para crianças (o que ela
também está fazendo nas unidades da Saraiva em Sampa), só podemos imaginar que
vem coisa muito boa aí.