O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O prazer da leitura

Ontem, 7, terminei de ler A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água, de Jorge Amado, que baixei. Na comparação com o filme assistido em maio e que comentei aqui, há a adição de algumas cenas e a colocação do personagem  principal como narrador do filme. No livro Quincas não cumpre esse papel, mas há nesse um conteúdo fantasioso, fazendo com que o morto fale, mexa os olhos e a cabeça e até fique de pé no barco e de lá se lance para o mar. No filme ainda há uma maior peregrinação pelas ruas de Salvador, quando no livro há apenas uma parada em um botequim antes de o quarteto de amigos carregando o morto ir até o cais, onde se deliciaria com uma moqueca no saveiro de um pescador. Mas na essência o filme é fiel ao texto do livro, por sinal muito bom, como todos os escritos de Jorge Amado. Aliás, desde Tocaia Grande não lia nada do baiano. E agora baixei os três volumes de Subterrâneos da Liberdade, em que ele relata os duros anos da ditadura Vargas e a luta do PCB. Com isso, fico deixando para trás o Economia em Contexto e o Felicidade Autêntica, mas logo os pego. Ainda continuo a ler O Cão dos Baskevilles, de Conan Doyle, que narra aventura de Sherlock Holmes e que também baixei. Li esse livro há muito tempo, ainda na época do colegial. Era sócio da Biblioteca Malba Tahan, em São Bernardo do Campo, e devorava livros de lá. De Sherlock Holmes li todos, pois havia lá a coleção. Eu lia muito quando adolescente, porque não tinha uma turma com quem passar as horas - até tinha, mas não era sempre que me aventura a sair com eles, apreciadores de atividades não muito lícitas. O certo é que lia bastante. Era sócio também do Círculo do Livro, e comprava várias publicações, a um preço honesto. Pena que o que eu lia não era assim de qualidade muito superior. Lia muito livros policiais, de espionagem e faroeste. Os clássicos só os lia por obrigação escolar, mas gostava muito do que era colocado para leitura e futuro trabalho. Jorge Amado eu gostava muito de ler, por causa da enormidade de palavrões, o que para um adolescente é coisa de muito valor. Mas o que me deixou perplexo, nesse particular, foram os livros de Plínio Marcos. O primeiro que li dele, lá pelos 17 anos, foi Querô, Uma Reportagem Maldita, sobre um menino, filho de uma prostituta, que perdeu a mãe assassinada e foi criado na zona, antes de ganhar as ruas e se tornar mais um dos moleques sem-teto que ainda hoje habitam as calçadas. Apesar de gostar do livro pelos palavrões, o texto me incutiu um tanto de consciência social. Alguns anos depois passei a assistir peças dele,  no Teatro São Pedro, após as quais havia um debate com o autor. Eram momentos de grande regozijo. Na época do grupo de teatro Tupi, cogitamos de convidá-lo a dar uma palestra a nós, mas ele não pôde vir por problemas de agenda. Cheguei a vê-lo na faculdade, vendendos seus livros. Li muito Plínio Marcos e acho que isso veio a despertar em mim a sede por justiça social que fui saciar nos anos 80 junto à comunidade da igreja de Vila Palmares, de onde saiu o Tupi. São recordações boas, não nostálgicas, que faço lembrar para não esquecer o que sou e manter em mente o objetivo de mudar algo aí, e não apenas pelo voto. Então, voltemos ao Amado. 

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