O Barquinho Cultural

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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Foi por medo de avião...



Espanta-me - e a todo o mundo, quero crer - essa onda de acidentes aéreos que vem rolando. Só nesta semana finda, foram dois (Espanha e Quirguistão), com pra lá de 200 mortos. Depois daquele da TAM confesso que deixei de considerar esse tipo de transporte muito bom. Minha primeira vez, em 1983, Fortaleza/SP, foi daquelas de tremer à primeira turbulência. Tenho registrado em meus escritos o momento, não falando da viagem em si, mas do motivo que me fez retornar das férias no Ceará - a morte de minha mãe. Muitas outras viagens de avião fiz depois, e o medo nunca me abandonou. Não pavor, porque senão sem subiria, mas aquele medinho do desconhecido, do inevitável, que dá quando a gente anda por uma rua deserta à noite, ou quando vê sozinho um filme de horror B (que eu já adorava bem antes de virar 'cult'). E agora com essa sucessão de tragédias fico com um pé atrás e o outro também, porque acidentes acontecem, mas falhas humanas nesse setor, caso as haja mesmo, são imperdoáveis. Antes pegar estrada com meu carrinho, porque, bem ou mal, o chão está mais perto.


Mas não foi para falar de acidentes aéreos que abri esse post. Foi para falar de medo, ou de vacilações, hesitações. Eu os tenho em abundância, muitos por uma questão de sobrevivência, os instintivos, mas outros pela falta de ousadia mesmo. É difícil se ter coragem, ser destemido, porque implica resistência, enfrentamento, lançar-se à frente, ter iniciativa. A sociedade louva esse tipo de pessoa, mas ao mesmo tempo faz muito para podar esse comportamento. Veja, por exemplo, essa imagem que já virou chavão, mas serve para ilustrar: a quantidade de 'nãos' que a pessoa ouve na vida, desde que nasce até a morte, é de matar qualquer vontade. Da família (essa instituição que primeiro nos molda aos parâmetros socialmente aceitos) a todas as demais "autoridades" com que nos defrontamos na vida, é um crescendo de cortes do nosso barato. Mas, em contrapartida, quer gente mais bem aceita - e invejada - que os chamados bem-sucedidos, aqueles que meteram as caras e foram atrás de seus sonhos, de seus projetos. Empresários, artistas, políticos, cientistas, intelectuais. Estão aí para dar o exemplo. Penso que se deveria estimular a coragem desde cedo, como fazem os animais. Mas o bicho homem, de maneira geral, gosta de superproteger, o que gera seres medrosos. Ouvi o nadador Michal Phelps dizer, após ganhar sua enésima medalha de ouro, que uma vez um professor disse que ele não ia ser nada na vida. Eu ouvi isso também, e não de um professor, mas de vários. A avó de uma amiga certa vez contestou a professora em uma questão - na qual ela, a avó, tinha razão -, e de castigo teve de ficar o resto do ano sem poder falar em classe. Anos depois a tal professora suicidou-se. E a avó viveu muito mais e realizou muitas coisas lindas na vida. Então é isso. Acho que não se pode podar a criatividade, a iniciativa, a ousadia, as idéias novas, os ideais, os talentos. Senão teremos, em vez de empreendedores, uma geração de medrosos que não fará o mundo ir para a frente.

Um comentário:

Edu M disse...

Preciso te contar sobre a vez que voltei de Comandatuba de avião com o Belchior ao lado....hehehehe...