O Barquinho Cultural

O Barquinho Cultural
Agora, o Blog por Bloga e O Barquinho Cultural são parceiros. Compartilhamento de conteúdos, colaboração mútua, dicas e trocas de figurinhas serão as vantagens
dessa sintonia. Ganham todos: criadores, leitores/ouvintes, nós e vocês. É só clicar no barquinho aí em cima que te levamos para uma viagem para o mundo cultural

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O bronze de Cielo


Gosto de natação e esse bronze (César Cielo, aqui no traço de Misso, em O Liberal), hoje, em Pequim foi pouco. Sei lá se tem a ver, mas um país com tanta água como o nosso deveria ter recordistas no nado assim como os EUA têm globetrotter no basketball. Mas temos futebolistas... Aliás, eu não gosto de futebol, quem me conhece sabe bem disso. Não jogo, não assisto, não torço pra nenhum time. Só nas copas é que acabo sendo mordido pela emoção da "Pátria em chuteiras", como dizia Nelson Rodrigues (aliás, tinha um livro com esse título, compilação de crônicas esportivas do mestre recolhidas por Ruy Castro, que sumiu lá de casa; acho que emprestei a alguém que não devolveu). E é nesses dias de competições esportivas que viceja um nacionalismo, um ufanismo que me enoja, principalmente na mídia eletrônica, mais especificamente a televisiva. É só ter um brasileiro na competição para os locutores se esgoelarem. Não agüento isso. Mas é parte do espetáculo, fazer o quê. Por obrigação profissional, estou acompanhando os jogos e entrando no clima, mas nem tanto - digamos que estou mantendo um distanciamento profissional necessário. Hora (agora 8:08) de ir para a casa e cama e ouvir meus novos CDs... Conforme disse outro dia, vou ouvindo e comentando.

3 comentários:

Unknown disse...

Você tirou as palavras da minha boca! Não aguento mais ouvir essas transmissões com os locutores enaltecendo os atletas brasileiros. E enaltecendo de forma errada ou desnecessária! O que muda no atleta se ele sofreu ou teve uma infância infeliz, por exemplo? O que temos de saber são suas condições técnicas...ou suas reais condições de ganhar ou perder, e não balelas, bullshit. E depois, quando o resultado é o bronze ou nada, ouvimos sempre que foi falta de sorte, que foi o clima ou qualquer outra desculpa esfarrada. Tudo isso tá ficando muito chato, não é ?

Carlos Mercuri disse...

Sim, muito chato. Parece que somos obrigados a sentir orgulho de ter tais seres exemplares entre nós, quando na verdade sabemos o quanto, à exceção de futebol e outros esportes, muitas modalidades olímpicas carecem de apoio e incentivo no país. O curioso é que vi algumas matérias em jornais da tarde da própria Globo mostrando a precariedade de alguns centros esportivos... E isso não muda. Há várias olimpíadas a situação é essa e o ufanismo não muda. Apenas quando alguma estrela surge é que se começa a prestar atenção (logo, vem verba) a algum esporte. Outra coisa insuportável para mim é esse mito aos "heróis" do automobilismo; eu não me conformo, porque, poxa, o carro é estrangeiro, o motor é de fora, a escuderia é gringa, o pneu é não sei de onde, o combustível vai saber... mas o piloto é brasileiro e, se ele está no pódio... é BRASIL! Nunca me senti representado ao ver um cara desses lá. E, quer saber, não chorei quando Airton morreu, não. Pronto, questionei um dogma... Abraços e obrigado pelo comentário.

Unknown disse...

Olha só: vc conhece algum herói, salvador da pátria, mito (etc) suiço, dinamarquês ? Países estáveis não precisam dessas máscaras, destes paliativos.

Também não me sinto representado por eles. Mesmo porque a maioria destes mitos construídos são jogadores de futebol que não sabem nem falar direito. E são pouquíssimos que estão interessados em investir essa grana em esportes no país. Não são os heróis fabricados e marketeados que estão ajudando o esporte deste país. São os anônimos. Eu também não me sinto representado pelo Senna ou por qq outro sports idol. Também não chorei. Os dogmas começam a se fragmentar.... hhehehehe