O Barquinho Cultural

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terça-feira, 28 de julho de 2009

Dois filhos do Brasil


Fui ver dois documentários sexta-feira, 24/07. Um sobre Patativa do Assaré e outro abordando Mestre Verequete. O primeiro a passar foi "Chama Verequete," sobre o Rei do Carimbó lá na Ilha de Marajó, no Pará., dirigido por Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira. Batizado Augusto Gomes Rodrigues, Verequete é uma das maiores expressões desse ritmo creio que tão pouco conhecido no Sul/Sudeste. Lembro que uma vez a Eliana Pittman cantou alguma coisa de carimbó e fez até algum sucesso. Não sei se a Fafá de Belém divulgou o ritmo, mas a banda Calypso me parece que sim, antes de se render ao que mais vende. É um ritmo bem contagiante, acompanhado de instrumentos típicos, como um tambor específico para o carimbó. O curta, "Chama Verequete", é importante para difundir esse ritmo tão brasileiro e um de seus maiores mestres.

Já o longa que conta a vida do poeta cearense Patativa do Assaré joga luzes sobre uma personalidade que tem a dimensão de um mito. "Patativa do Assaré, ave poesia", dirigido por Rosemberg Cariry, foi feito em homenagem ao centenário de nascimento de Antonio Gonçalves da Silva, que ganhou esse nome por cantar semelhante ao passarinho e por causa da cidade em que nasceu, na região do Cariri. Joga os holofotes sobre um personagem de tamanha importância à cultura nordestina e brasileira. Eu confesso que apenas conhecia Patativa por conta das canções "A Triste Partida", gravada por Luiz Gonzaga, um épico sobre os retirantes nordestinos, e "Vaca Estrela e Boi Fubá", levada ao vinil por Fagner e Pena Branca e Xavantinho (que eu saiba), bela canção a respeito da vida pastoril. No filme dá para se conhecer aspectos da vida desse cearense que permite chamá-lo de o verdadeiro artista popular. Cego de um olho logo cedo, com alfabetização irregular (só estudou seis meses), Patativa se autoeducou, aprendendo a ler e a ampliar o vocabulário por conta própria. E sempre viveu em sua roça, com sua companheira de quase 60 anos e seus nove filhos. É um filme que comove e faz a gente questionar: o que é realmente popular? Esses que se dizem porta-voz do povo sem sofrer suas agruras, bem, há de se desconfiar. Patativa, uma grande surpresa.

Ver esses filmes foi possível graças à iniciativa de alunos dos cursos de Cinema e de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, aqui em São Bernardo. Esse pessoal tem projeto de montar no campus um cineclube e, a se considerar esses dois exemplares, tem tudo para se tornar uma grande ideia. E, muito importante, eles querem abrir esse espaço à comunidade local, não restringir ao público universitário, o que acho plenamente louvável. Parabéns, gente.

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