O Barquinho Cultural

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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sem medo de ser feliz

Esta foto na coluna aí do lado, do Collor de Mello abraçando o Lula, me fez recordar aquele período, da campanha presidencial de 1989. Eu era um jornalista recém-formado e estava trabalhando no Diário Popular (hoje Diário de São Paulo), depois de um breve período no Estadão. O clima era de festa: a real possibilidade de um operário chegar ao poder - aliás, o fato de ele ser candidato já era motivo de comemoração, recém-saídos de uma série de governos militares que éramos. E Collor representava os oligarcas nordestinos, um ser que ninguém sabia de onde tinha saído, uma esperança, sim, mas uma incógnita. Bem, o que importava é que tinha que eleger o Lula, o operário de nove dedos nas mãos. Eu, nessa época, depois de uma militância mais ou menos firme em entidades consideradas à época de esquerda, sentia-me na obrigação de fazer a campanha e de torcer pelo Lula. Tudo bem, eu realmente achava que seria muito bom para o país essa guinada. Mas confesso que não tinha bem claro qual era o programa do PT para o país. Imaginava que seria uma ampliação dos projetos que vinham sendo tocados nas administrações municipais que o partido abraçou, sendo o caso de São Paulo, com Luiza Erundina, o mais emblemático então. Também não me importava em entender o que seria um programa de governo, pois confiava naqueles homens e sabia que a gestão seria popular, voltada às camadas mais pobres da população e muito melhor que qualquer governo militar ou do Sarney. Mas aconteceu tudo que a gente sabe, o Lula perdeu esta e outras três eleições antes de chegar lá e eu vejo com um certa ar de nostalgia essa foto. Antes da foto, vimos a aproximação desta administração com aqueles que no passado recente eram combatidos pelos atuais governantes. Apesar da militância, não posso dizer que entendo muito de política, ou pelo menos da práxis política ou do mero pragmatismo. Mas aprendi que a política e a administração pública se fazem com alianças e que não há inimigos nessa seara, apenas adversários, que o de hoje pode ser seu aliado amanhã. E isso não creio que seja errado. Faz parte do jogo democrático. E permite que a convivência seja cordial na medida do possível, senão seria um tal de se matar inimigos que acabaríamos vivendo numa barbárie, ou numa ditadura. Portanto, se o afago de Collor a Lula de um lado choca, de outro mostra que esse Brasil é justo. E cínico.

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