O Barquinho Cultural

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quarta-feira, 8 de julho de 2009

A dor possível



O funeral de Michael Jackson, dizem, foi visto por mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, devido à transmissão global da cerimônia pela TV. É bem possível que esse número seja real, dada a projeção que 0 artista tinha. É o resultado da comunicação de massa, e lembra, com as devidas proporções e diferenças, a difusão pela BBC, para 26 países, em 1967, da execução da música All You Need Is Love, pelos Beatles. A canção foi ouvida, segundo se diz, por 400 milhões de pessoas e foi a primeira transmissão via satélite da história. E a mensagem, que prega o amor entre os povos, se assemelha à de We Are The World, que Jackson e Lionel Ritchie compuseram e gravaram em 1985 com outros 44 artistas. Imagino que uma audiência dessas tenha sido batida pelos funerais do papa João Paulo II, em 2005, e Lady Diana, em 1997. No Brasil, tivemos momentos de comoção nas mortes de Ayrton Senna, em 1994, Elis Regina, em 1982, e Getúlio Vargas, em 1954, amplamente divulgados pela mídia e acompanhados pela população. Houve ainda John Lennon (1980), Elvis Presley (1977), John F. Kennedy (1963) e Evita Peron (1952), entre outros. Por que certas personalidades atraem tanta comoção, a ponto de as pessoas prantearem sua morte como se parentes delas fossem? O mundo chorou junto com a filha de Jackson, Paris, e cantou junto todas as canções que seus parentes e amigos entoaram na cerimônia. Não sei explicar, mas a mitificação, a idolatria devem ser uma maneira que o homem encontra de compensar suas debilidades e projetar em outro, mais poderoso, aquilo que ele queria fazer. E quando o ídolo morre, não deveria o fã rejeitá-lo, uma vez que o herói retorna à condição ordinariamente humana, como a de qualquer um, afinal, morrer todos podemos? Penso que nessa hora o homem comum se solidariza com o super-homem, exatamente por agora ter a condição de estar perto dele em uma dor que lhe é acessível.Mas penso que o fenômeno Michael Jackson deva ser o último da contemporaneidade. Não sei se vai aparecer outro ídolo que vai arrebanhar tantos fãs pelo mundo todo. Creio que a comunicação de massa hoje se expandiu tanto, com novas mídias e novas formas de divulgação, que vai se fragmentar muito mais, possibilitando que cada aldeia crie seus ídolos, e o conceito de aldeia global de McLuhan talvez tenha que ser revisto. Pode ser. É um assunto a ser estudado.

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