O Barquinho Cultural

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Boas risadas garantidas

Assisti ao filme "Quincas Berro d'Água", dirigido por Sérgio Machado, baseado no livro de Jorge Amado "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", obra que sempre quis ler mas nunca animei, o que agora creio ganhei um excelente estímulo. Não posso, portanto, analisar a fita à luz do texto que lhe serviu de inspiração, mas o filme é muito engraçado, com atuação esplêndida do grande Paulo José no papel-título. Estão todos bem, as interpretações são, em algumas partes, exageradas, como a de Flávio Bauraqui, como Pastinha, chorão e meio bobão - inteiramente bobão, aliás. Ele chora demais, de maneira escrachada, mas acho que até que ficou bem adequado ao nonsense da situação toda. Irandhir Santos, como Cabo Martim, está muito bem, e é um ator que está se revelando e logo será mais conhecido por aí, segundo dizem os especialistas, dos quais, claro, não faço parte. Mariana Ximenes, como sempre, perfeita, encarnando uma falsa pudica, a Vanda, filha de Quincas, ou, por outra, uma pudica que em certo momento abraça a causa do pai (rs). Marieta Severo, como Manuela, falsa argentina, é séria, dramática, e sua interpretação não nega a excelente atriz que é. Há ainda os outros dois amigos do morto, Pé de Vento (Luis Miranda) e Curió (Frank Menezes) perfeitos. Ponto nebuloso para Vladimir Brichta, como o marido de Vanda, Leonardo, meio canastrão demais, mas nada que comprometa. A história é, em resumo, assim. Quincas é um beberrão convicto, amigo da mais pura esbórnia, que no dia de seu aniversário morre. Os amigos não se conformam com o ocorrido e resolvem roubar o defunto para comemorar a passagem de anos como tinham planejado. E aí as situações, os quiprocós, são inusitados. Belas imagens da baixa Salvador à noite, com os bordéis, botequins, gafieiras, terreiros, delegacias, em um clima noir e lúgubre, de grande beleza. O conflito se dá com a polícia, acionada pela filha, em busca do morto, a perseguição, a fuga, corre-corre. E nesse meio vão desfilando os tipos mais estranhos do Pelourinho, cais, baía de Todos os Santos e outras localidades que não sei identificar. Não se ri o tempo todo, mas a narrativa vai construindo as situações de maneira que a gente não se dá conta do que pode acontecer, e o final, antecipado no começo, também é inesperado. O engraçado é que o narrador é o próprio morto, que vai destilando veneno a respeito do comportamento das pessoas em volta. É meio drama também, mas no sentido de que se procura poesia na amizade grande daqueles personagens em torno do Quincas, este uma pessoa adorada pelos amigos de copo e pelas amigas de corpo. Realmente, dá vontade de ler o livro de um fôlego só. É o que farei. Quanto ao filme, nem preciso recomendar, né?

2 comentários:

isa disse...

ótima sugestão! fiquei com vontde de assistir e ler! beiiijo pai

Carlos Mercuri disse...

Vale a pena sim, é muito engraçado. Beijos