O Barquinho Cultural

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Flor do Deserto

Assisti ao filme Flor do Deserto (Desert Flower), de Sherry Horman, baseado em livro da somali Waris Dirie, e sobre sua trajetória e luta. Muito bem interpretado pela atriz e modelo de origem etíope Liya Kebede, o filme comove ao mostrar a vida e depois a batalha de Waris contra a mutilação genital de meninas, um traço da cultura de seu povo. Nisso reside boa parte do diferencial da fita, que não se resume a, à la Hollywood, contar a trajetória de uma africana pobre que conseguiu vencer na vida,  tornando-se top model.

Não. O livro (eu não o li, mas presumo baseado no filme) ela escreveu para denunciar essa atrocidade cometida contra as meninas de seu país, quer por cultura ou por religião, e acabou tornando-se embaixadora honorária da ONU para essa causa. O filme é muito bom e joga luzes a essa questão que a gente só ouve falar de vez em quando e atribui à ignorância de certos povos.

Segundo informa o site da Fundação Waris Dirie, cerca de 150 milhões de meninas sofrem esta mutilação no mundo, em todos os continentes. O importante é que o filme traz essa realidade a nós em um material de grande qualidade. A intérprete de Waris adulta, Liya, tem uma atuação perfeita, em todos os aspectos, e guarda alguma semelhança da somali (foto).

É importante destacar que a questão da mutilação genital é levantada pela própria Waris, que, em entrevista à Marie Claire londrina, diz que cansou de contar a história da retirante que saiu do deserto para as passarelas e capas da principais revistas. Não, ela quer falar da circuncisão que sofrem as meninas em seu país e a história, segundo o filme, comove a editora da revista. Pena que o filme termine aí, sem explorar a luta dela contra tal hábito. Mas não compromete a obra, que leva à vontade de conhecer melhor Waris. Pena que o livro está esgotado.

P.S. A propósito do tema, causa indignação também o caso da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento em seu país por ter cometido adultério. O meio, além de absurdo, é cruel. As mulheres são enterradas até o busto e homens atiram pedras pequenas, para que ela não morra logo e tenha seu sofrimento prolongado. Os homens são enterrados até a cintura e ficam com os braços livres para poderem se defender. Por que essa diferenciação? Casos da Somália e do Irã, além de muitos outros mais, mostram o quanto a mulher é desrespeitada e desvalorizada por esse mundo afora.

Assista ao filme:

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