O Barquinho Cultural

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Uma noite em 67

O filme Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, que assisti neste sábado, tem a grata qualidade de trazer na íntegra a execução dos cinco primeiros colocados no Festival da Música Popular Brasileira, levado pela TV Record em 21 de outubro de 1967, além do destempero de Sérgio Ricardo, que arrebentou seu violão e o jogou para a plateia por não resistir às vaias ininterruptas que levou enquanto tentava defender sua canção. Eu vi essas apresentações inúmeras vezes desde o ano de sua aparição, mas nunca tinha visto todas em sua totalidade. O filme resgata essas apresentações, além de entrevistas da época e atuais. É muito interessante ver a sinceridade dos compositores e intérpretes ao puxar da memória o evento e até, em alguns casos, dar pouca importância a ele. As canções são, pela ordem crescente de classificação, Maria Carnaval e Cinzas, de Luiz Carlos Paraná, defendida por Roberto Carlos; Roda Viva, de Chico Buarque, com ele e MPB4; Alegria Alegria, de Caetano Veloso, por ele mesmo e Beat Boys; Domingo no Parque, de e com Gilberto Gil e Mutantes; e Ponteio, de Edu Lobo e Capinam, com Edu e Maria Medalha. Eu li muito sobre os festivais, e o filme veio adicionar, além das exibições na íntegra, os depoimentos de seus principais participantes que de certa forma tentam desmistificar a importância daquilo. Caramba: os festivais foram, em certa medida, uma tomada de posição, um grito em um tempo em que a ditadura estava brava, e viria a engrossar ainda mais menos de um ano depois. Havia canções ingênuas, sim, havia, mas ali certas posturas eram um claro confronto ao regime, mesmo que não fosse essa a intenção. Mas eu cresci considerando os festivais - e este em particular ficou mais explícito - uma baforada de oxigênio novo sobre o que existia, um divisor de águas, e isso se percebe na richa que houve entre os defensores de uma MPB pura (sem guitarras, ou seja, anti-ianque) e os que buscavam novas linguagens, uma reformulação na música brasileira, com a aglutinação do que havia lá fora e o nascimento de uma coisa diferente - o que o Tropicalismo, que ali nasceu, faria depois. De qualquer forma estava tudo ali. Eu gosto muito de Roda Viva, acho uma obra-prima do Chico, mas ganhou Ponteio, que não deixa de ser uma bela canção. É um excelente documentário que com certeza eu pretendo ter quando sair em DVD.

2 comentários:

isabela disse...

quando você tiver o dvd eu vou assistir com certeza! beijo pai

Carlos Mercuri disse...

Ah, e vc vai curtir sim, tenho certeza. Beijos