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domingo, 13 de abril de 2025

Hyldon lança "Jazz is Dead 23"



O cantor, compositor, guitarrista e produtor baiano Hyldon (1951) lançou no último 4 de abril de 2025 o álbum "Hyldon JID023" - ou "Jazz Is Dead 023".

Traduzindo: O trabalho é o 23º lançamento do projeto/selo "Jazz is Dead", do compositor, arranjador e músico Adrian Younge (1978) e do DJ Ali Shaheed Muhammad (1970).

Ao contrário do que o nome indica, o projeto se propõe a celebrar e revitalizar o jazz clássico, e mostrar como ele tem influenciado e vem sendo relido na música contemporânea.

Para tal, os dois convidam lendas vivas do jazz para colaborar com eles em estúdio, em gravações totalmente analógicas em Los Angeles (EUA). E os brasileiros não ficam de fora. Já participaram da epopeia Marcos Valle (JID003), Azymuth (JID004) e João Donato (JID007).

Fã confesso de Hyldon, Adrian o chamou para participar do projeto após ter feito a lição de casa, qual seja, ouvir todo o catálogo do criador de "Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda", "As Dores do Mundo", "Acontecimento", "Na Sombra de Uma Árvore" etc.

O baiano topou e, aproveitando que o parceiro de longa data Ivan "Mamão" Conti (1946-2023), baterista do Azymuth, estava por lá, o convidou para trabalharem juntos nas bases que o estadounidense lhe mandou gravadas logo depois.

Hyldon, então, criou melodias e letras e o resultado é este 14º álbum solo da sua carreira. Mamão veio a morrer pouco depois, em 17 de abril de 2023 (aniversário de Hyldon), sem chance de ouvir o trabalho pronto.

Sobre os brasileiros, escreveu Adrian: "Produzir um álbum do Hyldon foi a realização de um sonho. Estudei o catálogo dele por muitos anos e admiro profundamente a forma como ele misturava o som dos Beatles com Marvin Gaye e Tim Maia. Ainda fico impressionado com o fato de ele cantar até melhor hoje do que em sua fase considerada ‘áurea’. E sentimos muita falta do nosso querido amigo e colaborador Mamão, o saudoso baterista do Azymuth. Dedicamos este álbum à sua memória, e gostaríamos que ele tivesse tido a chance de ouvir o resultado final”.

O disco é inspirado na obra de Hyldon nos anos 60 e 70, busca resgatar o espírito daquela era em uma linguagem contemporânea. Hyldon é um dos pioneiros da soul music brasileira, ao lado de Tim Maia, Cassiano, Carlos Dafé, Banda Black Rio, entre outros.

Hyldon iniciou a carreira como instrumentista e depois produtor na Polydor (Universal). Lá, produziu discos de altas vendagens de Erasmo Carlos, Diana, Wanderléa e Odair José. Trabalhou com Tony Tornado e recusou convites de Elis Regina e Gal Costa para se dedicar mais as suas composições.

Em 1973, sai seu 1º compacto, com “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê)" e "Meu Patuá”. Em 1974, lança o segundo single com “As Dores do Mundo" e "Sábado e Domingo”.

O estouro nas paradas dos dois compactos permite o investimento em seu primeiro LP, "Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda", em 1975 (ler a respeito aqui). Reverenciado e regravado por Kid Abelha e Jota Quest, entre outros, suas músicas também são aproveitadas no cinema, integrando, por exemplo, a trilha de "Cidade de Deus", "Carandiru", "Durval Discos", "O Homem do Ano". 


Adrian Younge no Brasil


Adrian Younge estará no Brasil nos próximos dias para a turnê do disco "Something About April III" (SAAIII)- que será lançado nas plataformas digitais em 18 de abril. Em 30 de abril, ele toca em Belo Horizonte, no Autêntica, e, em 7 de maio, no Cultura Artística, em São Paulo, com a participação especial de Hyldon, Carlos Dafé, Céu, Luiza Lian, Marcos Valle e Samantha Schmütz.

O SAAIII completa a trilogia de soul psicodélico — em suas palavras, "uma deslumbrante aventura sonora que redefine o gênero para novas gerações". "O disco funde a alma cinematográfica da Black America com os vibrantes sons psicodélicos do passado do Brasil, servindo como uma homenagem visionária às tradições musicais".

O álbum é resultado de seu trabalho com músicos brasileiros no projeto Jazz Is Dead, tanto que Younge aprendeu português o suficiente para escrever as letras do álbum no idioma e aprofundar seu vínculo com a cultura brasileira. O disco tem a participação dos brasileiros Céu, Luiza Lian, Miguel Lian Leite (da banda Celacanto), Antonio Pinto, Manu Julian e Sthe Araujo.


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