O Barquinho Cultural

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sábado, 9 de maio de 2009

Asfalto selvagem

Hoje, sábado, eu resolvi fugir do traçado original para minhas pedaladas. Peguei a Anchieta sentido litoral no intuito de ir até a barraca de pamonha que tem lá perto da entrada do Estoril. Ui, já vi que quem não é de Sampa está boiando. Eu explico. Anchieta é a rodovia que liga a capital de SP a Santos e demais cidades do litoral. Estoril é um parque aquático que tem aqui em São Bernardo, onde moro, e onde quando eu era bem pequeno a família frequentava sempre. Não tem nada de mais, é um parque ao lado da represa Billings, que abastece de água boa parte da Grande São Paulo, incluindo essa mancha que se convencionou chamar de Grande ABC, berço das montadoras de veículos e incubadora do líder sindical Lula que todos conhecem - pelo menos deveriam conhecer. E a pamonha é uma iguaria que é vendida em todo o percurso até o litoral. Proliferaram ranchos da pamonha pela estrada toda e sempre foi uma boa pedida, ao descer ao litoral ou voltar da praia, parar em um dos ranchos e deliciar-se com esse doce delicioso de milho. A versão salgada e frita, que conheci em Pirenópolis (GO), ainda não vi. Será que há? É igualmente deliciosa. Bem, voltando à bicicleta, hoje eu fiz o caminho contrário. Cheguei na barraca após 50 minutos de pedaladas. Comi uma pamonha e segui caminho de volta. Mas fiquei chateado com o que vi. Os derivados de milho nessa barraca não são a atração principal. Tem de tudo lá: cocadas, batatas chips, esfihas, cervejas, refrigerantes. Quer dizer, a pamonha, curau, bolo de milho e suco de milho parece que já não sustentam o negócio. Isso faz a infância ficar ainda mais distante, e confirmar um pensamento que eu estava tendo hoje de manhã e até cheguei a comentar com minha amiga goiana Sandra: hoje você tem opções demais, é muita coisa pra escolher. O que conta nesses dias globalizados é a tal agregação de valor. É um tormento ir ao supermercado. Era bem mais fácil quando você tinha no máximo duas opções: a mais barata e a de grife. Hoje, perceba bem. Além de várias marcas, entre elas ainda há diversas variedades que a gente nem sabe na verdade qual a diferença entre uma e outra. Bem, deixando a divagação de lado, voltei pela estrada e penei viu, porque havia trechos da Anchieta sem acostamento, o que me empurrava rente ao guard-rail e me deixava em perigo real. Poxa, essa cidade não tem ciclovias, não tem simplesmente! E não é só em São Bernardo, não, várias outras cidades simplemente ignoram o pobre do ciclista, que seria um excelente aliado ao controle da poluição. Eu já disse: vou me mudar para perto do meu trabalho e só vou usar o carro em dias de chuva, isso se não tiver ônibus fácil. Nesse trecho da Anchieta está em construção o trecho Sul do Rodoanel Metropolitano pelo governo do Estado de SP. O rodoanel é uma via circular que liga as principais rodovias que cruzam a Grande São Paulo e tem como meta desafogar o trânsito de caminhões do centro da cidade, deixando as ruas da metrópole apenas para os carros e ônibus. Acho que pode ajudar a tirar os caminhões das ruas da cidade, mas não penso que seja a melhor solução para melhorar o tráfego e a poluição. O transporte coletivo fica sempre neglicenciado em nome da facilitação para o transporte individual, que cada vez é mais individual, porque raramente se vê um carro com alguma outra pessoa além do motorista. E os pobres ciclistas então ninguém pensa neles. Eu quero ir trabalhar de bicicleta, tenho background (vide o post Pedaladas) porque carro está me dando problema demais? É trânsito, multas, manutenção, estacionamento. Não sei se o conforto que proporciona vale o preço que se paga. Adoraria viver sem carro, sinceramente. Mas bem ou mal, esses meus dois primeiros dias de ciclista me deixaram bem animado. Lembro que quando ganhei a berlineta, lá nos meus 10 anos, eu ficar o dia todo pedalando, voltava para casa tarde da noite, não queria outra coisa da vida. Hoje, no momento, tenho de lutar contra o cansaço, a falta de fôlego, a preguiça, mas tenho certeza que depois de alguns dias de prática isso vai ser batata. Mas penso sinceramente em usar a ciclovia do Parque Central de Santo André, coisa que pelo que sei não tem em São Bernardo. E olha que tem um espaço ótimo, na praça Salvador Arena, basta fazer.

Um comentário:

Sandra Evangelista disse...

Olá Carlos, andar de bicicleta é unir o útil ao agradável, pena que não temos ciclovias na maioria das cidades brasileiras.Hoje vários países estão adotando a bicicleta como meio de transporte público.Você já viu como funciona este tipo de transporte em Paris e em várias cidades da Alemanha? É muito inteligente e funcional,mas com a cultura do brasileiro, não sei se o modelo que utilizam lá caberia aqui.
É um perigo andar em locais que não tenham encostamento,heim?
Quisera que nossos governantes estimulassem e viabilisassem este tipo de transporte pra melhorar o trânsito, a poluição e a qualidade de vida de nós brasileiros.
Que você continue a pedalar e que curta seus passeios de bike.
Será que a pamonha que você comeu aí é tão saborosa como as daqui? Sei não........
Bjo