O Barquinho Cultural

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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pedalando

Mandei minha bicicleta ao conserto ontem, hoje deve ficar pronta e já vou iniciar meu mais novo projeto: 10 quilômetros diários de pedaladas. Acho que bastam, vamos ver meu tempo. Se for muito fraco, aumento. É a maneira de fazer exercício e manter meu colesterol em níveis de segurança, conforme recomendação médica. Cansei de academia. Se é para fazer tudo sozinho, não preciso pagar por isso. Espero manter a disciplina e, se não chover, fazer todo dia o trajeto que escrevi. Eu gosto muito de bicicleta. Tive, se não me engano, quatro, contando o primeiro triciclo Bandeirante. Aos 10, ganhei uma berlineta dobrável, da Caloi, comprada na então Eletroradiobrás, hoje incorporada ao grupo Pão de Açúcar. Fiz o diabo com aquela magrela pelas ruas movimentadas do Ipiranga. Uma vez, passei em frente a um ônibus a milhão. Meu pai trancou a bicicleta com corrente e cadeado. Ah, nem titubeei: arranjei uma serra e libertei meu brinquedo, agora um pouco mais atento. Com ela fiz a primeira grande merda de minha vida. Quebrou o cabo do freio e a besta aqui, seguindo os conselhos imbecis dos colegas, tirou o conjunto todo (manoplas, acionador, sapatas) e jogou no bueiro. Lógico que meu pai não o repôs e fiquei o resto da vida com um freio só. Minha irmãzinha Sônia aprendeu a andar (a Vilma, mais velha, nunca se interessou) e não a largava. Eu tinha escandalosos pitis quando a via na bicicleta. Tadinha. Não sei o destino que teve aquela minha segunda magrela - na verdade, a primeira de duas rodas. Aliás, vale lembrar como aprendi a andar. Tinha um amigo a quem chamávamos de Carioca, apesar de ser natural da Bahia. Ele tinha uma bicicleta bem veloz e cismou de me ensinar a pedalar. Eu não conseguia de jeito nenhum me equilibrar. Até que um dia o baiano/carioca me empurra ladeira abaixo. Desci feito louco, atravei um cruzamento perigosíssimo e logo depois tomei um homérico tombo, de arrancar cabelos e tudo. Levantei-me, sacudi a poeira e, sabe-se lá por quê, montei na magrela e saí andando na boa... Vai entender... Ah, agora me lembro, meu pai reformou e deu (ou vendeu) para um primo meu um pouco mais novo, de quem eu viria a ser padrinho de casamento anos depois, o Dagoberto.
Mais tarde, eu viria a comprar minha Caloi 10. Eu tinha uns 22 ou 23 anos e trabalhava no banco Noroeste do Ipiranga (olha o destino aí). Mas morava em Santo André (11 km de distância) e todos os dias praticamente eu chegava atrasado, porque perdia a hora e não pegava o ônibus no horário que me permitia chegar as 9h. E aí outro ônibus só depois de 40 minutos. Aquilo começou a me chatear e resolvi comprar uma bicicleta para ir trabalhar. Não me lembro em que loja foi, mas fiz em prestações na certeza de que pagaria as parcelas apenas com o que economizaria de passagens. E dito e feito. Causou um certo espanto eu chegar em cima de uma bicicleta para trabalhar, mas não me importava. Na agência havia um armário onde eu deixava camisas sociais para a semana toda; a calça eu trazia na mochila. Chegava, me limpava e trocava de roupa. Depois do trabalho, ia para a faculdade com ela, deixava amarrada na grade de frente do prédio e pronto. Foram momentos mágicos também, pois andar de bicicleta dá uma sensação de liberdade indescritível. E fui juntando grana ainda, até que tive o suficiente para dar entrada em uma moto e aí abandonei a Caloi 10 num canto do banco. Ficou lá esquecida até que eu resolvi levar para casa. Um amigo meu do banco com carro me ajudou. E ela também teve como destino final algum outro parente. Depois disso tive outras duas motos, as duas primeiras igualmente roubadas, e a terceira que me proporcionou belos tombos, que me levaram a fazer vendê-la, até porque estávamos agora grávidos e eu tinha que preservar minha vida. Depois comecei a comprar e andar de automóvel até que, há cerca de dois anos, comprei esta bicicleta que deixei ontem na oficina. Comprei e andei se muito cinco vezes nela. Preguiça pura. Mas desta vez eis-me retornando a ela, não por lazer, como na juventude, ou economia, razão da mocidade. Mas por saúde! Pois é, cada idade sua necessidade!

Um comentário:

Sandra Evangelista disse...

Que legal Carlos! Você fez uma verdadeira viagem, no túnel do tempo,com as histórias das suas bicicletas. Boa memória heim?
Se bem que estas histórias sempre ficam guardadas e são lembradas com muito carinho e saudades.
Realmente é indescritível a liberdade que sentimos ao andar de bicicleta ou moto.
Espero que curta suas pedaladas, não só pela saúde, mas também pelo puro prazer.
Bjo