O Barquinho Cultural

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quinta-feira, 7 de março de 2013

A melhor profissão do mundo

Charge: Beck (http://controversasreportagem.blogspot.com.br)

Adoro a profissão que escolhi. E agradeço à minha professora de PIP (Programa de Informações Profissionais) do terceiro ano do ensino médio, de cujo nome infelizmente não me lembro, mas recordo que era uma garota motociclista muito linda e que fazia a imaginação adolescente voar, ter me dado a dica. A disciplina visava orientar os jovens na escolha do curso superior. Nem sei se há ainda algo assim nas escolas hoje. Mas naquele tempo havia.

Um dia, ela chamou um a um para uma conversa particular. Perguntou se eu já tinha escolhido o que fazer para o resto da vida. Eu não sabia. Já tivera algumas opções. Gostava das aulas de química no primeiro ano e pensei em seguir por aí. Mas depois tive aulas de edificações e desenhar plantas baixas me encantou e tendi para a engenharia civil. Mas no ano seguinte o governo mudou a grade curricular e o colégio voltou a ser mais de formação geral, sem especificar uma área determinada. Cheguei a cursar desenho mecânico no Senai e não segui em frente. Gostava de desenhar.

Como tinha dúvidas, a professora perguntou do que eu mais gostava. Escrever e ler, disse. E também me interessava por política, uma vez que militava em movimentos sociais e fazia teatro amador meio engajado. Ela, então, juntou as coordenadas e sugeriu jornalismo... Nunca tinha pensado nisso. E comecei a amadurecer a ideia.

Um dia, na paróquia de meu bairro, aparece a Sandra Passarinho, que era da TV Globo na época (não sei por onde ela anda hoje). Foi lá entrevistar o padre, que tinha um trabalho social junto aos moradores de favela reconhecido internacionalmente. Perguntei a ela sobre a profissão, o que estudar, coisas assim. Ela me disse que um jornalista tem que estudar sempre, ela mesmo nem era formada em jornalismo, o importante era estar por dentro do máximo possível de assuntos. Disse outras coisas, mas o fundamental e que se fixou em minhas lembranças foi isso.

Fiz a faculdade, me formei e, por sorte, entrei na área em seguida. E nela estou até hoje. Sem arrependimento. Apesar de tudo que se fala hoje a respeito de nossa profissão, considero o jornalismo fundamental, uma necessidade quase básica. O que falta discutir, talvez, seja apreender o que o consumidor de notícias quer, o que espera do meio de comunicação que acompanha.

Segui o conselho de Sandra e estudei o que pude, me interessando por  quase tudo (até futebol, rs). Porque não sei de outra profissão que lhe faz um dia ouvir um presidente da República (ouvi um vice, apenas, mas falei muito com um que o seria depois...),  no outro um executivo de uma grande empresa, no seguinte um sujeito que matou a família e foi ao cinema. Portanto, você vive situações no dia a dia das redações que quase sempre são inesperadas.

Outra sensação boa é, no dia seguinte, ver no ônibus, trem, metrô alguém lendo a matéria que você escreveu, ouvir comentários, ler as cartas enviadas à redação. De uma notinha de rodapé a uma reportagem de capa, tudo é válido. E ainda tem o fato de ficar na história, como registro de um tempo. Lembro-me, com um certo orgulho, confesso, de quando soube que um cara usou matérias minhas em sua tese de doutorado em economia.

Enfim, apesar de todo estresse que a profissão traz, de condições muitas vezes insuportáveis de trabalho, de remuneração nem sempre compensadora, não sei se saberia fazer outra coisa. De tudo que já fiz na vida, esta é a que me deu mais satisfação até hoje. E gostaria de nela continuar.

3 comentários:

Isabela Mercuri disse...

Ei pai, tenho muito orgulho de você! E espero ser como você um dia!
ps. não sabia isso do mestrado do cara, que legal!!! beijos te amo

Carlos Mercuri disse...

Ah, filha, seja melhor que eu... O cara me citar foi muito bom mesmo.. bjs

Anônimo disse...

Assino seu texto. É isso mesmo. Paixão é responsabilidade. Ambas enormes.