Charge de Mário Teixeira (portalfiel.com.br) |
Assisti ontem (04/03/13) à entrevista do jogador de futebol
Neymar no Programa do Jô. Ou melhor: mais vi do que prestei atenção às suas
palavras, entretido com outras coisas. Sou assim: me ocupo de várias coisas ao
mesmo tempo, mas quando necessário me concentrar, me dedico. Não assisto a
partidas de futebol sempre, esporadicamente a TV fica sintonizada em uma
partida, mas, exceto em jogos da seleção brasileira em Copas, pouca atenção dou
a isso. Mas pude perceber o quanto o rapaz é idolatrado por sua habilidade com
a bola e, coisa estranha (para mim), sua vida social.
Ao final da entrevista, o programa exibe um clipe com lances
em que o garoto do Santos dribla todo mundo e enterra a bola na rede
adversária. “Ohs!” admirados na plateia. Aplausos efusivos ao final. Um show.
Não tenho nada contra as pessoas gostarem de futebol ou jogadores e em certos
casos colocarem isso acima de outros interesses na vida. A questão é que não
aprendi a gostar. Nunca gostei. E durante muito tempo me senti excluído por
isso. Em toda roda com amigos em que o assunto entrava, ficava eu lá isolado,
sem opinião a dar, sem comentários a fazer... “Para qual time você torce?”.
Minha resposta (“nenhum”) causava perplexidade, admiração, incredulidade...
Tenho algumas teorias a respeito. Primeira – e creio que a
mais importante -, é que meu pai também não ligava para futebol, o que já
indica que não cresci com esse interesse a me rondar. Em seguida, tive
raquitismo, e o medo de quebrar os frágeis ossos em uma canelada me impedia de
participar de partidas com os vizinhos nos campinhos de várzea dos lugares em
que morei. Depois, na escola, nas aulas de educação física, a falta de
habilidade levava os colegas a gozar de minha cara, e ser chamado de perna de
pau em plena infância-adolescência não presta para a autoestima de ninguém. Pior
que, além de ser caçoado pelos colegas, também os professores faziam questão de
apontar essa minha incapacidade.
Enfim. Da falta de interesse para a ojeriza foi um passo.
Por isso, até hoje não entendo por que
pessoas a quem eu admiro intelectualmente, com carreiras bem-sucedidas, com
inteligência acima da média perdem as estribeiras por causa desse esporte dito
bretão. Não entra em minha cabeça as pessoas mudarem seu humor conforme o
resultado de uma partida de seu time de coração... Não consigo digerir que se
ignore que futebol é um negócio cada vez mais rentável e que atletas especiais
ganhem muito mais do que pessoas que dedicaram mais da metade de suas vidas se
preparando para outra profissão. Sim, vão responder: é o retorno financeiro que
isso dá a quem o patrocina. Enfim, ao cabo, tudo é uma questão de grana.
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