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sexta-feira, 20 de março de 2015

Ordep leva seu som à festa “Água de Meninos”

Festa 'Água de Meninos' começa hoje e prossegue em abril, maio e junho, no Centro Cultural Rio Verde (Divulgação)

“Água de Meninos chorou
Quem ficou foi a saudade
Da noiva dentro da moça
Vinda de Taperoá
Vestida de rendas,ô
Abre a roda pra passar.”

('Água de Meninos', de Capinam e Gilberto Gil)




Começa hoje, 20 de março, às 23h, com show de Ordep, a festa “Água de Meninos”,  um evento multicultural com apresentações musicais, teatrais e de dança e exposição de artes plásticas. O evento prossegue nos dias 9 de abril, 14 de maio e 11 de junho, sempre às 22h30, no Centro Cultural Rio Verde - Rua Belmiro Braga, 119, Pinheiros, tel: (11) 3459-5321, com ingressos a R$ 30.

Ordep é um músico e multiinstrumentista de Salvador, radicado em São Paulo desde 2006, que lançou recentemente seu primeiro disco solo, batizado com seu nome. Começou a aprender a tocar aos 11 anos, iniciando pelo bandolim. Integrou várias bandas da cena alternativa de Salvador, como Treblinka, Saci Tric, Cumbuca, Utopia e Orelha de Van Vogh.

Em 1998, foi um dos fundadores da banda Lampirônicos, de Salvador, uma das expoentes do que se convencionou chamar de afrobeat regional. Com a Lampirônicos, na qual tocava bateria, gravou dois CDs, “Que Luz é Essa” e “Toda Prece”.

O disco “Que Luz é Essa” projetou a banda mundialmente. A Lampirônicos concorreu na categoria “Revelação”, em 2002, ao prêmio Multishow de Música Brasileira. Participou de alguns festivais no exterior, como o Brazilian Summer, em Londres; Sfinks Festival, na Bélgica; o Festival Afro-Brasil, em Tübingen (Alemanha), e o Montreaux Jazz Festival, na Suíça.
Ordep : diversidade cultural e religiosa 

Depois da dissolução da Lampirônicos, Ordep atuou como instrumentista, tendo tocado com Elza Soares, Davi Moraes, Lucas Santana, Luiz Melodia, Baby do Brasil, entre outros. Juntou-se ao cantor e compositor Kiko Zambianchi, com quem excursionou pelo país. Atualmente, também integra e equipe da produtora musical Comando S.

O seu primeiro trabalho solo traz influências regionais e africanas, pitadas de punk rock, de música latina e de sonoridades afrobrasileiras, com um som mais pesado e muita guitarra e eletrônica. O álbum tem 12 faixas e conta com a participação de Kiko Zambianchi, Artur Ribeiro e dos rappers Rodrigo Tuchê e TiagoRedniggaz.

A festa “Água de Meninos” terá quatro horas de duração e participação especial de Serginho Rezende (instrumentista, compositor e produtor musical), dos rappers Rodrigo Tuchê & Grupo Motim, do DJ Ian Nunes, performance do Azenha de Teatro - calcada na poesia concreta e no teatro do absurdo - e o humorista Márcio Reiff como mestre de cerimônia.


Ordep canta e toca guitarra no show de hoje e estará acompanhado de Anderson Costa (bateria, backing vocal e programações), Adson Gaspar (contrabaixo) e RaphaelCoelho (percussão).



A maior feira ao ar livre do Brasil



O nome do show é uma referência à maior feira ao ar livre do país e que hoje se chama São Joaquim, em Salvador; muito conhecida por vender produtos de candomblé. “O espetáculo é também uma festa, uma manifestação artística, tendo meu show como atração principal, onde recebo convidados das mais diversas expressões”, comenta Ordep. “O cenário também reflete um pouco dessa diversidade cultural e religiosa do Brasil para receber com reverência um pouco da arte feita no Brasil”, finaliza.

Feira Água de Meninos na visão de Carybé

A Água de Meninos, a maior feira ao ar livre de Salvador, que existia desde os anos 30, foi incendiada em 1964, em circunstâncias nunca esclarecidas, mas, conforme depoimentos colhidos por Fabíola Aquino para o documentário “Água de Meninos – Feira do Cinema Novo”, de 2012, há suspeitas de ter sido obra da recém-instalada ditadura militar.

Além da letra de Capinam, musicada e cantada por Gilberto Gil em seu segundo LP, “Louvação”, o local foi cenário e tema de diversos filmes e documentários. Um dos filmes mais importantes tem a feira como palco para retratar as condições de vida de Salvador nos anos 60. “A Grande Feira” - foi dirigido pelo cinema-novista Roberto Pires em 1962, com produção executiva de Glauber Rocha.

Assista ao filme “A Grande Feira”, de Roberto Pires (1962)



Sobre a feira escreveu Vitor, no “Obvious”: “Água de Meninos era uma feira que reunia toda a produção do Recôncavo Baiano, que chegava a Salvador em pequenas embarcações, como saveiros; era um local habitado não só pelo comércio, mas pela vida cultural, pelo sincretismo e pela naturalidade das relações humanas. Ao lado da feira existia, por exemplo, o famoso areal que inspirou aquele de Jorge Amado e seus Capitães da Areia. Muitos anos antes, o local foi palco dos últimos minutos da Revolta Malé, a mais importante rebelião de escravos no Brasil. E dentro da feira, nada mais que o essencial para se entender o que é o espaço inconsciente do baiano, seja por aquilo que era vendido, seja pela forma como se vendia, seja pelos cantadores e cordelistas que rodeavam o local: confluência de vida em cultura e de cultura em vida.”

Confira um vídeo de Ordep – “Crer pra Ver”




Clique aqui para acessar o site oficial do artista

Ouça aqui o CD "Ordep" no Deezer



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