O Barquinho Cultural

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terça-feira, 3 de março de 2015

Jornalismo cultural em tempos de internet: como sobreviver?

O passado e o futuro da cobertura
Que o jornalismo tradicional – aquele de papel impresso e transmitido pelas ondas do rádio e da TV – está em crise com o surgimento da internet não é novidade para ninguém. Porém, além das discussões sobre como sobreviver nessa nova realidade, por meio da captação de anúncios, que tem a ver, óbvio, com audiência, o conteúdo do que se faz nos “velhos” meios também dá bastante pano para manga.

O “nariz de cera” (proposital) acima é para introduzir, sem o risco de parecer publicidade (rs), uma nota sobre o lançamento do livro do jornalista e professor Franthiesco Ballerini, “Jornalismo Cultural no Século 21”,  que traz ainda como subtítulo “A história, as novas plataformas, o ensino e as tendências na prática”, lançado pela Summus Editorial.

Conforme Ballerini, a obra pretende preencher uma lacuna sobre o assunto, por haver pouca literatura que trate da prática do jornalismo cultural. Para isso, o autor entrevistou cerca de 50 profissionais da área, de vários e variados veículos de comunicação, para traçar um panorama do tema, com uma abordagem histórica e uma projeção para o futuro.

A internet, diz Ballerini, modificou fortemente a prática do jornalismo cultural. Hoje, aqueles extensos cadernos culturais, textos quilométricos, produzidos com tempo e redigidos com profundidade, ficaram na história. O jornalista não tem mais tempo, o espaço é artigo caro e disputado e o leitor também mudou.

O autor diz, em entrevista ao Blog por Bloga, que os profissionais com os quais conversou foram unânimes em apontar uma fase de transição entre esses dois mundos: “Transição no sentido da sustentabilidade dos tradicionais grupos de mídia e também de uma nova prática de jornalistas culturais em trabalhar, servir e usar multiplataformas, com uso de áudio, vídeo, imagem, não só palavras”.

Ao lado da questão da sustentação econômica dos veículos tradicionais, o trabalho não poderia deixar de refletir sobre o jornalismo que se pratica nas novas plataformas. “Elas [essas novas plataformas] também colocaram os grupos tradicionais em crise e abriram uma represa para um oceano de blogs e portais que nem sempre usam critérios jornalísticos na difusão de ‘notícias’, fazendo com que o filtro do leitor fique mais difícil”. Ou seja, a questão é os meios tradicionais encontrarem um modo de sobrevivência nesse universo e os novos formatos conquistarem credibilidade, não apenas audiência.

O livro trata também dos novos  temas cobertos pela editoria - como games, gastronomia e moda - e da questão do ensino do jornalismo cultural e traz um ensaio sobre as inter-relações entre consumo e cultura. Nesse aspecto, a reflexão de Ballerini é a respeito da necessidade de formar profissionais que, ao lado de escrever com propriedade e qualidade, saibam identificar manifestações culturais fora do esquema industrial que também têm relevância.

E dá umas dicas a quem pretenda se aventurar pela área: “Tem que ler e assistir coisas de qualidade, não perder tempo com bobagem, refinar o olhar, visitar museus, ler e estudar outras áreas, pois um jornalista cultural precisa entender de política, economia, guerra etc., especializar-se, pois falta gente boa no mercado”.


'Falta gente boa' (foto: AIC)
Sobre o autor: Franthiesco Ballerini foi repórter e crítico do Grupo Estado por sete anos. Mestre em Comunicação Social, foi colaborador de revistas como “Bravo!”, “Contigo”, “Quem”, e colunista cultural do jornal “O Vale”, da Rádio Eldorado e da TV Gazeta. É autor de Diário de Bollywood – Curiosidades e segredos da maior indústria de cinema do mundo (Summus, 2009) e de Cinema brasileiro no século 21 (Summus, 2012). Atualmente, é coordenador geral da Academia Internacional de Cinema, professor de Comunicação e Audiovisual de instituições como Faap, UMC e  Faculdades Integradas Rio Branco e colaborador da revista “Cult”.


Lançamento: O livro será lançado nesta quarta-feira, 4 de março, das 18h30 às 21h30, na livraria Martins Fontes (avenida Paulista, 509, São Paulo – próxima à estação Brigadeiro do Metrô). Tem 224 páginas e custa R$ 69,20 (papel) ou R$ 43,90 (e-book)

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