LP teve 9 de suas 16 faixas proibidas ainda na pré-produção |
1967. Da Inglaterra, os Beatles sacudiram o mundo e causaram
perplexidade com o lançamento do álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.
Na Bolívia, o revolucionário argentino-cubano Ernesto “Che” Guevara é executado
por ordem dos serviços secretos norte-americanos. O colombiano Gabriel García
Márquez chegava ao paroxismo do “realismo mágico” com seu “Cem Anos de Solidão”.
O médico sul-africano Christian Barnard realiza o primeiro transplante de
coração do mundo. Em São Francisco, começam a pipocar os “hippies”.
No Brasil, o 3º Festival de Música Popular Brasileira fazia
o público conhecer o rompimento estético e a antropofagia de Caetano e Gil, com
“Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”, respectivamente, ao lado da
metafórica “Roda Viva”, de Chico, e a vencedora, a guerreira “Ponteio”, de Edu
Lobo e Capinam.
No teatro, o grupo Oficina resgatava um velho texto do modernista
Oswald de Andrade, “O Rei da Vela”, e fazia uma montagem alucinante. Glauber Rocha
botava nas telas “Terra em Transe”, desafiando o regime militar, que publicara,
poucos meses antes, uma Constituição que engessaria muito mais as liberdades no
país.
Nesse cenário de muitas novidades, mudanças comportamentais impondo-se,
e ainda um clima muito pesado no Brasil, uns garotos do bairro de Pompeia, na
zona oeste da capital paulista, resolvem se juntar para tocar rock and roll. Oswaldo
e Celso Vecchione e amigos de escola criam o Made in Brazil.
Mais que uma banda, um coletivo (conceito que hoje em dia faz
muito sentido), uma vez que, segundo os pioneiros criadores, já teve mais de 190
formações diferentes e, por ela, tocaram mais de 110 músicos. E, conforme eles
próprios, passou por todos os modismos ditados pelo mercado sem nunca se vergar
a ele e sem se afastar do rock.
O performático Cornélius Lúcifer (foto: Flavia Lobo) |
Grupo se orgulha de se manter rock e não se vergar ao mercado |
Em 1977, são surpreendidos com a censura ao disco que
estavam gravando, “Massacre”, o terceiro da carreira. Conta a banda que, ainda nas gravações de
pré-produção do estúdio B da RCA Victor, a censura do regime militar proibia nove
de suas dezesseis faixas. As gravações são suspensas e o disco não saiu.
O show baseado nas músicas do disco também teve problemas.
Na estreia, no Teatro Aquarius, no bairro do Bixiga, a polícia federal e o Dops
– o Departamento de Ordem Política e Social, a polícia política do regime -,
fecharam a rua e interditaram o teatro, confiscaram o equipamento da banda e ela
só conseguiu realizar as apresentações depois de fazer várias alterações no
roteiro e no repertório, inclusive o tanque de guerra, símbolo do disco, foi suprimido.
Em sua declarada 196ª formação, banda de rock com mais tempo de atividade no país |
O disco só seria lançado, em CD, em 2005, após serem localizadas
as fitas originais de 1977. Mas a versão original, em vinil, foi produzida no
final do ano passado e será lançada oficialmente neste sábado, 7 de março, com
um show-festa no Gillan´s Inn Rock Bar - Rua Marques de Itu, 284, Vila Buarque.
O Made fará duas entradas de 50 minutos, a primeira às 23h, com ingressos a R$
30.
O vinil “Massacre”, produzido pela Mafer Records, tem
tiragem limitada de 300 cópias, ou seja, para colecionadores e fãs. Depois de
quase ser morto pelo CD e este pelo MP3, o vinil retorna aos toca-discos, em
edições caprichadas em com uma qualidade bem superior, com 180 gramas de peso.
O preço, porém, é ainda bem salgado, pela escala reduzida de produção.
Além do lançamento do "Massacre" original, ainda no
primeiro semestre será lançado o documentário "Made in Brazil, o Filme",
do cineasta paranaense Egler Cordeiro. E
a banda, agora em sua 196ª formação, segue em turnês, consolidando-se como o
grupo de rock & blues com mais tempo de atividade do Brasil.
Os participantes da gravação original foram:
Vocal: Percy Weiss, Roberto Gourgel “Juba”, Rubens Nardo “Rubão” e Oswaldo “Rock” Vecchione
Baixo & violão: Oswaldo “Rock” Vecchione, Tony Babalu
Guitarras: Tony Babalu, Oswaldo “Rock” Vecchione, Celso “Kim” Vecchione
Guitarra solo: Eduardo Depose, Wander Taffo, Dudu Chermont
Bateria: Beto Gavioto, Franklin Paolillo, Roberto Gourgel “Juba”
Flauta - Tony Osanah
Teclados: Rubens Diniz “Rubinho”
No show, a formação é esta:
Oswaldo “Rock” Vecchione: vocal, baixo, guitarra, violão e gaita
Oswaldo “Rock” Vecchione: vocal, baixo, guitarra, violão e gaita
Celso “Kim” Vecchione: guitarra, violão, baixo, teclado e back vocals
Octavio Lopez Garcia “Bangla”: sax
Rick “Monstrinho” Vecchione: bateria
Guilherme “Ziggy” Mendonça: guitarra, violão
Tiago T. Fernandes, o “Mineiro”: teclados
Ivani “Janis” Venancio: backing vocals
Participações especiais
João Bosco Ferreira - bateria (1994,95)
Roberta “Rock’N’Roll” Abreu - backing vocals (desde 2009)
(Fonte das informações: assessoria de imprensa, site oficial, Oswaldo e algo da vida vivida)
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