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O Barquinho Cultural

domingo, 28 de junho de 2009
Cês tão pensando que ele é loki?

sexta-feira, 26 de junho de 2009
Dois mitos que se vão

Hoje morreram dois dos principais ícones de minha adolescência. Michael Jackson ainda tem outro significado, o de estar em meu processo de metropolização. Explico. Até os 9 anos de idade, eu vivi na região do ABC, onde nasci, e, naquela época, isso era quase interior. Não tinha conhecimento de nem acesso a símbolos da "civilização", como coca-cola, hambúrguer, trânsito, apartamento. Em 1970, com a mudança para o bairro do Ipiranga, na capital paulista, porque meu pai comprou uma loja, passei a conhecer esse universo. A loja de meu pai vendia artigos de papelaria e também discos e, assim, conheci o Jackson Five (foto, da AE), do qual a voz era o Michael, um piralho só 3 anos mais velho que eu. Não vou negar: adorava, e, sabe como são essas coisas, me sentia capaz de tornar-me também um ídolo, já que ele, tão pequeno quanto eu, o era. Essa fase do Michael é muito legal. Ele tão pequeno, cantando e dançando muito mais que seus irmãos grandões. Foi também por meio deles que tomei conhecimento da música black (era um termo genérico para música feita por negros, geralmente da gravadora americana Motown) - Tim Maia eu só viria a conhecer bem depois, em 1975. Depois, voltamos para Santo André, a loja foi passada para a frente, e a carreira do Michael e dos Jacksons só acompanhava esporadicamente, se via na TV ou ouvia no rádio. Até que em 1979, aos meus 18 anos, ele aparece com Off The Wall e a canção Don't Stop 'til You Get Enough, uma roupagem diferente para o soul, e fora o figurino, copiado à exaustão por dez entre dez negros nas danceterias. E em 1982 Thriller arrebentou. Aí só dava ele. Eu nunca comprei um disco dele. Na loja de meu pai tinham uns compactos de Ben, I'll Be There e outros que trouxemos para casa quando ela foi vendida e cujo destino não sei. E recentemente baixei uma coletânea na internet, mas ouço pouco. Isso porque não fui necessariamente um fã da fase adulta dele, mas veja que é um cara que fez um estrondoso barulho em uma fase de minha vida que a gente cultiva mitos, e certamente o sucesso que ele fazia mexia com a nossa imaginação. E ver o cara ir embora assim, depois de tudo que se falou sobre ele, de tudo que aconteceu com seu corpo, derruba um pouco o mito, que é tão normal e cheio de defeitos como qualquer outro.

Agora, falar em imaginário, a atriz Farrah Fawcett, que também morreu hoje, essa povoava a minha mente, na época de meus 14, 15 anos, de maneira diferente. Uma das integrantes do trio do seriado As Panteras, Farraw era a loira, olhos azuis, cabelão armado... Nem era minha pantera preferida, eu gostava mais da Kate Jackson, à da direita aí na foto da Reuters. Mas é claro que a loira mexia com minha cabecinha púbere. O seriado era muito chato, como todas as séries daquela época (exceto a do Kung fu, que, por sinal, o ator principal morreu também recentemente): muita marmelada, enredos cheios de buracos, efeitos especiais risíveis. Mas ver as três beldades em situações de perigo, se safando às vezes no minuto final, instigava a imaginação, porque a gente se colocava na cena e ficava querendo ajudá-las, ao mesmo tempo que queria estar em perigo para ser socorrido por elas. Enfim vão-se dois ícones de minha adolescência, e isso me preocupa, porque daqui a pouco vou ficar sem ídolos. Mas será que ainda preciso de um?
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Teatro e chope com a blogstar
Fim de semana legal. Vou começar pelo final. Fomos ver sábado a peça O Sétimo Selo, baseado na obra-prima de Ingmar Bergman, pelo Teatro Singular, grupo do qual Isabela minha filha faz parte, com direção de Marcelo Gianini. A montagem trouxe o enredo para os anos 80 do século XX (no filme e peça originais, se passa no século XIV, época das Cruzadas) e a peste do filme é substituída pela aids, troca oportuna, a se lembrar que a doença foi estigmatizada na época como peste gay. A trilha sonora é constituída em sua maioria de canções de Cazuza, a primeira figura pública a expor a doença no país. O jovem grupo mostrou maturidade na montagem, que apresentou ritmo correto e elementos cênicos bem adequados. Falar mais pode parecer que estou lambendo demais a cria, mas posso garantir que o grupo, que há tantos anos acompanho, cresceu e es
tá aparecendo.

Na sexta-feira, estivemos no encontro dos leitores do site Homem É Tudo Palhaço (link aí do lado direito; foto à esq.) com uma de suas criadoras, a carioca Roberta Carvalho, em um bar na Vila Madalena, em São Paulo. Ela promove encontros desses no Rio toda primeira quinta-feira do mês. Aqui em Sampa foi o primeiro. O site, para quem não conhece, foi criado há mais de sete anos por Roberta e outras três amigas para descrever as palhaçadas que os rapazes cometem com as mulheres. Tudo com muito bom humor e sem dedurar ninguém. Ao que sei, o sítio ganhou várias admiradoras - e também admiradores, aos quais me incluo - e foi tema de algumas reportagens de jornais e até na televisão. Roberta é uma jornalista e pesquisadora de cultura popular que se comunica facilmente e o encontro foi bem concorrido.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Nascida para cantar


quinta-feira, 4 de junho de 2009
A volta dos bons e velhos LPs

Muitos artistas têm lançado seus discos também em vinil. Em algumas lojas, é comum encontrar uma seção com as bolachonas - a preços exorbitantes, registre-se. Numa dela, vi o Yellow Submarine, dos Beatles, a mais de R$ 120! Eu acho, porém, ótima a redescoberta do vinil. E principalmente porque os lançamentos são em 180 gramas, o que dá uma densidade de som bem melhor.
Geralmente o vinil comum já tem uma profundidade maior que os CDs. Mesmo em um aparelho simples como o meu, já dá para perceber. Os graves são bem mais musculosos, dá para sentir as paredes tremendo.
Não sei por que se dá tanto valor aos agudos. É incrível, mas eu gosto dos sons bem equilibrados, para sentir o timbre perfeito de cada instrumento. Se se privilegia um timbre mais que os outros, fica um som artificial. E é essa a maior queixa que se tem contra o som dos CDs. Claro que o disquinho a laser tem suas vantagens. Por exemplo, não tem chiados, não precisa virar, cabem muito mais músicas (e agora com mp3 então dá para pôr a discografia de um artista inteira), ocupa menos espaço...
Mas o vinil tem um charme especial. Sei lá, deve ser porque cresci com eles, então a gente cria mesmo uma relação com as coisas de nossa infância. Os discos de vinil requerem um ritual todo especial, pelo menos eu sou assim: tirar o envelope plástico, que eu sempre deixei para conservar a capa; olhar atentamente as fotos da capa, ou desenhos, ler tudo que está escrito nela, aí tirar o outro envelope plástico com o disco e pegá-lo cuidadosamente, evitando meter os dedos, pegando pela borda; olhar os nomes das músicas, os compositores, o tempo de duração da canção, e outras informações que houver; ligar o toca-discos, pôr o disco com carinho no prato, descer bem devagar a tampa do aparelho e ligar o automático; ver o braço subir verticalmente, caminhar até o início da primeira faixa, descer e aí ouvir aquele barulhinho de coisa sendo delicadamente riscada que eu adoro. Depois começa a sair a música das caixas.
Eu sempre gostei de ouvir a música sentado no chão, em frente às caixas acústicas, para perceber detalhadamente cada instrumento, a voz, as pausas (quando o barulhinho aparece de novo). Se houver encarte com as letras, acompanho, para não perder uma palavra. Vejo quem toca o quê (desde que haja a informação, é claro), procuro me lembrar onde vi aquele nome novamente, que outras músicas ele tocou e de quais participou, aí vou formando minha memória musical. Já quis ser mais metódico nisso, fazer anotações, para ter um catálogo, algo assim. Mas sempre esqueço, tenho preguiça, deixo para depois e nunca fiz. Tudo fica no que a memória registra.
Eu não me desfiz de meus discos de vinil quando comprei meu primeiro aparelho de som com toca-CD. Não, fui à Santa Ifigênia (rua no centro de São Paulo com lojas só de eletroeletrônicos e suprimentos de informática) e procurei uma pick-up (não o carro, mas é como a gente também chamava os toca-discos antes). Achei uma por um bom preço (porque havia diversas para DJs profissionais muito, mas muito caras mesmo) e levei.
Em seguida, como estava no centro mesmo, fui à Discomania, na rua Augusta, procurar uns discos usados. Acabei trazendo, se não me engano, um da Grace Jones, um do Muddy Waters e outro da Nara Leão. Bem baratos e conservados. Talvez agora, com esse revival, possam estar bem mais caros. Qualquer dia passo lá e verifico.
Mas também quero comprar um desses novos vinis para ver se o som é mais bojudo mesmo. Como são caros, terei de escolher bem. E ainda tem o problema da conservação; precisarei rever o local onde deixo meus cento e poucos (apenas) discos. Eles ficam meio inclinados, o que não é recomendável, porque podem empenar. Um dia, quem sabe, criarei coragem e limparei um por um, porque estão meio esquecidos, já que quase nunca os ouço.
Gosto de tê-los, mas quando quero ouvir música pego um CD, ou ouço as que tenho gravadas no computador, ou no iPod. E eu ainda tenho muitas fitas K7 gravadas, do tempo em que CD era caro e então alugava na locadora de videocassete no centro de Santo André e gravava em casa, o que fazia também com empréstimos de amigos e programas de rádio. Essas fitas estão sofríveis, péssima qualidade de som, mas de vez em quando ouço alguma para matar a saudade.
Isso me faz lembrar os discos de 45 e 78 rotações que meu pai tinha. Eram a maioria de músicas instrumentais, de bandas marciais e de igreja, uma vez que ele tocava bombardino (ou baixo tuba) na banda da sua igreja. Ele colocava os discos na horizontal no guarda-roupas, e uma vez eu sentei-me em cima. Resultado: vários discos quebrados e uma bronca que felizmente esqueci como foi.
Hoje temos muitas opções para ouvir música, e até mesmo sem necessidade de pagar por elas, o que provoca muita polêmica. Não se sabe o futuro das mídias e formatos de se produzir e ouvir música, mas com certeza ela sempre haverá, mas, pela facilidade que há para se fazer canções hoje, o filtro terá de ser bem mais forte.
Geralmente o vinil comum já tem uma profundidade maior que os CDs. Mesmo em um aparelho simples como o meu, já dá para perceber. Os graves são bem mais musculosos, dá para sentir as paredes tremendo.
Não sei por que se dá tanto valor aos agudos. É incrível, mas eu gosto dos sons bem equilibrados, para sentir o timbre perfeito de cada instrumento. Se se privilegia um timbre mais que os outros, fica um som artificial. E é essa a maior queixa que se tem contra o som dos CDs. Claro que o disquinho a laser tem suas vantagens. Por exemplo, não tem chiados, não precisa virar, cabem muito mais músicas (e agora com mp3 então dá para pôr a discografia de um artista inteira), ocupa menos espaço...
Mas o vinil tem um charme especial. Sei lá, deve ser porque cresci com eles, então a gente cria mesmo uma relação com as coisas de nossa infância. Os discos de vinil requerem um ritual todo especial, pelo menos eu sou assim: tirar o envelope plástico, que eu sempre deixei para conservar a capa; olhar atentamente as fotos da capa, ou desenhos, ler tudo que está escrito nela, aí tirar o outro envelope plástico com o disco e pegá-lo cuidadosamente, evitando meter os dedos, pegando pela borda; olhar os nomes das músicas, os compositores, o tempo de duração da canção, e outras informações que houver; ligar o toca-discos, pôr o disco com carinho no prato, descer bem devagar a tampa do aparelho e ligar o automático; ver o braço subir verticalmente, caminhar até o início da primeira faixa, descer e aí ouvir aquele barulhinho de coisa sendo delicadamente riscada que eu adoro. Depois começa a sair a música das caixas.
Eu sempre gostei de ouvir a música sentado no chão, em frente às caixas acústicas, para perceber detalhadamente cada instrumento, a voz, as pausas (quando o barulhinho aparece de novo). Se houver encarte com as letras, acompanho, para não perder uma palavra. Vejo quem toca o quê (desde que haja a informação, é claro), procuro me lembrar onde vi aquele nome novamente, que outras músicas ele tocou e de quais participou, aí vou formando minha memória musical. Já quis ser mais metódico nisso, fazer anotações, para ter um catálogo, algo assim. Mas sempre esqueço, tenho preguiça, deixo para depois e nunca fiz. Tudo fica no que a memória registra.
Eu não me desfiz de meus discos de vinil quando comprei meu primeiro aparelho de som com toca-CD. Não, fui à Santa Ifigênia (rua no centro de São Paulo com lojas só de eletroeletrônicos e suprimentos de informática) e procurei uma pick-up (não o carro, mas é como a gente também chamava os toca-discos antes). Achei uma por um bom preço (porque havia diversas para DJs profissionais muito, mas muito caras mesmo) e levei.
Em seguida, como estava no centro mesmo, fui à Discomania, na rua Augusta, procurar uns discos usados. Acabei trazendo, se não me engano, um da Grace Jones, um do Muddy Waters e outro da Nara Leão. Bem baratos e conservados. Talvez agora, com esse revival, possam estar bem mais caros. Qualquer dia passo lá e verifico.
Mas também quero comprar um desses novos vinis para ver se o som é mais bojudo mesmo. Como são caros, terei de escolher bem. E ainda tem o problema da conservação; precisarei rever o local onde deixo meus cento e poucos (apenas) discos. Eles ficam meio inclinados, o que não é recomendável, porque podem empenar. Um dia, quem sabe, criarei coragem e limparei um por um, porque estão meio esquecidos, já que quase nunca os ouço.
Gosto de tê-los, mas quando quero ouvir música pego um CD, ou ouço as que tenho gravadas no computador, ou no iPod. E eu ainda tenho muitas fitas K7 gravadas, do tempo em que CD era caro e então alugava na locadora de videocassete no centro de Santo André e gravava em casa, o que fazia também com empréstimos de amigos e programas de rádio. Essas fitas estão sofríveis, péssima qualidade de som, mas de vez em quando ouço alguma para matar a saudade.
Isso me faz lembrar os discos de 45 e 78 rotações que meu pai tinha. Eram a maioria de músicas instrumentais, de bandas marciais e de igreja, uma vez que ele tocava bombardino (ou baixo tuba) na banda da sua igreja. Ele colocava os discos na horizontal no guarda-roupas, e uma vez eu sentei-me em cima. Resultado: vários discos quebrados e uma bronca que felizmente esqueci como foi.
Hoje temos muitas opções para ouvir música, e até mesmo sem necessidade de pagar por elas, o que provoca muita polêmica. Não se sabe o futuro das mídias e formatos de se produzir e ouvir música, mas com certeza ela sempre haverá, mas, pela facilidade que há para se fazer canções hoje, o filtro terá de ser bem mais forte.
terça-feira, 2 de junho de 2009
Que Rei sou eu?

Leio na Mônica Bergamo, colunista da Folha de S. Paulo, que o Roberto Carlos reclamou à direção da Globo a exclusão de algumas das cantoras que o homenagearam em show em São Paulo no último dia 26 do especial que a emissora exibiu editado nesta sexta-feira. Não foram mostrados os números de Marina Lima, Adriana Calcanhotto, Paula Toller, Mart'nália, Rosemary e Celine Imbert. Humilde, o Rei sugeriu que sua participação fosse reduzida no programa para caber as divas. Ao que o diretor Mariozinha Meirelles respondeu que foram usados "critérios artísticos" na edição. Bem, se a Ivete Sangalo tivesse aparecido uma vez no lugar das duas às quais foi contemplada, já haveria espaço para mais uma cantora. Aliás, qual foi o critério artístico sacado para tal decisão? Ivete rende mais ibope? Deve ser. Segundo a coluna, as cantoras também não gostaram das omissões, e a empresária de uma (não é identificada) reclama que só as "globais" apareceram, apontando Ivete e Sandy, "que foi queridinha da Globo durante muito tempo". Bem, a verdade é que a Globo faz o que quer, não é obrigada a atender a nenhum interesse, a não ser aqueles que lhe convêm. Mas o estranho é o próprio Rei se incomodar com isso, o que demonstra que algo aí não saiu bem.
Air France 447
Já comentei outras vezes aqui de meu temor com a quantidade de acidentes aéreos que tem havido. E agora mais este, com uma aeronave considerada a mais moderna e bem equipada que há. São 228 vidas que se vão, provavelmente seus corpos jamais serão resgatados, bem como os restos do avião. O que motivou a queda? Por enquanto, há hipóteses, certezas não sei se teremos. O certo é que a cada episódio desses eu fico mais temeroso de viajar por esse meio de transporte. Não adianta me dizerem que, estatisticamente, ele é o mais seguro, porque o problema é você estar na exceção, como esses 228 que embarcaram num avião, o Airbus A330, sem histórico de acidentes graves. Afora isso, só temos que lamentar essa tragédia e rezar (ou orar, conforme a crença) por essas almas.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Vampiros, tambores e reis
Fim de semana chuvoso em São Paulo. E mais ainda em São Bernardo. Na sexta-feira, fui ao Teatro das Artes, no shopping Eldorado, comprar ingresso para o show de Bruna Caram, uma pré-estreia de seu novo disco, Feriado Pessoal. Será dia 10 de junho, uma quarta, véspera de feriado. Em casa, assisti ao primeiro DVD da minissérie Agosto, baseada em livro de Rubem Fonseca. Quando passou na TV gostei muito, pois gosto de obras policiais. Na juventude, era leitor voraz de livros de bolso de espionagem e policiais. E desde sempre adorei ouvir Gil Gomes no rádio. Cheguei a pensar em fazer meu mestrado sobre esse programa, que está até hoje no ar. Histórias policiais, de espionagem, suspense, terror, mistério, adoro. Acho que é por isso que não criei um hábito de ler poesias. A prosa sempre me cativou mais. Não sei explicar por quê. E, afinal, nem tudo tem que ser explicado, não é? No sábado, decidimos, eu e Ilana, continuar quietinhos em casa, vendo DVD e fazendo comidinhas gostosas. Peguei-a na rodoviária do Tietê às 7h e fomos direto para Santo André, para compras no supermercado. Finalizamos os suprimentos na padaria que fica em frente ao conjunto habitacional em que moro, e finalmente chegamos em casa. Foi um sábado diferente dos últimos que tenho tido, sem rua, sem viagens, sem conhecer nada novo. Apenas os filmes que assistimos: Crepúsculo e O Tambor. O primeiro, uma estória de vampiros moderninha, está muito bem cotado por aí, ganhou 5 prêmios do MTV Movie Awards ontem. A fotografia é muito boa, assim como as locações, aparentemente no Estado de Washington. O filme é baseado em livro de mesmo nome que está causando furor no mundo. Leio que já foram vendidos 5 milhões de exemplares em todo o globo. Bem, não entendo por que, uma vez que a história é velha, apenas "adolescentizada", ambientada em um colégio americano, com teens nos papéis principais. De resto, tudo que se pode esperar de um filme desse gênero. Quanto ao segundo, também baseado em um romance de mesmo nome, tem uma proposta um pouco mais séria, que é discutir a sociedade alemã dos anos 20 a 40 e o florescimento do nacional-socialismo ali. É uma crítica mordaz à dita burguesia e seus valores, no olhar de um menino que se recusa a crescer ao perceber tanta iniquidade ao seu redor. É um filme muito interessante, que mescla tragédia e comédia em doses equilibradas. Este filme me foi emprestado há tempos por uma tia de minha filha e estava para o ver, o que fiz, creio, em hora bem adequada.
E o fim de semana foi assim. Filmes, pipoca, hot dog, salmão ao molho de maracujá com arroz de brócolis, cocada, cerveja, vitamina, guaraná. Uma passada rápida de olhos nos jornais, recolher o lixo, a cama do quarto da filha que quebrou. Vida doméstica. Fazia tempos que não vivia isso. E o mais incrível: um fim de semana inteiro sem internet (apenas uma conectada rápida para ver a receita do peixe). É possível, sim. Agora, se fosse depender apenas da TV para me divertir, ia sofrer. Nem vale a pena comentar as "atrações" que procuram nos cooptar aos sábados e domingos. Basta dizer que valeu mais a pena dormir ou ouvir uma música. Falar em música, acabei de ouvir uma coleção de mais de 180 músicas do Chico Buarque que meu colega de trabalho Beto me cedeu. Foram três ou quatro dias ouvindo, ao ir para a agência e voltar dela. Puro prazer. Cada canção traz a lembrança de uma época, uma ocasião, às vezes uma pessoa, uma história vivida. É incrível como o compositor sabe transformar em letras sentimentos e sensações que são tão caros à gente. É impressionante como ele lida com temas de alta complexidade com uma simplicidade desconcertante. A minha preferida, de sempre, é Construção, mas Roda Viva também me cativa e, se for lembrando, daqui a pouco vou acabar elencando toda sua obra. Mas essas duas dão a dimensão de seu pensar, de sua poética e de seu modo de fazer canções. Chico é um músico que não mudou, não serviu ao clima de então, não desbundou nem destoou. Está há 40 anos fazendo o que quer e deixando uma grande parcela de seu repertório na galeria das canções eternas. Tenho o Carioca, seu último CD, e confesso que só o ouvi uma vez, e nem apreendi nada dele, a não ser que me parece uma obra despreocupada, relaxada, mais interessado em contemplar o horizonte ao seu redor que meter uma lente de aumento em seus olhos e enxergar algo além. Não sei. Vou ouvir novamente e prestar mais atenção. De repente algo se revela.
Não podia deixar de falar de Roberto. A apresentação do show Elas cantam Roberto, gravação do espetáculo levado ao palco do Teatro Municipal de São Paulo terça-feira, exibida pela Globo neste domingo, não me agradou totalmente. Além das imperdoáveis ausências de Maria Bethânia e Gal Costa, julgo ter havido rasgação de seda demais e um glamour chato, com as ditas divas exibindo modelos feitos talvez para a ocasião. Entraram as poderosas do momento, caso das baianas axezentas Cláudia Leitte e Ivete Sangalo, além da Daniela Mercury, mas essa está em outro patamar. Já quer era pra botar as topo das paradas, deveriam chamar a Joelma, do Calypso. Ah, mas esta não se apresenta sem o Chimbinho, deve ser. Não é o caso de Sandy, que já botou seu mano na cozinha dos Nove Mil Anjos e pode seguir solo. Maríla Pêra e Nana Caymmi, claro, arrasaram, e gostei de estarem lá Wanderlea (imperdoável se não estivesse) e Rosemary, esta deslumbrante. Hebe eu achei esquisito, mas me parece que a proposta do show era mesmo esta: reunir 20 cantoras de diversas épocas, para abraçar um tiquinho da longa carreira de 50 anos do Rei. Eu asseguro uma coisa: eu vou no show dele, ou em São Paulo ou no Rio. Será a primeira vez que verei um espetáculo ao vivo desse cantor que eu curtia muito na minha infância e que gostei até o disco de 1971 - o que tem Detalhes. Depois, ouvia, até porque, como vendia discos na loja de meu pai no Ipiranga, era um dever de ofício, já que o cara era um dos que mais vendiam LPs na época (os outros campeões de venda no começo dos anos 70 eram Martinho da Vila e Clara Nunes). Vou porque ele é, afinal, nosso Rei, influenciou quase todo mundo (se não influenciou, ao menos quase todo mundo o ouviu). E, bem, se Bethânia e até Marisa Monte gravam músicas dele, não podemos desprezar. Eu vou. Podem esperar o post.
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